“Contra o ebola, é necessária ajuda de longo prazo”, diz entidade católica Cáritas
O presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz visitou nos últimos dias os dois países mais atingidos pela epidemia de ebola, Serra Leoa e Libéria. Esteve com ele mons. Robert Vitillo, delegado da Cáritas Internacional junto à ONU em Genebra, que acaba de chegar à Itália.
Entrevistado pela Rádio Vaticano, mons. Vitillo declarou que “a situação em Serra Leoa é muito grave. Há medo e até pânico na população. As escolas estão fechadas tanto em Serra Leoa quanto na Libéria”. O delegado da Cáritas recordou que, muitas vezes, enquanto os pais trabalham, as crianças ficam sozinhas, o que é outro dos problemas, porque o número de adolescentes grávidas em Serra Leoa está aumentando.
O sacerdote explicou que Serra Leoa tem entre 2.500 e 5.000 órfãos que, em muitos casos, as famílias não querem adotar porque temem que eles possam transmitir a doença, mesmo que não a tenham ou que já estejam curados do vírus. “Muitos ficam pelas ruas. Há programas da Igreja para acolhê-los e esclarecer as coisas para incentivar os parentes a adotá-los”.
As consequências vão além do ebola: “Muita gente não trabalha, porque as escolas e os escritórios públicos estão fechados”. Além disso, muitos não têm salário e não sabem como dar de comer à própria família. Assim, “ocorre o aumento da violência”, observa o padre, que complementa: “Isso vai durar depois do ebola, porque o impacto nessas populações que já tinham uma economia frágil é muito profundo”.
“É muito importante continuar aumentando a nossa resposta, não só com o envio de médicos e enfermeiros, mas também de dinheiro para estabilizar a situação econômica e reforçar as infraestruturas de saúde e de políticas sociais”. “Algumas regiões desses países só contam com as estruturas de saúde da Igreja, que são as únicas que funcionam”. A Igreja, a Cáritas e as congregações religiosas estão fazendo muito, mas “é necessário enviar mais ajuda”.
Mons. Vitillo encerrou a entrevista lembrando que o Natal é um momento especial de solidariedade para com tanta gente em situação de necessidade e de sofrimento e que, apesar de tudo, ainda não desistiu de acreditar. Em Serra Leoa, onde o sacerdote trabalhou, há muita gente que perdeu vários familiares, mas, mesmo assim, “as igrejas estão cheias, porque é uma população que tem fé”.