Conhece-se a árvore do Vaticano II por seus frutos
Ora, o Concílio Vaticano II – do qual João XXIII esperava um ”arejamento” salutar da Igreja e do qual Paulo VI esperava uma nova primavera – deu frutos podres.
A brisa de ar fresco para a renovação da Igreja se mostrou logo um furacão destruidor.
Tanto que Paulo VI se viu obrigado a reconhecer isso ao dizer que, em vez de uma nova primavera da Igreja, se constatou uma tragédia, porque “a fumaça de Satanás se infiltrara no templo de Deus”.
“Nos documentos do Concílio Vaticano II, pode-se encontrar uma sugestiva síntese da relação entre o cristianismo e o iluminismo”. (João Paulo II, Memória e Identidade, Ed Objetiva, Rio de Janeiro, 2.005, p. 126)
Essa frase de João Paulo II comprova qual o erro profundo do Vaticano II: pretender sintetizar a doutrina católica com a doutrina do iluminismo maçônico. Misturar água limpa com água suja só faz sujar o que era limpo.
Não há síntese possível entre a doutrina católica e a doutrina da Maçonaria racionalista ou com a de uma Maçonaria que se diga espiritualista. O iluminismo, quer em sua forma racionalista, deista e laicista, defensora da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, quer em sua forma espiritualista gnóstica, defensora de que há no homem uma centelha ou semente divina, é essencialmente errado e absolutamente inaceitável. (Cfr. Sobre os dois tipos de iluminismo: Antoine Faivre, L´Ésotérisme au XVIII éme Siècle en France et en Allemagne, Seghers, Paris, 1973).
Foi essa síntese absurda e impossível que introduziu na Igreja a fumaça de Satanás, como constatou o próprio Paulo VI.
E em meio à fumaça de Satanás se promoveu a autodemolição da Igreja.
Eis o que disse Paulo VI de seu Concílio pastoral:
“A Igreja se acha numa hora inquieta de autocrítica, dir-se-ia melhor de autodemolição. É como um revolvimento agudo e complexo que ninguém teria esperado depois do Concílio. A Igreja quase como se golpeia a si mesma” ( Paulo VI, Discurso ao Seminário Lombardo, 7 de Dezembro de 1968, apud Romano Amerio, Jota Unum, Ricardo Ricciardi, Milão, Nápoles, 1985, pp.7-8).
E quem poderia fazer essa autodemolição se não a própria Hierarquia?
E, noutro discurso, Paulo VI declarou ter a sensação de que “por algum lado, a fumaça de Satanás penetrou no Templo de Deus”.
”Também na Igreja reina esse estado de incerteza. Acreditava-se que depois do Concílio teria advindo uma dia de sol para a história da Igreja. Em vez disso adveio um dia nublado, de tempestade, de escuridão” (Paulo VI, Discurso em 30 de Junho de 1972, apud Romano Amerio, Jota Unum, Ricardo Ricciardi, Milão- Nápoles, p. 8).
Essa foi uma confissão da qual se poderia dizer: “Habemus confitentem reum”. “Temos a confissão do culpado”.
Agora, passados quarenta anos desse Concílio pastoral desastroso, está patente aos olhos de todos a falência completa da pastoral e das novidades conciliares: heresias, cismas, divisões na Igreja, apostasias do clero, êxodo dos fiéis, profanações nas missas-show, congregações religiosas morrendo, Bispos escandalosos, seminários vazios… E, muitas vezes, vendo os que os frequentam, se diria que melhor seria que não tivessem entrado…
Agora, por toda a parte explodem os escândalos ocultados há tanto tempo sob o véu cúmplice da hipocrisia. É destes dias a Carta do Papa Bento XVI aos irlandeses, condenando e deplorando a tragédia imensa dos crimes ditos de pedofilia.
A pequena Irlanda, outrora gloriosa por sua fidelidade e por seus santos, hoje, depois do Vaticano II, ficou famosa por seus 38.000 casos de pedofilia cometidos nas igrejas e colégios por sacerdotes e religiosos.
E agora é o Papa Bento XVI que reconhece que na raiz desses escândalos está também a árvore má da doutrina Conciliar que nada condenou – a não ser a Igreja pré conciliar – e tudo permitiu…
“O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II por vezes foi mal compreendido e na realidade, à luz das profundas mudanças sociais que se estavam a verificar, não era fácil avaliar o modo melhor de o realizar. Em particular, houve uma tendência, ditada por reta intenção mas errada, a evitar abordagens penais em relação a situações canônicas irregulares. É neste contexto geral que devemos procurar compreender o desconcertante problema do abuso sexual dos jovens que contribuiu em grande medida para o enfraquecimento da fé e para a perda do respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos. (CARTA PASTORAL DE BENTO XVI AOS CATÓLICOS NA IRLANDA, n0 4, http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=365901).
Bento XVI procura ainda salvar a boa intenção de alguns. Mas as intenções só Deus as conhece. O que temos são os fatos. O que temos são as doutrinas novas e tão ambíguas do Vaticano II, que abriram as frestas para as más interpretações. Que abriram as frestas para a entrada da famosa “fumaça de Satanás”, em meio à qual se fez a “autodemolição da Igreja”, capitaneada pelos Bispos modernistas, que durante 40 anos já impedem a Missa de sempre.
