Compromisso Solene da Igreja: dar um basta às omissões de abuso
A Conferência Episcopal Italiana (CEI) reconheceu recentemente "pecados de omissão" e "traição da confiança" no passado da Igreja e pediu para o país, na medida do possível, soluções úteis e partilhadas.
Durante seu discurso introdutório da 62ª Assembleia Geral da CEI, celebrada hoje em Assis, no centro da Itália, o presidente da instituição, cardeal Angelo Bagnasco, falou sobre os abusos sexuais cometidos por padres, inclusive na Itália, afirmando que "há distorções da psique que exigem um isolamento imediato e um tratamento especial, além de uma punição proporcional às injustiças".
"Neste campo, a comunidade nacional que sempre alimentou estima e confiança pela Igreja, deve saber que assumimos um compromisso solene", declarou o bispo, citando o empenho à "vigilância e atenção" contra os "abusos horríveis".
"Nem sempre estamos prontos para identificar a gravidade de certas ações e entendemos adequadamente que há condições incuráveis com a admoestação, o arrependimento, a vontade de recomeçar em situações novas", acrescentou.
A máxima autoridade da Igreja Católica italiana reconheceu que "houve deficiências e também escândalos, pecados de omissão e traições de confiança".
Em se referindo aos jovens seminaristas, Bagnasco citou palavras do papa Bento XVI e os exortou a "serem honestos consigo mesmos, não fingir, não entrar em uma vida dupla, se opor ao embrutecimento da alma e à indiferença que se resigna no fato de que somos feitos assim".
O presidente da CEI também fez um convite "cada vez mais aflito e urgente para mudar registros, para que todos deem um passo adiante concreto e estável por soluções úteis ao país e partilhadas o máximo possível".
O religioso falou de uma "queda de qualidade" na "cena política que deve ser medida com objetividade, sem descontos e sem instrumentalizações, se verdadeiramente se tem no coração o destino do país e não somente o próprio".
"Quando as pessoas perdem a confiança na classe política, fatalmente se retiram em si mesmas, cai o impulso participativo, tudo se torna pesado e retorcido, mas sobretudo diminui aquela possibilidade de compactação articulada e dinâmica que é absolutamente necessária para confrontar juntos os obstáculos e olhar ao futuro", continuou o titular da CEI.
Os bispos italianos veem com "apreensão profunda" o risco de que "o país se divida, não tanto por esta ou aquela iniciativa de partidos, quanto pelas tendências profundas que atravessam a Itália e que, se ancorando em uma parte da Europa, poderiam deixar para atrás a outra parte".
Bagnasco convidou governo, forças políticas, sindicatos e entidades sociais a se unirem no combate ao desemprego, e apontou a existência de uma crise moral e de valores, além da econômica. O religioso comentou ainda as populações atingidas por desmoronamentos provocados pelas chuvas e fez uma exortação por mais segurança e solidariedade.
A 62ª Assembleia Geral da CEI termina na quinta-feira (11) e deve refletir sobre o papel e as relações entre a Igreja e a União Europeia (UE).
Também serão apresentadas novas propostas para o apoio financeiro ao clero e informações sobre as obras realizadas pela instituição. (ANSA)