Vaticano nega “confronto” com ONU sobre pedofilia
O Vaticano negou nesta sexta-feira (7) que exista um "confronto" com a Organização das Nações Unidas (ONU), a qual questiona a Santa Sé por milhares de denúncias de pedofilia no mundo todo. "Não é o caso de falar de um confronto entre ONU e Vaticano", disse o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
"As Nações Unidas são uma realidade muito importante para a humanidade de hoje. Em suas mais altas instâncias, o apoio à Santa Sé e ao diálogo positivo são apreciados e desejados", ressaltou.
Lombardi, no entanto, criticou o Comitê da ONU para os Direitos da Criança, órgão que emitiu nesta semana um relatório afirmando que o Vaticano "permitiu" dezenas de abusos sexuais por manter legislações que deixam os autores dos crimes na impunidade.
O porta-voz disse que "o comitê parece não entender a natureza específica das atividades da Santa Sé".
Ele também criticou o fato relatório do comitê pedir para o Vaticano alterar uma série de doutrinas envolvendo aborto, métodos anticoncepcionais e proteção contra a Aids.
"O modo de apresentar as objeções e a insistência em diversos temas particulares parecem insinuar que o comitê deu muita atenção a ONGs contrárias à Igreja Católica e à Santa Sé", afirmou Lombardi.
"As observações do comitê vão além de sua competência e interferem nas posições doutrinárias e morais da Igreja Católica, através de uma visão ideológica própria sobre sexualidade", acrescentou. O comitê da ONU publicou seu relatório sobre o Vaticano no último dia (5), após a própria Santa Sé apresentar documentos para explicar o que tem feito para garantir os direitos das crianças. O Vaticano é signatário da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança desde abril de 1990, mas recebe uma série de denúncias de pedofilia em diversos países.