Por que Oscar Niemeyer não poderia ter construído Igrejas Católicas?
O falecido arquiteto Oscar Niemeyer, ateu e comunista, lançou no passado um livro com fotos e desenhos de 16 igrejas e capelas que construiu ao longo de sua carreira.
Mostrando uma hipócrita bonomia para com os católicos, ele lembrou sua infância religiosa:
“As pessoas se espantam pelo fato de, mesmo sendo comunista, me interessar pelas igrejas. E a coisa é tão natural. Eu morava com meus avós, que eram religiosos. Tinha até missa na minha casa. E eu fui criado num clima assim. Esse passado junto da família me deixou com a ideia de que os católicos são bons, que querem melhorar a vida e fazer um mundo melhor”.
Entretanto, qual foi a doutrina que formou os projetos assinados por Niemeyer? Certamente não a doutrina católica.
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Niemeyer se posou de ingênuo, mas escondeu (se é que já soube algum dia) o que o Magistério da Igreja diz a respeito dele mesmo (a Encíclica é sobre Música, mas as citações a seguir se aplicam a toda e qualquer arte sacra):
A liberdade do artista deve estar sujeita à lei divina (…) Na verdade, não ignoramos que nestes últimos anos alguns artistas, com grave ofensa da piedade cristã, ousaram introduzir nas Igrejas obras destituídas de qualquer inspiração religiosa, e em pleno contraste até mesmo com as justas regras da arte. Procuram eles justificar esse deplorável modo de agir com argumentos especiosos, que eles pretendem fazer derivar da natureza e da própria índole da arte. Afinal, dizem eles que a inspiração artística é livre, que não é lícito subordiná-la a leis e normas estranhas à arte, sejam elas morais ou religiosas, porque desse modo se viria a lesar gravemente a dignidade da arte e a criar, com vínculos e ligames, óbices ao livre curso da ação do artista sob a sagrada influência do estro.
A arte religiosa exige artistas inspirados pela fé e pelo amor. Isso, se vale para toda obra de arte, claro é que deve aplicar-se também a respeito da arte sacra e religiosa. Antes, a arte religiosa é ainda mais vinculada a Deus e dirigida a promover o seu louvor e a sua glória, visto não ter outro escopo a não ser o de ajudar poderosamente os fiéis a elevar piedosamente a sua mente à Deus, agindo ela, por meio das suas manifestações, sobre os sentidos da vista e do ouvido.
Daí que, o artista sem fé, ou arredio de Deus com a sua alma e com a sua conduta, de maneira alguma deve ocupar-se de arte religiosa; realmente, não possui ele aquele olho interior que lhe permite perceber o que é requerido pela majestade de Deus e pelo seu culto. Nem se pode esperar que as suas obras, destituídas de inspiração religiosa – mesmo se revelam a perícia e uma certa habilidade exterior do autor, possam inspirar aquela fé e aquela piedade que convêm à majestade da casa de Deus; e, portanto, nunca serão dignas de ser admitidas no templo da igreja, que é a guardiã e o árbitro da vida religiosa.
(Extraído da Carta Encíclica Musicæ Sacræ Disciplina, do Papa Pio XII, promulgada no Natal de 1955, disponível no site do Vaticano).
Também a mesma Encíclica descreve o perfil que a Igreja exige do artista sacro, o qual, definitivamente, não se encaixa no perfil do arquiteto em questão:
Ao invés, o artista que tem fé profunda e leva conduta digna de um cristão, agindo sob o impulso do amor de Deus e pondo os seus dotes a serviço da religião por meio das cores, das linhas e da harmonia dos sons, fará todo o esforço para exprimir a sua fé e a sua piedade com tanta perícia, beleza e suavidade, que esse sagrado exercício da arte constituirá para ele um ato de culto e de religião, e estimulará grandemente o povo a professar a fé e a cultivar a piedade.
Tais artistas são e sempre serão tidos em honra pela Igreja; esta lhes abrirá as portas dos templos, visto com prazer, se no contributo não pequeno que, com a sua arte e com a sua operosidade, eles dão para um mais eficaz desenvolvimento do seu ministério apostólico. (Extraído da Carta Encíclica Musicæ Sacræ Disciplina, do Papa Pio XII, promulgada no Natal de 1955, disponível no site do Vaticano
Ainda, conforme mesma Encíclica:
– o fim último do homem é o Criador, e não uma reles “melhora de vida” (pois a melhora material não conta, em si mesma, para a salvação) ou o “fazer um mundo melhor” (porque nenhum homem, mesmo em grupos, é capaz de consertar o mundo).
– a arte sacra deve estar subordinada a este fim último do homem, e não a outras finalidades estranhas a essa, as quais, por certo, não vêm de Deus.
– a “arte pela arte”, por excluir o “fim último do homem” como critério, “(…) ou não tem valor algum, ou importa grave ofensa ao próprio Deus, Criador e fim último (…)”
– a liberdade do artista “(…) não é um instinto, cego para a ação, regulado somente pelo arbítrio ou por certa sede de novidade (…)”, mas, uma vez submissa à lei divina, não é cerceada, mas “(…) antes, enobrecida e aperfeiçoada”.
Conclusão: confrontado o ensino da Igreja sobre a Arte Sacra com as “musas inspiradoras” de Niemeyer – a saber, o comunismo e a depravação moral – o argumento literalmente sentimental e superficial desse arquiteto desmorona por terra, ainda que muitos vejam nessa pessoa um “gênio”. – Por Marcel Ozuna