Doutrina

INFÂNCIA DE JESUS

Paramentos Litúrgicos

 

Circuncisão

De acordo com a lei judaica, oito dias após seu nascimento, os meninos deveriam submeter-se à circuncisão – cerimônia figurativa do Batismo. Nesta oportunidade é que recebiam um nome. Obediente à lei, Jesus – o Senhor, acima de toda a lei – foi, também, como qualquer judeu, circuncidado. Pois Ele veio para ensinar – e, por isso, em tudo, nos deu exemplo.

E toda a sua vida é uma lição de amor. Com oito dias de vida, ao ser circuncidado – obediente à lei judaica – derramou uma gota de sangue. No fim de sua vida – obediente até a morte – até à última gota, derramou todo o Seu sangue. Por causa de nosso orgulho. E de nosso desamor.

O nome de Jesus

Na hora da circuncisão, "foi-lhe posto o nome de Jesus, como o havia chamado o Anjo, antes de ser concebido". Jesus, que quer dizer Salvador. Por isso escreveu S. Paulo: "Que ao nome de Jesus todo o joelho se dobre no céu, na terra e no inferno" (Fl 2, 10).

Antes, já escrevera o Salmista: "Eu vos louvarei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o vosso nome eternamente, porque vós, Senhor, sois suave e manso e de muita misericórdia para todos os eu vos invocam" (Sl 85, 12 e 5).

Jesus é, também, o Cristo, o Ungido, o Sacerdote e Vítima. E o Salvador. Salvador será sempre o Seu nome. E a cruz, o seu símbolo mais perfeito. Mas o peixe também O simboliza.

Na Igreja primitiva, o título completo de Jesus, em grego, era Jesus Cristo Deus Filho Salvador, cujas iniciais (em grego) formam a palavra peixe. Por esse motivo, no ano 200, referindo-se ao Batismo, Tertuliano escreveu: "Nós (os cristãos), a exemplo de nosso Jesus Cristo, nascemos na água, como pequenos peixes".

Purificação de Maria e Apresentação de Jesus no Templo

Segundo as rígidas leis judaicas, 40 dias após o nascimento de uma criança, a mãe deveria apresentar-se ao Templo, para a cerimônia de purificação.

Também, nessa ocasião, em que os pais deveriam oferecer para o sacrifício "um par de rolas ou dois pombinhos", o primogênito era consagrado a Deus. Ora, para que nascera Jesus, senão para ser imolado como Vítima perfeita? Uma vez mais, temos a lição de obediência e humildade, aos homens rebeldes e orgulhos.

É, ainda, nesse oportunidade, que se dá o episódio com o velho Simeão. Fora-lhe revelado (pelo Espírito Santo) que não morreria sem ver, antes, o Salvador. Por inspiração divina, foi ao Templo. E, por inspiração divina, reconheceu no Menino Aquele por quem esperava. Tomando-O, então, nos braços, exclamou: "Agora, sim, Senhor, podeis deixar morrer em paz o vosso servo, conforme dissestes, porque já viram os meus olhos o Salvador que prometestes enviar-nos" (Lc 2, 25s).

É de profunda beleza a figura do velho homem de fé, carregando nos braços o Menino que o sustentava (como nos sustenta, quando O recebemos).

Matança dos inocentes

É relatada por S. Mateus, no Cap. 2. Pelos reis Magos, Herodes soube que nascera o "Rei dos Judeus". Pediu-lhes, então, que lhe ensinassem o lugar onde se encontrava o Menino, "para, também, adorá-lo". Avisados por um anjo, os bons reis, "por outro caminho, voltaram para a sua região".

Como tantos, ainda hoje, Herodes não entendia que "o reino de Deus não é deste mundo". E, temendo a concorrência, mandou matar todos os meninos com menos de dois anos de idade. (Pela população de Belém, na época, devem Ter sido mortos cerca de vinte meninos.)

