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Igreja Católica foi a revelada; as outras igrejas foram criadas

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Igreja Católica foi a revelada; as outras igrejas foram criadas! A partir de fontes bíblicas, da Tradição e do Magistério eclesiástico, o Catecismo da Igreja Católica sintetiza que a Igreja Católica é um projeto que nasceu do coração do Pai, prefigurada desde o início dos tempos, preparada na Antiga Aliança com Israel e instituída por Cristo Jesus. Já todas as denominações protestantes, por exemplo, foram criadas por homens e suas dissidências do próprio catolicismo. Destaca-se, ainda, que, como já diziam os primeiros cristãos, “o mundo foi criado em vista da Igreja”, uma vez que Deus criou o mundo para a comunhão com sua vida divina, que se realiza pela “convocação” (em grego: ekklésía, de onde vem a palavra “igreja”) dos homens em Cristo.

A Igreja Católica nasce do querer de Jesus Cristo, sob o alicerce dos apóstolos, confiando-a à pessoa de Pedro”, explicou, fazendo referência às palavras de Jesus a Simão: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18-19a). Pedro foi o primeiro Papa da Igreja Católica perdurando até os dias de hoje com Francisco no trono. Há outras passagens que ajudam a fundamentar sua origem, como, por exemplo, a escolha dos Doze Apóstolos e seu envio missionário (cf. Mt 10,2-4; Mc 3,13-19; Lc 6,12-16).

Outro momento fundante se dá na Cruz, com a imagem do lado aberto de Cristo, de onde jorraram sangue e água (cf. Jo 19,34). Sobre essa cena, Santo Ambrósio afirmou que, da mesma forma que Eva foi formada do lado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração traspassado de Cristo morto na cruz. Mais do que declarar a fundação da Igreja, a Sagrada Escritura testemunha esse fato, “pois a origem da Igreja está no próprio mistério de Cristo e na sua missão”.

Já em Pentecostes, com a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos (cf. At 2,1-4), a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a pregação da Boa-Nova, realizando o mandato apostólico de Jesus: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).

Em sua “História Eclesiástica”, do século IV, Eusébio de Cesareia mostra que os apóstolos, de fato, foram até os “confins do mundo habitado” na época, chegando por exemplo à região da Ásia, conhecida como Índias, ultrapassando as fronteiras do Império Romano.

O livro dos Atos dos Apóstolos, as cartas de Paulo e os demais textos do Novo Testamento são fontes que ajudam a compreender como se organizava a Igreja nascente. Outra fonte importante é a “Didaqué”, ou Instrução dos Doze Apóstolos, uma espécie de catecismo primitivo, que apresenta orientações sobre a doutrina, a conduta dos fiéis, a vida sacramental, os ministérios e a centralidade da celebração dominical (Eucaristia).

A Igreja cresce, portanto, a partir do testemunho dos apóstolos, transmitido aos seus sucessores, em comunhão com o sucessor de Pedro, Bispo de Roma, princípio da unidade eclesial. Essa configuração já é percebida no chamado Concílio Apostólico de Jerusalém (cf. At 15), ocorrido por volta do ano 48, para resolver uma questão doutrinal na qual cristãos de origem judaica defendiam que os pagãos que aderiam ao Cristianismo deveriam ser circuncidados. Paulo e Barnabé foram ao encontro de Pedro e dos outros apóstolos em Jerusalém para discutir a questão. O colégio apostólico, então, decidiu que não era necessária a circuncisão aos cristãos de origem pagã, uma vez que se aderia a Cristo pelo Batismo.

A referência mais antiga que se refere à Igreja fundada por Cristo como “Católica” é atribuída a Santo Inácio de Antioquia, Bispo e Mártir do século II, que afirmou: “Onde está Jesus Cristo está a Igreja Católica”.

A palavra grega katholikos, que quer dizer “aquilo que é conforme o todo” ou “universal”, era inicialmente atribuída à Igreja como aquela que se destina a todos e está presente em todo lugar. No século IV, São Cirilo de Jerusalém usa esse adjetivo para se referir à fé que aceita a totalidade das verdades reveladas, em contraposição à fé herética, que escolhe aquilo em que quer acreditar. Desse modo, passou a ser chamada de católica a Igreja que inclui todo o depósito deixado por Jesus Cristo e transmitido pelos apóstolos, assim como todos os sacramentos.

Outra imagem que define a Igreja é a do Corpo Místico de Cristo, apresentada pelo apóstolo Paulo, que a destaca como um organismo vivo, em que Jesus é a cabeça; e os cristãos, pelo vínculo do Batismo, são seus membros. “Portanto, não estamos na Igreja, somos a Igreja”. “Jesus fundou uma única Igreja: una, santa, católica e apostólica, que possui todos os elementos que Cristo desejou para a salvação operada por Ele. Porém, Cristo transcende a Igreja” ao explicar a afirmação da constituição dogmática Lumen gentium, que recorda que a Igreja de Cristo, constituída e organizada neste mundo como sociedade, “subsiste na Igreja Católica”, reconhecendo que, fora da sua comunidade, se encontram muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, “por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica”.

Cipriano de Cartago, quando escreve sobre a unidade da Igreja, no século III, ressalta: “A unidade não pode ser cindida; um corpo não pode ser dividido pela separação dos órgãos, nem despedaçado à vontade pela dilaceração das vísceras arrancadas. Tudo que for separado violentamente do seio materno não pode continuar a viver e a respirar, perde a substância da salvação”

Também é Cipriano que, assim como outros autores da Patrística, compara o mistério da unidade da Igreja à túnica sem costura de Cristo. “Assim como a túnica cobre o corpo sobre todas as outras peças, a unanimidade cordata na caridade protege e garante a vida da Igreja.”

(Por Fabio Botto – Jornalista MTB: 32254)

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