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A CONCUPISCÊNCIA – ARTIGO ESCRITO PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO

Paramentos Litúrgicos
Pecado originalA concupiscência são as “sementes” que habitam a alma do homem desde a queda de Adão no paraíso. É a inclinação do homem para o pecado, mas ele não é o pecado, ela leva ao pecado.

Ela age como uma sedução, ela entorpece, cega a razão humana.

Quando Deus colocou o homem no jardim existiam duas árvores em seu centro, a Árvore da Vida e a Árvore do Bem e do Mal ( Gn 2,9). Eva foi seduzida e comeu do fruto da árvore do bem e do mal.

O principal sentido utilizado pela concupiscência é a visão. “ a mulher VIU que a árvore era boa ao apetite e formosa à vista”(Gn 3,6) como retratado em diversas pinturas e desenhos o fruto da árvore é belo, atraente, desejado. Deus não os proibiu de comer os frutos de outras árvores, inclusive da Árvore da Vida, aquela que conduz a vida eterna, proibiu apenas que se comesse da Árvore do Bem e do Mal( Gn 2,17) e deixou claro qual era a consequência da desobediência: a morte.

Eva sabia da proibição, sabia da consequência, mas não teve auxílio, sua consciência poderia ajudá-la, e seduzida, cedeu. Adão também comeu do fruto, mesmo sabendo das mesmas regras, e como a maior parte de nós, joga a culpa no outro, não aceita o erro, não admite. “ A mulher que puseste junto de mim me deu da árvore e eu comi”(Gn 3,12) e também Eva, “a serpente me seduziu e eu comi” (Gn 3,13). Acaso também nós, não utilizamos deste ardil? Caímos, mas não somos nós, é sempre os outros, as circunstâncias… O pecado só se torna mortal quando, conscientes de nossos atos é com total liberdade ( livre arbítrio ) o praticamos.

Após a expulsão Deus não abandonou o homem, Deus é misericordioso. Se a concupiscência habita em nós, Deus também habita e age através da consciência. Imagine aquelas duas figuras alegóricas, de um lado um anjinho a nos aconselhar, de outro um diabinho a sussurrar mentiras, imagem perfeita da concupiscência e da consciência.

O primeiro homicídio relatado na Bíblia é o de Caim que matou Abel. Deus se agradou da oferenda de Abel e não se agradou da oferenda de Caim. As sementes da concupiscência começaram a desabrochar no coração de Caim, Deus nos sonda, Deus sabe de nossas intenções, Deus começa a agir acionando a consciência de Caim. “ Porque estás irritado e seu rosto abatido? Se estivesses bem disposto não levantarias a cabeça? Mas se não estás bem disposto não jaz o pecado à porta, como um animal acuado que te espreita? Podes acaso dominá-lo? ( Gn 4,6-7). Caim teve sua balança, teve a chance de não cometer o pecado, mas premeditadamente, livremente fez sua opção. Também esta situação não acontece conosco? Quando Deus que habita nosso ser percebe a ação da concupiscência não faz agir nossa consciência? Não nos mostra outra opção, não nos aponta a consequência do ato que estamos inclinados a cometer,? Ele nos adverte. Se reconhecemos nossa fraqueza e pedimos ajuda, somos capazes de vencer a sedução do pecado, porém, se mesmo com todos os sinais de alerta escolhemos com liberdade a ação do pecado, as sementes da concupiscência que desabrocharam, agora criam raízes profundas do pecado em nossa alma, e o que começa pequeno, em pouco tempo é insuportável de aguentar, nos tornamos escravos do pecado, e só com arrependimento sincero e através da confissão individual, Jesus nos perdoa a arranca de nossa alma essa erva daninha.

Como se apresenta a concupiscência? O modelo que a Igreja nos apresenta é um bom indicativo. Os Sete Pecados Capitais: Luxúria, avareza, inveja, gula, ira, soberba, vaidade e preguiça.

Como eu venço a concupiscência? Ela habita em todos nós, com exceção da Virgem Maria, somos todos inclinados para o mal, ela é o joio que cresce como o trigo, (Mt 13,24), se Jesus, sem conhecermos seu plano para nós e para nossa vida eterna, sem conhecera vontade de Deus, estamos perdidos, somos incapazes de superar, pois como diz São Paulo em sua carta ao Romanos 7,14-17-19-24; 8,5-6. “ Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará da morte? Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é a vida e paz.”

Infelizmente é por este motivo que existe tanto mal no mundo, não é que Deus permita, Deus tenta impedir, mas não interfere em nossas escolhas. Aquele que verdadeiramente não conhece seu criador, serve apenas a sua própria vontade, serve apenas o seu próprio eu, agrada apenas sua própria carne, não mede esforços para realizar seus desejos, nem que para isso tenha que matar, prostituir, roubar, nutrir-se, e sempre em abundância, sempre mais e mais. O pecado já tomou conta de sua alma , que agora é negra deformada pela raiz do pecado, o demônio não se importa com este, já o seduziu, já o tem. O demônio importa-se com aqueles que servem a Deus, que se esforçam para superar a sedução, são aqueles que querem agradar a Deus e servir a seus propósitos, não se arrependem de abrir mão de seus desejos e planos. São constantemente tentados, mas ouvem sua consciência, algumas vezes caem, mas arrependidos, são perdoados e voltam a graça.

Não devemos viver para este mundo, “ meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36), “quem quiser pois, salvar sua vida vai perde-la, mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo Evangelho vai salvá-la”. ( Mc 8,35 ).

 

Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais, e colaboradora do portal Catolicismo Romano.

 

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