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HOMILIA DE DOM MARCEL LEFEBVRE NA OCASIÃO DO 30º ANIVERSÁRIO DE SUA CONSAGRAÇÃO EPISCOPAL

Paramentos Litúrgicos

Homilia de S.E.R. Dom Marcel Lefebvre na ocasião do 30º aniversário de sua consagração episcopal * Ecône, 18 de setembro de 1977

* Caríssimos irmãos, caros amigos:

* A Providência tem delicadezas, pois quis que este novo começo de ano do seminário coincida com o aniversário de minha sagração episcopal, que aconteceu em 19 de setembro de 1947 em minha cidade natal. ( Tourcoing, no norte da França ) * A pedido de amigos, quisemos festejar de uma forma particular este aniversário.

* Pois bem, esta manhã Le-mos no breviário as leituras de Tobias. Dizia-se que o jovem Tobias, quando se encontrava rodeado de judeus, de homens de sua raça que adoravam os bezerros de ouro estabelecidos pelo próprio rei de Israel, ele, ao contrário, ia fielmente ao templo e oferecia os sacrifícios previstos pela lei tal como o próprio Deus o havia pedido. Ele era, pois, fiel à lei de Deus.

* E bem, esperemos que sejamos nós também fiéis a Deus, fiéis a Nosso Senhor Jesus Cristo.

E Tobias logo foi levado ao cativeiro em Nínive, e ali, diz a Sagrada Escritura, quando todos os seus compatriotas submetiam-se ao culto pagão que os rodeava, guardou igualmente a Verdade: "retinuit omnem veritatem". Ele conservou a Verdade. Creio que é uma lição que nos dá a Sagrada Escritura, e esperamos que também nós sejamos fiéis como Tobias o foi, fiel em sua juventude, fiel mais tarde no cativeiro. Não é verdade que hoje em dia esta mos, de certa forma, em um cativeiro que nos rodeia por todas as partes, se manifesta por todas as partes, nos é imposta pelos que se submetem ao espírito maligno, no mundo e até no interior da Igreja, pelos que destroçam a Verdade, a-têm em escravidão ao invés de manifestá-la, de mostrá-la? Estamos num mundo escravo do demônio, escravo de todos os erros deste mundo.

* Mas queremos guardar a Verdade, queremo-la continuar manifestando. E qual é, por conseguinte, esta Verdade? Nós temos seu monopólio? Somos a tal ponto presunçoso que podemos dizer: nós temos a Verdade, os ou tros não a tem? Esta Verdade não nos pertence, não vem de nós, não foi inventada por nós. Esta Verdade nos é transmitida, nos é dada, está escrita, está viva na Igreja e em toda a história da Igreja. Esta Verdade é conhecida, está em nossos livros, em nossos catecismos, em todas as atas dos Concílios, nas atas dos Sumos Pontífices, está em nosso Credo, em nosso Decálogo, nos dons que o Bom Deus nos concedeu: o Santo Sacrifício da Missa e os sacramentos. Não somos nós quem a inventamos. Não fazemos nada além de perseverar na Verdade.

* Porque a Verdade tem um caráter eterno. A Verdade que professamos é Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo que é Deus, e Deus não muda.

Deus permanece na imutabilidade, São Paulo é quem nos diz: "Nec vicissitudinis obumbratio". Não há nem sequer uma sombra de vicissitude NELE, uma sombra de mudança em Deus. Deus é imutável, "semper idem", sempre o mesmo. Ele é, certamente, Ele, a fonte de tudo o que Mu da, de tudo o que se move no universo, mas Ele é imutável. E pelo mesmo fato de que professamos Deus como Verdade, entra-mos, de alguma forma, pela Verdade na eternidade. Não temos direito a mudá-la, esta Verdade não pode mudar, não mudará jamais.

* Os homens foram colocados neste mundo para receber um pouco desta luz da eternidade que descende sobre eles. De alguma forma se tornam, eles também, eternos, imortais, na medida em que se aferram à Verdade de Deus. Na medida em que se aferram nas coisas que mudam, as coisas mutáveis, não estão mais com Deus. E é disto que sentimos necessidade. Todos os homens sentem essa necessidade.

