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POLÊMICAS SOBRE O PAPA FRANCISCO – ARTIGO ESCRITO PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO

Paramentos Litúrgicos
Acompanhando algumas declarações do Papa Francisco, uma em especial me chamou a atenção, justamente pela polêmica feita em torno dela. “E eu creio em Deus, mas não em um Deus Católico, não há Deus Católico, há Deus e creio em Jesus Cristo, sua encarnação. Jesus é o meu mestre e meu pastor, mas Deus, o Pai, Abba, é a luz e o Criador. Esse é o meu Ser”. O Papa declara que não crê em um “ Deus Católico”.

Pronto! Esta declaração já é o motivo mais que suficiente para a imprensa tendenciosa atacar a Igreja.

A frase está dentro de um contexto. O Papa Francisco quis dizer, em meu entendimento, que Deus não é exclusivo da Igreja Católica, Ele É. Ele existe independente da Igreja ou não. Ele está aberto para todos aqueles que a Ele buscam. Mas o próprio Papa disse que só O encontrou na Igreja Católica, pois é lá que Cristo Jesus está vive; é lá é que são administrados os sacramentos que nos ligam diretamente a Ele.

Penso no mal que a imprensa pode fazer a alma humana ao divulgar tais polêmicas. O Papa Emérito Bento XVI, muitas vezes foi mal interpretado, teve suas ideias distorcidas e tratado como fundamentalista. Quantos “católicos” não abandonaram a fé após as polêmicas divulgadas em torno de seus discursos? Quantas almas perdidas por um mau entendimento da doutrina?

Ainda é muito cedo para dizermos alguma coisa sobre o pontificado do Papa Francisco. Estamos aprendendo a conhecê-lo, estamos aprendendo a amá-lo. Pouco ainda sabemos sobre o que ele pensa, sobre o que ele pensa da doutrina e da Igreja. Seus planos ainda são tímidos em relação a qual caminho tomar. Portanto sejamos confiantes e estejamos atentos.

Por isso é tão importante o cristão católico se informar, conhecer sua fé, alimentá-la, fazer questionamentos. Quantos são aqueles que abandonam a Igreja sem ao menos conhecê-la, sem aproveitar de suas riquezas? É incrível como “conhecem”e a atacam quando estão em outras denominações.

Vamos fortalecer nossa fé. Vamos pesquisar mais, ler mais, nos questionar mais antes de comprarmos uma idéia preconcebida.

Tenho ouvido e lido tanta informação incorreta sobre o que pensa, e diz o Papa Francisco, e quando leio o que realmente disse verifico que nada tem a ver sobre o que foi divulgado.

Sobre os casais em segunda união: O Papa tem encorajado seus bispos a encontrarem uma solução que inclua e não que afaste estes casais da fé. Lembrou porém que a falta de amor, respeito e perdão em uma primeira união pode levar a uma separação prematura e recomendou aos novos casais, (não aqueles que estão em segunda união, mas aos que contraíram matrimônio recentemente) que sejam mais pacientes, que se perdoem mutuamente, que se respeitem, a fim de suportar as dificuldades que podem acontecer na união. A Igreja deixa claro que os casais em tal situação não podem se aproximar da Eucaristia, mas podem e devem participar das demais atividades comunitárias, podem se confessar, podem participar ativamente da Celebração Eucarística, ouvindo a Palavra e a colocando em prática. Existe ainda a possibilidade de nulidade do primeiro matrimônio; lembrando que o tribunal eclesiástico estuda cada caso em particular. O que não pode é a Igreja discriminar e afastar os casais nestas situações. A Igreja os ama, eles criam novas famílias e seus filhos têm o direito de receber a digna fé dos apóstolos.

Sobre os homossexuais: O Papa Francisco lembrou que a Igreja, como casa de Deus, deve ser acolhedora a todos os filhos. Não devemos julgar ou discriminar aqueles que sentem a necessidade da misericórdia e o amor de Deus. Mas deixou claro que a única família que a Igreja reconhece como autêntica é a que é formada por um homem e uma mulher. A base do matrimônio é a formação da família, é a geração de filhos e isso só pode ser concebido pela união de um homem e uma mulher. Lembrando que se o fiel acolhido, ainda esteja na prática de atos que sejam abomináveis e contra a vontade de Deus, deve se abster de se aproximar da Eucaristia.

Sobre o celibato: O Papa Francisco não apontou em direção da revogação do celibato clerical. A Igreja continua com sua doutrina imutável. Sabemos que o celibato não constitui dogma da Igreja, mas é uma regra de fé. E assim como o leigo está destinado ao matrimônio, e ao matrimônio deve manter sua fidelidade, o celibato está destinado ao clero e assim também sua fidelidade. Sabemos que existem padres casados nas Igrejas Orientais, e eu mesma conheço um padre que é casado e celebra a Eucaristia, pertence à Igreja Siriaco-católica. Eles têm suas responsabilidades divididas, este padre confidenciou que quando vai celebrar a Eucaristia, tem que se abster de ter relações com sua esposa. Imagino que deva que se ter muita disciplina para saber conciliar as duas tarefas, a Igreja quando pensou nesta regra com certeza levou em consideração muitas coisas.  Imagine um padre que tenha uma família, e tenha discutido com sua esposa, está com o coração magoado e ferido, e ainda assim tenha que celebrar, como se daria isso? Que não consiga ele mesmo passar a fé aos filhos, como seria cobrado? Como conseguiria aconselhar casais se não conseguisse manter a paz em sua própria união? Sou casada há muitos anos e sei que conseguimos nos manter unidos devido à vivência da fé e pelas graças recebidas em nosso matrimônio, mesmo que naquela época eu não vivenciasse a fé, Deus plantou sua semente e anos depois, após muitas regras de fé, Palavra e vivência ela germinou. Sábia é a Igreja e sábios são aqueles que pensaram esta regra do celibato.

Sobre o aborto: O Papa Francisco pensa e muito nas crianças. Ele reafirmou a convicção da Igreja e sua opção pela vida. Lembrou ainda que como os homossexuais, as mulheres que lançam mão do recurso do aborto, não devem ser discriminadas, antes devem ser acolhidas como pecadoras arrependidas, por não estarem dispostas a aceitarem a vida, e optarem pela morte, neste caso a morte duas vezes, pois mataram um ser inocente e mataram um pouco de sua própria alma imortal. O Papa lembrou que alguém que se arrepende verdadeiramente tem direito ao perdão e merece começar de novo.

Sobre a paz: O Papa, como seus atencessores é a voz que grita no deserto pedindo paz no mundo e não a guerra, não a miséria, não a escravidão, para que todos tenham a opção de sobreviver e ter o mínimo de dignidade humana.

Portanto, aos que perguntam: “ O Papa é católico?” respondo: “ Sim, o Papa é Católico, é humano, é pastor.”

Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais e colaboradora do portal Catolicismo Romano.

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