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QUE TIPO DE CATÓLICO VOCÊ É? – ARTIGO ESCRITO PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO

Paramentos Litúrgicos
Este texto não se destina à critica de nenhuma pessoa; apenas faz parte de minhas reflexões pessoais. Meu intuito neste texto é tão somente chamar atenção para o perigo que a falta de unidade e uniformidade pode causar entre os fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana.
 
Recentemente, descobri com perplexidade alguns novos tipos de católicos e abaixo listarei alguns destes grupos e colocarei a minha opinião sobre e onde eu vejo que destoa da pratica regular da religião. Reforço que não sou detentora da verdade, mas já experimentei algumas formas de prática, e no fim, descobri que não era a forma mais correta de servir a Deus. Entendo que fé seja uma coisa muito pessoal, e cada um tem sua forma particular de vivenciá-la, mas a pratica da religião é coletiva, e como a Igreja manda,  “lex orandi, lex credendi”,  "a Lei da oração é a lei da crença". Ou seja, o que eu oro, o que eu profiro é o que eu creio.

Vamos começar pelos mais conhecidos:

Católico Espiritualista:  Neste grupo eu incorporo, os católicos que acham que não tem problema em ir às Missas aos domingos,  ter seus santos de devoção, comungar, e ao mesmo tempo ir à sessões de mesa branca, ser kardecista, ler horóscopo, fazer simpatias, tomar passe, fazer quiromancia, ou jogar  búzios, cartas e outros. Necromancia, consultar os espíritos, mesmo que seja para saber notícia de entes queridos, os que fazem sincretismo, acreditam nos santos e os identificam com deuses africanos e outros. Os que acreditam em vidas passadas, em carma, sorte e azar, entre muitos outros.

O que o fiel católico tem que ter bem claro é o seguinte: ressurreição é uma coisa, e reencarnação é outra muito diferente e oposta. É inconciliável ser católico, servo de Deus, batizado, catequizado, crismado, e crer nos conceitos citados acima. Crer em vidas passadas, e reencarnação é o mesmo que cuspir na Cruz de Cristo, é fazer pouco do sacrifício que Ele fez por nós, é negar que só através da cruz de Cristo que fomos remidos do pecado e podemos assim alcançar a vida eterna. Não há divida para ser paga, pois ela já foi quitada uma única vez por Cristo, então se decida, ou é Cristão ou é espirita, Deus nos deu liberdade para aderir a Cristo ou não, a escolha é nossa.

É uma tremenda demonstração de falta de fé não confiar em Deus e no que Ele quer pra nós. Pessoas que vivem querendo desvendar o futuro através de jogos e outros recursos, além de não ter fé, ainda abrem as portas para espíritos malignos  entrarem em suas vidas, arrastando-os para o vício e a perdição.  Nosso olhar tem que estar fixo em Cristo, mesmo na pior tempestade que passamos em nossas vidas não desviar o olhar de Cristo. Pedro estava confiante andando em direção do Senhor sobre as águas do mar, no meio da tempestade, em meio a ventos fortes, chuva… momento em que desviou o olhar de Cristo e duvidou que estava sobre as águas, ele começou a afundar, assim também nós, no momento em que estamos no meio da tempestade, como problemas que parecem sem solução, que parecem que vão acabar com nossas vidas, se não tiver fé e colocar tudo nas mãos de Cristo, com certeza afundaremos. Então, apenas tenha fé, e deixe que Deus cuide de você. Deus gosta de cuidar de nós, mas Ele também nos educa, e deixa que tiremos lições e aprendamos com nossos erros.

Eu já vi muita gente sofrer pela falta de um ente querido, e no desespero na angustia de receber um conforto cair na cilada da necromancia.  Ele está melhor que nós, completou sua missão, devemos acreditar que está com Deus e que com o passar do tempo todas nossas feridas serão curadas.

Católico Maçon –  Quem nunca ouviu falar? A Igreja condena a maçonaria como uma heresia, um erro e não admite em suas colunas quem pertença a esta ordem. Assim como o espiritismo é inconciliável. Não tem como agir de uma forma no claro, e de outra nas sombras.  O Papa Clemente XII, em sua encíclica “ Eminenti” condena pela primeira vez a maçonaria e proibiu os fieis católicos de a ela pertencerem, seguidamente os Papas Bento XIV, Pio VII, Leão XII, Pio VIII, Gregório XVI, Pio IX e Leão XIII, confirmaram a posição da Igreja sobre o assunto, sendo o último deles Leão XIII o mais enfático a este respeito, chegando a afirmar que A Igreja Católica e a Maçonaria estão tão opostamente definidas que estão em guerra. O Código de Direito Canônico revisado em 1983 no seu CÂNON 1.374: Quem der nome a uma associação, que maquine contra a igreja, seja punido com justa pena; quem promover ou dirigir tal associação seja punido com interdito.  Criou-se uma polêmica, pois não ficou explicito tratar-se  da maçonaria, mas a  Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Declaração sobre as Associações maçônicas, Permanece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem ás associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão. Pontificado do Santo Papa João Paulo II, e é o que está em vigor. Uma vez mais é uma questão de escolha, posicione-se ou é maçon ou é católico, as duas doutrinas são inconciliáveis.