Têm neles uma alma imortal que agora está na eternidade, alma que será feliz ou desgraçada, mas esta alma existe, já não morrerá, isto é definitivo.

* Os homens, todos os que nasceram, todos os que têm uma alma entraram na eternidade. E por isso têm necessidade das coisas eternas, da verdadeira eternidade que é Deus. Não podemos nos privar DELE, isto forma parte de nossa vida, é o que há de mais essencial em nós. Eis aqui por que os homens buscam a Verdade, a eternidade, porque têm em si mesmos uma necessidade essencial de eternidade.

* E quais são os meios mediante os quais Nosso Senhor nos deu a eternidade, no-la comunica, nos faz entrar em nossa eternidade, inclusive aqui embaixo? Com frequência, quando atravessava esses países da África, quando me pediam que visitasse as dioceses, elegia um tema que me era querido, muito sensível por outro lado e que já ouvistes muitas vezes, mas que concretizava, para esses povos simples a quem tinha que falar, a Verdade.

Eu lhes dizia: mas quais são os dons que Deus nos deu que nos fazem participar da vida divina, da vida eterna e que começam a nos pôr na eternidade?

* Há três principais dons que Deus, que Nosso Senhor nos fez: o Papa, a Santíssima Virgem e o Sacrifício Eucarístico. * *

* ( O Papa ) *

* E, em efeito, é um dom extraordinário que Deus fez ao nos dar o Papa, ao nos dar os sucessores de Pedro, ao nos dar justamente esta perenidade na Verdade que nos é comunicada pelos sucessores de Pedro, que deve ser comunicada pelos sucessores de Pedro. E parece inconcebível que um sucessor de Pedro possa fal tar, de alguma forma, à comunicação da Verdade que deve transmitir, porque não pode ­ sem quase desaparecer da geração dos Papas ­ não comunicar o que os Papas sempre comunicaram: o depósito da fé, que tampouco lhe pertence.

* A Verdade do depósito da Fé não pertence ao Papa. É um tesouro de Verdade que foi ensinada durante vinte séculos. E ele o deve transmitir fiel e exatamente a todos aqueles aos quais está encarregado de falar, de comunicar a Verdade do Evangelho. Ele não é livre.

* E, por conseguinte, na medida em que sucedesse. Por circunstâncias absolutamente misteriosas que não podemos compre ender, que superam nossa imaginação, que superam nossa concepção, se sucedesse que um Papa, que o que está sentado na sé de Pedro viesse a obscurecer de alguma forma a Verdade que deve transmitir, ou a já não transmiti-la fielmente, ou a deixar difundir a obscuridade do erro, a esconder de certa forma a verdade, nesse caso devemos rogar a Deus com todo nosso coração, com toda nossa alma, para que se faça a luz naquele que está encarregado de transmiti-la.

* Mas não podemos mudar de Verdade por isso, cair no erro, seguir o erro, porque aquele que foi encarregado de transmitir a Verdade fosse débil e deixasse difundir o erro ao seu redor. Não queremos que nos invadam as trevas. Queremos permanecer na luz da Verdade. Permanecemos na fidelidade ao que foi ensinado durante dois mil anos.

Porque é inconcebível que o que foi ensinado durante dois mil anos e que é, como vos dis se, uma parte da eternidade, possa mudar.

* Porque é a eternidade a que nos foi ensinada, é Deus eterno, é Jesus Cristo Deus eterno, e tudo o que está fixado em Jesus Cristo está fixado na eternidade, tudo o que está fixado em Deus está fixado para a eternidade. Nunca se poderá mudar a Trindade, nunca se poderá mudar o fato da obra redentora de Nosso Senhor Jesus Cristo pela Cruz, pelo Sacrifício da Missa. São coisas eternas que pertencem à eternidade, que pertencem a Deus.

* Como alguém aqui embaixo poderia mudar estas coisas? Que sacerdote se sentiria no direito de mudar estas coisas, de modificá-las? Impossível, impossível!

