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IGREJA CATÓLICA UNA??? – ARTIGO ESCRITO PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANA

Paramentos Litúrgicos
Como fiéis da Igreja aprendemos desde cedo que a Igreja Católica, é santa, una, apostólica e romana. Não temos dúvida quanto a três destas características. A Igreja é Santa, pois Santo é o Senhor, e santificados são todos aqueles que seguem e imitam a Jesus, nosso único Salvador.
 
Apostólica, pois recebemos a fé e os ensinamentos dos apóstolos que foram batizados no Espírito Santo em Pentecostes, são cheios da graça do Espírito, e assim de séculos em séculos nos transmitiram a verdadeira fé.
 
Romanos, pois a sede de nossa Igreja é Roma, onde está o Bispo maior, Pedro, o Papa Francisco por sequência.
 
Mas o una, como definir una? Una nos remete a unidade, um só pastor, um só rito. A Igreja por séculos teve vários ritos de culto a Deus, o Romano, o Ambrosiano, o Bracarense, o Moçárabe, o Galicano, Bizantino, Copta e o Etíope. São muitos não é mesmo?

Porém desde o Concílio de Trento, em defesa da Fé contra as heresias Protestantes, chegou-se ao consenso de que o Rito a ser seguido e unificado pela Igreja Latina, ou seja, a Igreja Ocidental, seria o Romano. E assim foi por quase 500 anos em que a Missa de Pio V esteve sob vigor na Igreja Latina.

 
Com a realização do Concílio Vaticano II, Paulo VI, atendendo uma mudança proposta no próprio Concílio sobre as novas diretrizes da Liturgia, estabeleceu o “Novus Ordo” mas mesmo este “novo rito” obedece ao Rito Romano, ou seja, o que está estabelecido no Missal Romano.
 
A Sacrossantum Concilium, estabeleceu entre outras normas, que os seminaristas e leigos fossem educados, através de um estabelecimento de uma catequese. Mas a pressa de muitos sacerdotes em romper com o Concílio de Trento era tanta que as novas determinações foram entendidas, ao meu ver, como “carta branca” para que eles sacerdotes fizessem a liturgia ao seu modo. Assim inovações de todas as formas foram implantadas na Liturgia, e a Liturgia não era mais de Deus, a liturgia era do homem para o homem.
 
A Liturgia deveria ser a mesma; desde a cidade onde resido e a mesma celebrada em Roma, em Pequim, em Buenos Aires, Nova York, Cidade do Cabo, etc etc…. pois Católica quer dizer Universal, em toda a parte do mundo, Una que dizer um só, um só rito.
 
Mas não é assim que ocorre. Se de bairro para bairro, comunidade para comunidade, até de Missa para Missa dentro da mesma paróquia não é assim, onde então está a unidade??? Ela já não existe mais.
 
Eu, por exemplo, procuro ir a uma celebração que se aproxime mais do que eu entendo que é o correto, do que reflita melhor o que é o sacrifício, que tenha o mínimo possível de elementos que se aproximem do que seja uma Liturgia bem rezada, Lex orandi, lex credendi, e mesmo assim, ainda existem momentos que me deixam completamente desconfortável, pois ainda existem inovações que eu sei não fazem parte do que está no Missal, como, por exemplo, falar orações próprias do sacerdote, mas ainda assim é o mínimo suportável e não chega a invalidar o rito.

