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Vaticano rejeita anular processo contra jornalistas

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Ao fim da primeira audiência sobre o vazamento de dados no Vaticano, o tribunal local rejeitou o pedido de anulação do processo contra o jornalista Emiliano Fittipaldi.

A advogada Lucia Musso alegava que seu cliente não se enquadrava nos fatos contestados e que isso causava uma "impossibilidade de defesa".

Segundo a representante, a enunciação dos crimes no qual Fittipaldi é acusado não se encaixam no artigo 116 do código penal da Santa Sé. Eles seriam citados apenas de forma abstrata, fazendo com que o acusado não consiga compreender a quais atos, documentos ou notícias divulgados por ele estejam no alvo do processo.

O acusado confirmou a tese defendida por sua advogada e criticou também a generalidade de sua acusação, que não faz citações específicas.

"Eu decidi comparecer a esta audiência pelo respeito que tenho por este tribunal. Mas, mesmo comparecendo, preciso exprimir minha incredulidade em ser imputado por uma autoridade judiciária diferente da do meu país, por ter escrito e publicado na Itália um livro em que pretendem me incriminar", disse o repórter na saída da audiência.

Já o promotor de Justiça, Roberto Zannotti, rebateu as acusações da defesa do repórter dizendo que ele estava sendo julgado "pelo que está no livro". "Não é um processo sobre a divulgação de documentos. Aqui não está ameaçada à liberdade de imprensa. O objeto é o modo em que as notícias foram obtidas", disse Zanotti ao classificar a defesa de "infundada".

O julgamento contra Fittipaldi, que publicou o livro "Avarizia", e também contra Gianluigi Nuzzi, que lançou o "Via Crucis", foi muito criticado por órgãos que defendem a liberdade de imprensa.

Segundo essas entidades, a ação "viola" direitos fundamentais das pessoas.

Nuzzi não tentou pedir a anulação do processo, mas afirmou que foi ao julgamento para defender "princípios". "Nós não somos mártires, somos apenas jornalistas. Mas, há princípios que precisam ser defendidos. Pode-se criticar, elogiar e também julgar.

Porém há um outro plano que é aquele de proteger e defender os direitos de informação", destacou Nuzzi ressaltando à proteção às fontes de qualquer matéria jornalística.

– Ex-funcionários vaticanos prestam depoimento: Além dos dois jornalistas, foram ouvidos também os ex-funcionários da Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas da Santa Sé (Cosea) o monsenhor espanhol Ángel Vallejo Balda, e os laicos Francesca Chaouqui e Nicola Maio.

"Vocês veem que estou bem? Estou bem, sereno, me tratam muito bem e aqui estou protegido", disse o padre espanhol ao deixar o tribunal para ir à prisão do Vaticano, onde está preso preventivamente. O monsenhor Balda é acusado de ser o responsável por vazar os documentos sigilosos do órgão econômico e de gravar conversas do papa Francisco.

Já Chaouqui, que também acusa o padre do vazamento, postou em sua conta no Facebook que "não tem medo" do processo porque "desafiei a sujeira dentro daqueles muros, como havia me pedido Francisco" e que não tem "medo das mentiras" contadas pelos outros. "Todos pelo Papa", finalizou a ex-funcionária vaticana.

Em diversos momentos desde que foi colocada em liberdade pela Justiça do Vaticano, por ajudar nas investigações, Chaouqui acusou o espanhol de ter vazado os dados porque ele não foi escolhido para presidir a Secretaria para a Economia.

O Cosea foi um grupo criado pelo próprio Pontífice para sugerir as mudanças nos órgãos financeiros da Igreja Católica.

Atualmente, ele não existe mais. O novo vazamento de dados "sigilosos" está sendo chamado de "Vatileaks 2", por ser semelhante ao ocorrido em 2012. Na época, o pivô do esquema foi o mordomo do então papa Bento XVI, Paolo Gabriele, que foi preso

– Próximas audiências: O presidente do tribunal, Giuseppe Dalla Torre, após ouvir as primeiras defesas dos cinco acusados – que duraram cerca de 80 minutos -, marcou para a próxima segunda-feira (30) mais uma audiência. Ele ouvirá primeiro os ex-funcionários da Cosea e depois os dois jornalistas italianos.

Se condenados, as penas contra os acusados podem ser de até oito anos de detenção – além de multa.

Segundo apurou a agência de notícias Ansa com fontes ligadas ao Vaticano, a ideia da Igreja é encerrar o caso antes do dia 8 de dezembro, quando iniciará o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia.

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