Adoro Te Devote – O ofício de Corpus Christi composto por São Tomás de Aquino
A liturgia da festa de Corpus Christi é repleta de orações extremamente belas tanto pela composição e quanto pela profunda teologia que nelas se encontram.
A história desta festa também é bastante edificante.
No ano de 1263, um padre de nome Pedro de Praga, vacilante sobre a veracidade da transubstanciação, fez uma peregrinação de Praga a Roma, a fim de alcançar uma graça para que esta tentação o deixasse. Foi, então, que o prodígio ocorreu enquanto celebrava a Santa Missa perto donde repousava o corpo de S. Cristina em Bolsena.
Padre Pedro, no momento da consagração, viu gotejar sangue da Hóstia então consagrada e banhar o corporal e os linhos litúrgicos. O sacerdote, impressionado com o acontecimento, vai para Orvieto onde residia o Papa Urbano IV, o qual mandou para Bolsena o bispo Giacomo para verificar o ocorrido e recolher o linho manchado com o Sangue de Cristo.
No ano seguinte, o Papa promulgou a bula “Transiturus” que instaurava para toda a cristandade a Festa do Corpo de Deus na cidade que até então estava infestada de Cátaros – hereges que negavam o Sacramento da Eucaristia. O Papa pediu, então, para Santo Tomás de Aquino compor o ofício de Corpus Christi.
Uma das orações compostas por Santo Tomás foi o belíssimo “Adoro Te Devote”:
1.Eu vos adoro devotamente, ó Divindade escondida,
Porque, vos contemplando, tudo desfalece.
2.A vista, o tato, o gosto falham com relação a Vós
Nada mais verdadeiro que esta Palavra de Verdade.
3.Na cruz, estava oculta somente a vossa Divindade,
Peço aquilo que pediu o ladrão arrependido.
4.Não vejo, como Tomé, as vossas chagas
Em vós esperar e vos amar.
5.Ó memorial da morte do Senhor,
E que à ela seja sempre doce este saber.
6.Senhor Jesus, bondoso pelicano,
Todo o mundo e apagar todo pecado.
7.Ó Jesus, que velado agora vejo
Que eu seja feliz contemplando a vossa glória. Amem
EM LATIM:
1.Adoro te devote, latens Deitas,
Quia te contémplans tótum déficit.
2.Vísus, táctus, gústus in te fállitur,
Nil hoc verbo veritátis vérius.
3.In crúce latébat sola Deitas,
Péto quod petívit látro paénitens.
4.Plagas, sicut Thomas, non intúeor
In te spem habére, te dilígere.
5.O memoriále mórtis Dómini,
Et te ílli semper dulce sápere.
6.Pie pellicáne Jésu Domine,
Tótum múndum quit ab ómni scélere.
7.Jesu, quem velátum nunc aspício,