Cardeal Turkson: é preciso criar rede mundial de doutrina social

ROMA, quinta-feira, 19 de maio de 2011. Terminou ontem a conferência de três dias intitulada "Justiça e globalização: da Mater et Magistra à Caritas in veritate", que se realizou de 16 a 18 de maio, com um apelo do cardeal Peter K. A. Turkson para trabalhar a favor da doutrina social da Igreja.

 

O congresso, organizado pelo Conselho Pontifício "Justiça e Paz", por ocasião dos 50 anos da encíclica Mater et Magistra, reuniu quase 250 participantes provenientes dos mais diversos países.

 

"Há consciência sobre estes temas – indicou Sua Eminência – e foram criadas outras comissões na mesma linha de ‘Justiça e Paz'." Por isso, convidou os representantes de associações, ONGs, institutos e presentes a trocar e-mails, conectar-se e partilhar experiências.

 

"Todos vocês oferecem sua experiência à doutrina social; enviem seus documentos de maneira que sejam operadores.

 

 Eu os convido a rezar. Vocês encontrarão os desafios. Vocês são instrumentos de evangelização social."

 

O cardeal explicou  como um evento desse tipo "nos reforça sobretudo uns aos outros, sabendo que não trabalhamos sozinhos e que já existem muitos outros operando".

 

Indicou que se trata de "pequenas iniciativas particulares que talvez não transformarão o mundo em um só dia, mas são como pequenas estrelas no universo". E recordou o provérbio inglês que afirma que, "ao invés de maldizer as escuridões, é melhor acender uma vela".

 

Então, prosseguiu, "estas são tantas velas, iniciativas feitas em diversos lugares, mas que, de qualquer forma, pouco a pouco melhoram a vida das pessoas".

 

"O que ninguém havia pensado – acrescentou Sua Eminência – é que, vendo que cada um trazia sua ‘cesta de pão', isso nos reforça, nos dá coragem e faz que um aprenda do outro."

 

Além disso, "demonstra-se que estes ensinamentos da doutrina social são factíveis, como a própria fé cristã. Existem dificuldades, mas isso é factível".

 

É suficiente, portanto, a doutrina social da Igreja? Para o purpurado, as encíclicas trazem mais de uma mensagem: "Há muitos aspectos e problemáticas sociais. Por exemplo, nós fizemos recentemente um estudo sobre a nova ordem econômica mundial. Isso faz parte também da mensagem da doutrina social da Igreja. Existe, portanto, quem pensa em assuntos políticos; outros, em economia; outros ainda, na segurança alimentar; então se pensa em como dar trabalho a essas pessoas, por exemplo, na Zâmbia; outros pensam nas mudanças climáticas ou no sistema monetário".

 

Além da variedade de aplicações que nascem da doutrina social da Igreja, o cardeal Turkson indicou: "Queremos que muitas coisas mudem e aqui, no congresso, alguns aprenderam algo dos outros. E a maior mudança é que se parte daqui sabendo que não estamos sozinhos neste caminho. Esta é a grande mensagem que pudemos oferecer aos operadores da doutrina social da Igreja: não sou somente eu aqui quem acende uma vela, ainda que eu não consiga ver aquelas que estão do outro lado do mundo".(Zenit)