E como o Concílio nada condenou e tudo permitiu, foi do Concílio que nasceu a revolução anárquica de 1968, que pastoralmente proclamou laicamente o que o Vaticano II fizera praticamente: “É proibido proibir”.
Porque, se nem as heresias deveriam ser condenadas, nada mais poderia ser condenado ou proibido.
Por isso, é bem falso supor que a revolução de 1968 tenha tido em sua raiz mais profunda causas econômicas, “culturais” ou de outras hortas. Ela nasceu do permissivismo do Vaticano II. Porque, se a Igreja não condena o erro, não há mais força na terra para condenar nada. Daí, hoje, os juízes terem receio de condenar os assassinos, os professores não terem força pra disciplinar as classes, os pais terem receio dos filhos revoltados, a droga e os vícios serem livres e o Estado não ter força diante de nenhuma rebelião. Se a Igreja se autodemoliu no Vaticano II, a consequência foi a revolta universal.
Bento XVI aponta algumas causas para explicar a larga difusão da pedofilia no clero, especialmente no clero pós conciliar: a falta de critério no selecionar elementos para os seminários, que se tornaram focos de homossexualismo, a falta de formação moral, doutrinária e espiritual dos seminaristas e – mal generalizando – do clero atual com as costumeiras e hoje, honrosíssimas exceções. Que digo santíssimas exceções. Porque brilhar em tal treva é ser brilhante luz.
“Só examinando com atenção os numerosos elementos que deram origem à crise atual é possível empreender uma diagnose clara das suas causas e encontrar remédios eficazes. Certamente, entre os fatores que para ela contribuíram podemos enumerar: procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canônicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa.
Bastante isolado, mesmo no Vaticano, como é notório, Bento XVI pede aos Bispos um retorno. Ele não fecha os olhos. Ele mostra que vê claramente a culpa dos Bispos pós conciliares na tragédia que se abateu depois do Vaticano II sobre a Igreja e sobre o Clero.
“11. Aos meus irmãos bispos
Não resta, pois, dúvida alguma : o Vaticano II deu frutos maléficos e podres.
Por isso, bem cabe dizer dele: “Toda árvore que não produzir bom fruto será cortada e será jogada ao fogo”
“Omnis arbor quae non facit fructum bonum excidetur, et in ignem mittetur”.
O Vaticano II só produziu trevas, autodemolição, apostasias, heresias, pecados hediondos, em meio à fumaça de Satanás.
In Corde Jesu, semper,
PS: Acabávamos de escrever este artigo, quando nos chegou a notícia de que Monsenhor John Magee, ex secretário de Paulo VI, de João Paulo I e de João Paulo II teve seu pedido de demissão aceito por Bento XVI por envolvimento – possivelmente por omissão – nas questões de pedofilia na Irlanda.
Folha Online
"Antes de ir, quero oferecer novamente minhas mais sinceras desculpas a qualquer pessoa que tenha sofrido abusos por parte de qualquer sacerdote da diocese de Cloyne enquanto fui bispo ou em qualquer outro momento", afirma Magee, em um comunicado.
'Aos que decepcionei de alguma maneira, ou aos que qualquer omissão minha tenha feito sofrer, imploro seu perdão', completou.
"O Santo Padre aceitou a renúncia ao governo pastoral da diocese de Cloyne apresentada pelo monsenhor John Magee, de acordo com o artigo 401, parágrafo dois, do código de direito canônico", afirma uma nota oficial.
O artigo em questão trata das demissões apresentadas por "razões graves", não especificadas, e outras vinculadas à idade, de 75 anos.
O monsenhor Magee, 73, que foi secretário particular dos papas Paulo 6º, João Paulo 1º e João Paulo 2º, esteve envolvido em um escândalo de abusos sexuais contra crianças na Irlanda, de acordo com um relatório elaborado em 2008 pelas autoridades eclesiásticas irlandesas.
O informe, que aborda, entre outros, os casos de dois padres de Cloyne acusados de abusos sexuais contra crianças, considera que as medidas de proteção dos jovens eram "inadaptadas e em alguns aspectos perigosas".
A Igreja Católica da Irlanda foi criticada por ocultar, segundo relatório de uma investigação oficial separada publicado em novembro passado, os abusos sexuais cometidos por padres da região de Dublin envolvendo centenas de crianças durante várias décadas.
O documento, de mais de 700 páginas, fala sobre a atitude da hierarquia católica no arcebispado de Dublin entre os anos 1975 a 2004. Acusa, principalmente, quatro arcebispos por não terem denunciado à polícia que sabiam dos abusos sexuais, cometidos a partir dos anos 60.
Apesar da renúncia de Magee, os irlandeses mantêm os pedidos insistentes pela renúncia do primaz da Irlanda, cardeal Sean Brady, por saber do acobertamento dos casos de abuso sexual na Igreja.