Mas é completamente insuportável para mim, assistir celebrações onde o mínimo não é observado, como a começar pela falta de zelo de certos sacerdotes pelas alfaias. Existem alguns com um desmazelo, colocam qualquer túnica branca ou até mesmo encardida, uma estola com bordados cujo gosto é questionável, altares que às vezes mais parecem um “bazar”, palmas, barulho estridente das bandas que ao que parecem querem mais promover um CD para louvores, danças ritmadas com passinhos ensaiados, orações que mais parecem um jogral, mãos que sobem a direção do céu como se estivessem recebendo um poder milagroso, orações individuais em voz alta, pessoas que acham que podem chegar a hora que querem e ainda assim ir à fila de comunhão e receber o Corpo de Cristo como se fosse um aperitivo, pois reforçam tanto a ideia de que o Sacrifício não é sacrifício e sim um ceia, que não tem a menor importância em recebê-Lo. Pessoas que se ajoelham e outras que se mantem firmes de pé, pois aprenderam que não se pode ajoelhar diante do sacrifício, outras que conversam na hora das proclamações, acham que é a hora perfeita para uma fofoca, outras aproveitam para tirar um cochilo, (e admito, há certas homilias, que prefiro mesmo tirar um cochilo a ouvir asneiras), e o que dizer da polêmica de cartazes com os dizeres, “ Desligue o celular”, “ Não receba a comunhão com roupas indecentes”? Se tivessem uma boa catequese precisaria disto?

Daí muitos de vocês já chegaram a conclusão de que não existe mais união, não estamos unidos, estamos sim destoados. Não sabemos mais como nos comportar diante do Sacrifício de Jesus, e não tentem me convencer de que é uma ceia, pois não é. Se um dia eu chegar a acreditar que de se trata de uma ceia, prefiro ser autentica e me converter ao protestantismo, pois lá ao menos são autênticos.

Não me digam para não me ajoelhar diante do Meu Senhor, pois é assim que se comporta aquele que acredita que está diante de seu Rei e Senhor, com reverência, Deus não é um igual para mim, Deus é maior, está acima.

 
Não tentem me convencer de que eu como leigo tenho o mesmo carisma que um sacerdote, pois eu como leigo não tenho o poder de transformar as substâncias do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Jesus. O sacerdote o tem, e infelizmente existem alguns que não acreditam mais neste poder, querem ser leigos, querem ser povo, não querem ser líderes, não entendem que personificam Cristo. Eu como assembleia, como leigo, tenho meu papel diante do sacrifício, mas com certeza não é o de oferecer o Sacrifício, e sim de receber as graças que Dele advém.
 
Não tentem me convencer de que falar em línguas é mais importante que levar a Palavra de Deus e a sua misericórdia a quem precisa, “ contudo, prefiro falar na Igreja cinco palavras com meu entendimento, para instruir os outros, a falar dez mil palavras em outra língua”. 1 Cor.14,19, ou seja, que valor tem falar em uma língua estranha se não serve para edificar a Igreja? Se não me entendem?
 
Bater palmas para quê? Para o sacrificado? Alguém em sã consciência bateria palmas para um sacrifício? Isso só prova que não entenderam nada do que é Liturgia.
 
Para que o barulho de uma banda na celebração? Não é uma festa, não é um encontro. É uma reunião de pessoas para celebrar a ressurreição, mas antes temos que lembrar, não existe ressurreição sem o sacrifício. O silêncio é necessário para que entremos em clima de oração. Músicas sacras são as que melhor nos conduz a este espírito, acalma a nossa alma, sedenta de escuta, escuta da voz de Deus, não da voz do cantor gospel.

Se for a celebração esperando uma ligação, é melhor ficar em casa, na celebração se espera entrega.

 
E para quem ir vestida como se fosse para a "balada", um pouco de decoro não faz mal a ninguém.
 
Não creio que a situação melhore, mas acredito que com uma boa reflexão, com uma boa instrução e catequese piedosa, as coisas tendem a melhorar. Não se importe com o outro, pense em você, comece a mudança em você. Se realmente alguma das coisas que citei acima fazem sentido para você, comece a colocar em prática, não faça as coisas porque a pessoa do lado faz, questione, discuta e argumente.. Siga sua consciência e aproveite as graças da celebração enquanto ainda pode.
 
Na esperança de ter mais uma vez ajudado, aguardo vocês no próximo artigo.
 
Mônica Romana é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais e colaboradora do portal Catolicismo Romano

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