* Quando conservamos o passado, conservamos o presente e conservamos o porvir. Porque é impossível, eu diria metafisicamente, divinamente impossível, separar o passado do presente e do porvir. Impossível! Ou Deus não é mais Deus! Ou Deus não é mais eterno! Ou Deus não é mais imutável.

* E então não há nada mais que crer, estamos no erro, completamente.

* É por isso que, sem preocupar-nos por tudo o que passa ao nosso redor hoje em dia, deveríamos fechar os olhos diante do horror do drama que vive-mos, fechar os olhos, afirmar nosso Credo, nosso Decálogo, meditar no Sermão da Montanha que é igualmente nossa lei, aferrar-nos ao Santo Sacrifício da Missa, aferrar-nos aos Sacramentos, esperando que a luz se faça novamente ao nosso redor. Isso é tudo.

* Eis aqui o que devemos fazer e não entrar em rancores, em violências, em um estado de espírito que não seria fiel á Nosso Senhor, que não estaria na caridade.

* Fiquemos, permaneçamos na caridade; oremos, soframos, aceitemos todas as provas, tudo o que nos possa acontecer, tudo o que o Bom Deus possa nos enviar. Façamos como Tobias: todos os seus o haviam abandonado, eles adoravam os bezerros de ouro, adoravam os deuses pagãos, ele permanecia fiel.

* E, no entanto, ele mesmo talvez pudesse pensar que estando completamente só na fidelidade, se arriscava a faltar à verdade. Mas não, ele sabia que o que Deus havia ensinado a seus pais não poderia mudar. A Verdade de Deus existia e não podia mudar. Nós também devemos nos apoiar sobre a Verdade que é Deus, ontem, hoje e amanhã.

"Jesus Christus heri, hodie ET in saecula".

* E por isso eu diria: devemos guardar a confiança no papado, devemos guardar a confiança no sucessor de Pedro, enquanto é sucessor de Pedro. Mas se porventura ele não for perfeitamente fiel a sua função, então devemos permanecer fiéis aos sucessores de Pedro e não a quem não seria o sucessor de Pedro. Isto é tudo. De fato, ele está encarregado de nos transmitir o depósito da fé. * *

* ( A Santíssima Virgem Maria ) *

* O segundo dom é o da Santíssima Virgem Maria.

* A Santíssima Virgem Maria, Ela, não mudou nunca. Imaginai que a Santíssima Virgem Maria pudesse mudar sobre a ideia que se poderia fazer da divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Divino Filho, sobre o sacrifício da Cruz que Ele devia padecer, sobre a obra da Redenção! A Santíssima Virgem pôde mudar um ápice em sua Fé? Pôde, em alguma época de sua vida, ter dúvidas, cair no erro? Pôde duvidar da divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, duvidar da Santíssima Trindade, Ela que estava cheia do Espírito Santo? Impossível, inconcebível!

* Ela já estava aqui embaixo na eternidade. A Santíssima Virgem Maria, por sua Fé, uma Fé imutável, profunda, não podia ser turbada de forma alguma, isso é evidente. A esta santa Mãe devemos pedir que tenha-mos sua fidelidade, "Virgo fidelis", Virgem fiel.

* Não nos deixemos levar pelos ruídos que nos rodeiam; fidelidade, fidelidade, como a Santíssima Virgem Maria.

* E acrescentaria sobre a Santíssima Virgem Maria uma coisa que me parece importante para nós no momento que vivemos atualmente. A cada momento nos é dito: Nossa Senhora fez isto, aquilo, Nossa Senhora apareceu aqui, Nossa Senhora comunicou tal mensagem a tal pessoa. Certamente, não somos contra a possibilidade de uma palavra que a Santíssima Virgem possa dirigir a pessoas de sua escolha, evidentemente.

Mas estamos em um período tal, neste momento, que devemos desconfiar, devemos desconfiar.

* O lugar da Santíssima Virgem Maria na teologia da Igreja, na Fé da Igreja, é, em minha opinião, infinitamente suficiente para que a amemos sobre todas as criaturas depois de Nosso Senhor Jesus Cristo, e para que tenhamos nela uma devoção que seja uma devoção profunda, contínua, cotidiana.