A 28 de dezembro, a Igreja relembra esse infaticídio. E reza esta oração:

"Deus, cuja glória no dia de hoje os Mártires Inocentes confessaram, não por palavras, mas morrendo: mortificai, em nós, todos os vícios da más paixões, afim de confessarmos, também, por uma vida santa, a fé que proclama a nossa língua".

Fuga para o Egito

José, também, por um anjo, recebeu o mesmo aviso. E, tomando consigo o Menino e sua Mãe, retirou-se para o Egito. E ali esteve até a morte de Herodes, para se cumprir o que proferira o Senhor pelo profeta, dizendo: "Do Egito chamei meu Filho".

Posteriormente, ouvindo, mais uma vez, um mensageiro celeste, "retirou-se para as partes da Galiléia. Vindo para ai, habitou na cidade que se chama Nazaré, para mais um vez, cumprir-se o que foi dito pelos profetas: Será chamado Nazareno" (Mt 2, 14 e 23).

O Menino Jesus no Templo

Vejamos o Evangelho de S. Lucas (Lc 2, 42s) : Aos doze anos, no Templo de Jerusalém, o Menino Jesus confunde os doutores da lei que o ouviam "pasmados de sua sabedoria e das suas respostas". E, à mãe aflita que o procurava, Ele responde que era preciso cuidar das coisas de Seu Pai. Em Sua missão divina, cumpria a vontade do Pai Eterno.

Depois, voltou para casa. Com Maria e José. "E lhes era submisso". E crescia em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. "Jesus crescia realmente quanto ao corpo, e quanto ao espírito, pela ciência adquirida: mas só aparentemente e que crescia na graça, cuja plenitude, já possuida, se manifestava progressivamente: o sol, que é o mesmo, parece mais quente ao meio-dia".

Por vontade do Pai – vontade que era a mesma Sua ("Ele entregou-se porque quis"), o Verbo fizera-se Carne. Poderia Ter-se feito completo, acabado. Mas, não. Quis em tudo ("com exceção do pecado") tornar-se semelhante a nós. Por isso, nasceu menino, nasceu infante. Isto é, o que não fala. O Verbo nasceu infante e, humildemente, aprendeu a falar conosco…

Fazendo-se criança, Jesus quis percorrer todas as etapas da vida humana. Por isso, como um menino, "crescia em sabedoria e graça". E, como um menino, era submisso a seus pais.

Naquela modesta família, incomparavelmente acima de todos, estava Jesus. Depois, Maria. Depois, José. Mas José era o chefe. Seguido por Maria. E Jesus "lhes era submisso". Nesse estranho equilíbrio há um desafio ao nosso orgulho.

Depois desses fatos, até a idade de 30 anos (período designado por sua vida oculta) nada mais se conhece a respeito de Jesus. Modestamente, obscuramente, até a idade de 30 anos, Ele viveu em família, Santificando a vida em comum, dignificando as tarefa mais simples. É, um desafio. Violento.

Toda a vida de Jesus é um desafio. Ele mesmo, que disse vir trazer a paz, disse, também, trazer a espada. E, assim como declarou bem-aventurados os pacíficos, disse que o Reino dos Céus pertence aos violentos – e que só estes podem alcança-lo. Porque a paz daquela família está fundada numa violência – violência ao amor-próprio.

A paz interior é fruto de combate. E a luta na conquista do equilíbrio é tão violenta que, sós, não a suportaríamos. Por isso, Deus fez-se nosso aliado. E de um berço nos contempla. Contempla-nos obedecendo a Maria e a José. Contempla-nos da cruz – despido, coroado de espinhos, sangrando. Do nascimento à morte, contempla-nos e nos desafia. Chamando-nos a imitá-LO na difícil luta contra nossos pecados e fraquezas.

E nos adverte: "Sem Mim, nada podeis fazer". E São Paulo, que fez a experiência, a maior das experiências, a da santidade, revelou-nos o seu segredo: "Tudo posso naquele que me fortalece".

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