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Cardeais se reúnem com o Papa Bento XVI para debater os escândalos de pedofilia

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Cerca de 150 cardeais do mundo inteiro fizeram uma reunião com o Papa Bento XVI no Vaticano para discutir a resposta que a Igreja deve dar aos casos de pedofilia que abalam o clero católico.

Os religiosos, foram convocados pelo pontífice para um "dia de reflexão e oração" com o objetivo de debater "a resposta da Igreja contra os abusos sexuais".

Trata-se da primeira reunião a um nível tão alto que se realiza após a explosão, no fim do ano passado, de um escândalo na Irlanda pela divulgação dos informes oficiais sobre os abusos sexuais a centenas de menores, cometidos por religiosos deste país e encobertos pelas autoridades eclesiásticas.

A primeira sessão do dia foi dedicada à liberdade religiosa no mundo, um tema atual, após o massacre de católicos dentro de uma igreja no Iraque e a condenação por "blasfêmia" de uma paquistanesa cristã, Asia Bibi, para quem o Papa pediu publicamente nesta semana sua libertação.

Ao introduzir o tema, o Papa lembrou que a liberdade religiosa enfrenta "o grande desafio do relativismo, que parece completar o conceito de liberdade, mas que na realidade corre o perigo de destruí-la, apresentando-se como uma verdadeira ditadura".

A onda de escândalos pelos abusos a menores começou primeiro na Irlanda e estendeu-se à Alemanha, Áustria, Itália, Holanda e Bélgica, além dos Estados Unidos e de vários países da América Latina.

Em maio, durante sua viagem a Portugal, Bento XVI reconheceu ante os jornalistas que o acompanhavam no voo papal que a maior perseguição que a instituição sofre não vem dos inimigos de "fora", mas sim de seus "próprios pecados", e reiterou que os culpados deverão responder "ante Deus e a justiça ordinária".

O escândalo, que pôs em xeque o prestígio da instituição milenar, gera reações diversas dentro da hierarquia da Igreja.

"Estou cansado de falar deste tema, estou até aqui", disse o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán apontando para a cabeça ao sair da sessão da manhã.

"Corresponde a uma avalanche jornalística", acrescentou o cardeal latino-americano, que é presidente emérito do Conselho Pontifício para a Saúde.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, adiantou que não se deve esperar tanto do encontro e que o objetivo do Papa é o de "escutar com atenção" as várias posições dos cardeais sobre o assunto.

A iniciativa do Papa suscita cepticismo entre as vítimas e seus familiares, que exigem das autoridades da Igreja católica que "escutem" e "convoquem" os juízes e policiais que foram responsáveis pelos casos.

Representantes da associação americana de vítimas SNAP, entre elas Joëlle Casteix, de 40 anos, viajaram à Roma para protestar contra a atitude da Igreja de minimizar o fenômeno.

Além da pedofilia, os cardeais falarão da constituição "Anglicanorum Coetubus", através da qual foi autorizada há um ano a entrada de centenas de anglicanos na Igreja católica.

No sábado, o Papa entregará o barrete vermelho e o anel de cardeal a 24 novos religiosos, entre eles o equatoriano Raúl Vela Chiriboga, arcebispo emérito de Quito, e o brasileiro Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida.

A cerimônia, entre as mais solenes da Igreja católica, será realizada na Basílica de São Pedro.

Com as novas designações, o número de cardeais com direito a voto em um eventual conclave pela morte do Papa chega a 121 membros.

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