Católico Protestante – É o que mais vemos hoje em dia, prefere o louvor ao sacrifício, a alegria à cruz, interpretação livre da Palavra. Vou citar alguns exemplos,  falar em línguas, uma vez eu perguntei a uma amiga muito querida que participava, ou ainda participa, não sei destas reuniões de louvor, “ Você entende o que dizem quando falam em línguas? Você entende o que diz quando fala?” Ela me respondeu o seguinte: “ Não entendo, mas é contagiante, você vê seu irmão da frente falando, de trás, do lado, se não está acontecendo nada com você, você se sente estranho, então começa a falar também”, ou seja nada mais é do que uma sugestão, é como uma pessoa que na Missa puxa palmas, levanta as mãos, dá as mãos na oração do Pai Nosso, diz “amém” ao seu término, reza a oração da Paz junto como sacerdote, é apenas uma sugestão. E se acha que estou sendo implicante, veja o que São Paulo nos diz a respeito: “Todavia, na igreja prefiro falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar dez mil palavras em língua”. 1 Cor, 19. Não é o caso de desencorajar quem fala em línguas, embora eu creia que o conceito de quem o faz esteja errado, pois a primeira vez que ocorreu o fato, foi no dia de Pentecostes quando o Espírito Santo desceu, Jesus ordenou que o Evangelho fosse espalhado pelo mundo, e como fariam os apóstolos sem ter cultura para falar não só aos seus m as também aos estrangeiros? O Espírito Santo conferiu a eles um dom necessário para que cumprissem uma missão dada por Cristo, eles falavam na língua deles, mas os estrangeiros entendiam na sua própria língua. At 2,1-11.

Não é proibido louvar a Deus, imagina, temos que ser alegres por Deus em nossas vidas e em nosso coração, mas existem momentos para fazê-lo, e com certeza não é na hora da celebração do Sacrifício Perfeito de Cristo. Por este motivo eu particularmente não concordo com as palmas e manifestações de aleluias. Não é minha oração, os gestos não acompanham.

Interpretar a Palavra de forma pessoal e literal também não nos compete, precisamos claramente da autoridade do magistério para fazê-lo para o nosso bem e edificação. Nós podemos sim, ler, refletir, ruminar, alimentar-nos e aprender lições com Ela, mas interpretar do nosso modo não. Precisamos de auxilio e orientação, caso contrário cada um de nós seria uma igreja, que interpreta a Palavra de Deus de forma individual, que não leva a edificação.

Católico Tiete –
E quem já não viu e ouviu? Eu sou fã do Padre fulano de tal, a Missa do Padre fulano de tal é assim é assado, Mas como canta bem o Padre tal, como escreve bem aquele outro. Ora, a Missa não é do Padre, a Missa é de Cristo, Cristo é o protagonista, Cristo é quem deve atrair o coração das pessoas. Tudo deve ser feito para Ele e por Ele, pois foi Cristo, e não o Padre que deu a vida para nos salvar, cabe ao padre guiar o rebanho, “Pedro apascenta minhas ovelhas” Jo 21,17. Jesus disse “minhas” ovelhas, não ovelhas de Pedro. Por isso eu respeito muito o que disse o nosso querido e amado Papa Emérito Bento XVI, “A liturgia não é um show, um espetáculo que necessite de diretores geniais e de atores de talento. A liturgia não vive de surpresas simpáticas, de invenções cativantes, mas de repetições solenes.

Católico Rad Trad –
Aprendi este termo recentemente e creio que não seja familiar de muitos. Entende se por Rad Trad, o católicos que são radicais nas tradições da Igreja, não aceitam o Concílio Vaticano II, e nenhum mudança que surgiu com ele.  Com toda sinceridade, é fato que o Concílio até hoje serve como um divisor de águas para a Igreja, as mudanças foram impostas de uma só vez sem levar em consideração o desejo dos fieis, as implicações de suas mudanças, atropelaram e abusaram de suas determinações, entenderam evolução como mudança radical, como uma joga o passado fora e vamos começar tudo de novo, mas é novo mesmo.  Assim não funciona, foi isso que deu errado. A liturgia da Igreja não é fixa, existem vários Ritos Litúrgicos, e a Igreja adotou o Rito Romano, a incorporação dos fieis na celebração foi um passo importante para nossa compreensão do mistério, mas as orações próprias da liturgia como o latim, não foram proibidos e tem sua importância dentro do rito. A equiparação da Mesa da Palavra à mesa da Eucaristia, foi uma grata evolução para o rito, pois “ Não só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus” Mt 4,4. O erro ao meu  ver foi a completa distorção  da pratica do que foi estabelecido pelos documentos oficiais do Concílio, é a hermenêutica da descontinuidade que tanto nos chamava a atenção o Papa Emérito Bento XVI, a Igreja da qual eu faço parte , da qual eu fui batizada e professo minha fé, não nasceu com o Concílio Vaticano II, ela é anterior e continua até o fim dos tempos.  Ela não acabou quando as disposições do Concílio foram implantadas, ela continua.  Por esta razão no meu ver, não estão em comunhão.

