PADRE JONAS DOS SANTOS LISBOA: Como foi o “III Encontro Summorum Pontificum” no Brasil
O programa constou de várias palestras muito interessantes e profundas. Os temas das palestras dizem tudo: Dom Rifan, da Administração Apostólica S.João Maria Vianney, promotor do evento, falou sobre A Espiritualidade Sacerdotal . Em outra palestra discorreu sobre os Dez anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney : Um exemplo de boa convivência entre as duas formas do Rito Romano para toda a Igreja.
Dom Fernando José Monteiro Guimarães, CSSR , Bispo de Garanhuns e Membro do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica , discorreu sobre a vida litúrgica do sacerdote como antídoto à secularização.
Dom Gilson, bispo auxiliar de Salvador, fez uma uma Reflexão Teológico-Pastoral sobre a relação entre Lex Orandi e Lex Credendi.
O Mons. Nicola Bux , Teólogo e Liturgista, Professor de Liturgia Oriental e Teologia dos Sacramentos em Bari, Itália, Consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e do Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, fez um balanço dos cinco anos de aplicação do Motu Prprio Summorum Pontificum – Frutos e Perspectivas para a Reforma de Bento XVI. O mesmo conferencista falou em outra palestra dos 50 anos de aplicação da Constituição Sacrosanctum Concilium, o Motu Proprio Summorum Pontificum e a necessidade de uma instauratio contínua da Liturgia da Igreja
Dom Henrique Soares da Costa (Bispo Auxiliar de Aracaju) brindou a todos com uma excelente palestra, cujo tema foi: A Santa Missa como Sacrifício – A dimensão mais contestada do Mistério Eucarístico.
Dom Gregório Paixão, OSB (Bispo Auxiliar de Salvador) encerrou o encontro fazendo um histórico do canto gregoriano e o Canto Gregoriano na Liturgia da Igreja conforme documentos da Igreja.
Duas grandes celebrações litúrgicas marcaram este encontro: Santa Missa solene na forma extraordinária celebrada pelo Padre Nicola Bux na célebre Igreja do Senhor do Bonfim e o Solene Pontifical oficiado por Dom Fernando Rifan na belíssima igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia.
Foram dias de bênçãos, de graças e de muita reflexão.
Todos os padres saíram com o propósito de celebrar a santa missa da maneira mais digna possível e com a missão de serem células vivas que agirão no grande trabalho de restauração da liturgia conforme deseja o Romano Pontífice.
Os abusos litúrgicos, infelizmente muito em voga hoje, fizeram parte da reflexões de diversos palestrantes.
O Beato João Paulo II já declarara: a liturgia foi violada.
Destacou-se que o Papa Bento XVI ao conceder o Motu Proprio Summorum Pontificum, preteneu que as duas formas do rito romano se complementassem e se ajudassem, no sentido de se destacar a sacralidade do mistério celebrado por um lado e a participação mais viva dos féis por outro.
Os abusos acontecem, quando o padre deixa de ser o instrumento de Jesus, que é o Sacerdote e a vítima do sacrifício, para ser o protagonista, chamando para si toda a atenção.
A criatividade tresloucada que tem a pretensão de enfeitar a cerimônia, fugindo completamente das rubricas e normas litúrgicas, transforma uma ação tão sublime como é a missa, numa cena grotesca e muitas vezes profana, substituindo os ritos por coreografias. Muitos fiéis que gostariam de encontrar a paz, afastam-se , por não conseguirem concentrar-se devido ao barulho ensurdecedor das baterias e guitarras elétricas ligadas no último volume tocando músicas de rítimo intenso. Mas os abusos litúrgicos também podem acontecer do lado “tradicionalista”. Abuso é tudo o que foge às regras litúrgicas estabelecidas pela Igreja.
Constituem abuso e sacrilégio as missas celebradas por padres e bispos irregulares que não estão em plena comunhão com a Igreja, pois enganam ainda mais os fiéis apresentando uma postura séria e respeitosa, mas que por estarem suspenso “a divinis” profanam igualmente os santos mistérios. Abusos cometem, os que , aparentemente em comunhão com a Igreja rejeitam o magistério vivo, atual, bem como a legitimidade do Concílo Vat. II e da reforma litúrgica promulgada pelo Papa e celebrada por ele e seus sucessores e por bispos e sacerdotes do mundo inteiro. Abuso também é identificar com o próprio rito ordinário as profanações cometidas nas celebrações litúrgicas.
Abusos, muitas vezes, quando por conta própria, fazem-se inserções de ritos ou orações que não constam do missal aprovado pela Santa Sé. Por isso, como o segundo "confiteor" que se reza imediatamente antes da comunhão eucarística não consta na reforma feita pelo papa João XXIII, que estamos obrigados a seguir por optarmos pela missa tridentina, resolvemos aboli-lo das nossas missas. Segundo a reforma de Beato João XXIII, o segundo "confiteor" só deverá ser rezado ou cantado quando o povo não recita o primeiro "confiteor", como quando durante as orações ao pé do altar o coro canta o introito, que é a antífona de entrada, ou em situações semelhantes. Lei é lei. Não podemos em momento tão sagrado fazermos criatividades, por mais bonitas que pareçam. Abuso ainda é o sacerdote ter a pretensão de isentar da obrigação grave da participação das missas dominicais no rito ordinário os féis afetos da missa tradicional, quando estes estão impossibilitados de participar de alguma missa no rito de S. Pio V.
Graças a Deus, há uma consciência maior do sagrado por parte de muitos sacerdotes e seminaristas que procuram seguir as normas emanadas da Santa Sé e o exemplo que lhes dá o Santo Padre em suas celebrações litúrgicas.
O Papa é o grande liturgo da Igreja. Olhemos o exemplo que nos dá a todos em suas celebrações, até mesmo quando administra a santa comunhão.
Padre Jonas dos Santos Lisboa é colaborador dos portais "Catolicismo Romano" e ´"Rádio Italiana". Pertence ao clero da Administração Apostólica São João Maria Vianney. Cursou Filosofia e Teologia no Seminário da Diocese de Campos dos Goytacazes. É titular da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São Fidélis, na cidade de São Fidélis, no Rio de Janeiro. Responsável pela celebração da Missa Tridentina, na forma extraordinária em latim, do rito romano, na Capela de Santa Luzia em São Paulo. Email para contato: contato@catolicismoromano.com.br