Católico Paz e Amor
–  Este é aquele relativista, tudo pode, tudo é permitido, por que o que importa é o amor, é a intenção dentro do coração. E nesta caminhada é que muitos se perdem. Nossa medida tem mesmo que ser o amor, mas sabemos que o amor, por muitas vezes é duro, nos faz sofrer  e não devemos rejeitar este sofrimento, pois ele também nos faz crescer. Aceitando tudo como se normal fosse, perdemos nossa identidade, além de fazer pouco do sacrifício dos outros, que lutam para se manter ao lado do Pai. Muito faz lembrar a parábola do Pai Misericordioso. Deus aceita com alegria aqueles que para a casa voltam, mas voltam de coração e não para pegar mais graças e sair gastando de novo. Jesus dizia aos pecadores que encontrava. “ Vá e não peques mais”.

Católico Marxista  –
Este tipo de católico tem suas nuances. Primeiro é preciso saber diferenciar , o que é comunismo e o que é socialismo.  Todos nós católicos sabemos que o comunismo é inimigo declarado da Igreja. O que o comunismo deseja é acabar com toda a religião, a religião do comunista é o governo. Este governo é o provedor do cidadão em todos os aspectos. Tudo o que é arrecadado pelo governo é distribuído aos cidadãos , independente do esforço, cultura, escolaridade de cada um, só que neste meio, uma classe se beneficia, a que gere, estes não recebem o mesmo que o povo este aproveita do povo e o subjuga conforme seus planos. O socialismo é um pouco diferente do comunismo. No socialismo, o governo presta assistência ao pobre que não tem como se manter, o cidadão que não tem recursos para garantir alimento, saúde e educação.  No socialismo, quem pode contribuir mais, contribui e o governo repassa aos menos desfavorecidos. Parece justo, mas na prática, não funciona bem assim. Apenas uma classe , a e trabalhadores e empresários paga o alto custo de financiar o pobre , que e usado como massa de manobra politica para servir a um único fim, manter o poder dos governantes. O socialismo só vigora até que a classe que o sustenta não tenha mais recursos para bancar os que não trabalham e vivem de assistência. Devemos lembrar que Jesus ao alimentar a multidão que o acompanhava no monte os alimentou por necessidade, o povo não ia ao encontro de Jesus para se alimentar, ia para ouvi-lo, e as condições para tal eram necessárias mediadas para que este povo fosse mantido, tanto que não houve mais relatos desta situação. Deus alimentou os hebreus no deserto até que fixassem na terra prometida e passassem a prantar e cuidar do gado. Assim também deveria funcionar o socialismo, assistência até que pudessem sobreviver por si só, e a partir daí ajudar outros, mas na pratica não é o que acontece. Vivemos em um comunismo, disfarçado de socialismo. O Papa Leão XIII, trata do assunto na  Encíclica Rerum Novarum. O socialismo é ante sala para o comunismo. Muitas nações que o implantaram, andam para o comunismo quase sem notar. Por isso é importante que você católico lute para que este sistema caia em seu Pais. Não se trata de luta de classes, se trata de luta pela liberdade de opinar, de ter seu credo, de participar da educação de seus filhos, da saúde, de igualdade.

Católico Apostólico Romano –
Aquele que tenta se equilibrar entre tantos conceitos de hoje em dia, ele pensa reflete, as vezes oscila para um lado, oscila para outro,  para seu único intuito é seguir o caminho estreito. E é assim que eu me sinto, em meio a tantos irmãos, de tantas denominações, com  tantas crenças, encontrar a que mais esteja certa. Este católico ouve, estuda e reflete, ele não tem certeza de nada, mas segue em frente apesar do pesar, pois ele sabe que apena na Igreja encontra-se a salvação, para ele vale as palavras  que Pedro disse a Jesus quando Ele os questionou sobre também abandoná-Lo : “ Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna”. Jo 6,68
 
Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais, e colaboradora do Portal Catolicismo Romano.

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