* Não é necessário para nós que tenhamos de recorrer constantemente a mensagens das quais não estamos absolutamente cer tos se vêm ou não da Santíssima Virgem. Não falo das aparições que foram e são abertamente reconhecidas pela Igreja. Mas devemos ser muito prudentes no que concerne aos rumores que ouvimos hoje de todos os lados. A cada instante recebo pessoas ou comunicados que me seriam enviados por parte da Santíssima Virgem, ou de Nosso Senhor, uma mensagem recebida ali, outra recebida acolá. Desejamos que Nossa Senhora esteja entre nós todos os dias.

* Mas Ela está, o sabemos, Ela está conosco.

Ela está presente em todos os nossos Sacrifícios da Missa. Ela não pode se separar da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nossa devoção à Santíssima Virgem deve ser profunda, perfeita, mas não deve depender de alguma mensagem particular. * * * * *

* ( O Sacrifício Eucarístico ) *

* Finalmente, o terceiro dom de Nosso Senhor Jesus Cristo: o Sacrifício Eucarístico.

* Deus, Jesus Cristo, se da-Ele mesmo a nós mediante o Sacrifício Eucarístico. O que poderia fazer de mais belo? E a que devemos estar mais aferrados senão ao Santo Sacrifício da Missa? Com frequência o digo aos seminaristas: se á Fraternidade Sacerdotal São Pio X tem uma espiritualidade especial ­ não desejo que tenha uma espiritualidade especial, não é que critique aos fundadores de Ordens como Santo Inácio, São Domingos e São Vicente de Paulo, etc., em uma palavra, aos que quiseram dar um selo especial a sua congregação, selo que sem dúvida era querido pela Providência no momento em que eles viveram ­, penso que se há um selo particular em nossa Fraternidade Sacerdotal São Pio X, é a devoção ao Santo Sacrifício da Missa.

* Que nossos espíritos, nossos corações, nossos corpos sejam como que cativados pelo grande mistério do Santo Sacrifício da Missa.

E, na medida em que compreendemos melhor este grande mistério do Sacrifício da Missa e da Eucaristia, porque o Sacrifício e o Sacramento estão unidos, são as duas grandes realidades do Sacrifício da Missa; na medida na qual aprofundaremos essas coisas, compreenderemos também melhor o que é o sacerdócio, a grandeza do sacerdócio.

* Porque está-unido intimamente, eu diria metafisicamente, ao Sacrifício da Missa. E isso é muito importante na época atual.

* Temos necessidade disso, meus queridos amigos. Tendes necessidade de estar cativados por esta espiritualidade do Santo Sacrifício da Missa. Não somente os sacerdotes, por outro lado, senão também nossos religiosos, nossos irmãos, nossas religiosas e todos os leigos hoje, todos nossos queridos fiéis que estão aqui presentes. Devemos ter pelo Santo Sacrifício da Missa uma devoção maior que nunca, porque ela é o fundamento, a pedra fundamental de nossa Fé. Na medida em que já não temos esta devoção ao Santo Sacrifício da Missa, na medida em que fazemos deste Sacrifício uma simples comida, na medida em que as ideias protestantes se introduzem entre nós, nesta medida arruinamos nossa santa religião.

* Não me atrevo a vos citar o exemplo do que acon teceu no Chile durante os três dias que passei ali. Mas, no entanto, já que isso me vem à mente, vos digo simplesmente para vos mostrar até onde chegou à degradação da ideia do Santo Sacrifício da Missa nas pessoas mais altas e mais elevadas da Hierarquia católica. No curso de nossa permanência em Santiago do Chile, apareceu na televisão uma concelebração presidida pelo Bispo auxiliar de Santiago do Chile, rodeado ­ eu não vi pela televisão, mas isto me dis seram numerosas pessoas que assistiram ­ de quinze ou vinte sacerdotes que concelebravam com ele.

Durante esta concelebração, o Bispo auxiliar explicou aos fiéis, portanto, a todos os que o viam pela televisão, que era uma comida, e que, por conseguinte, não via inconveniente em que se fumasse durante essa comida. E ele mesmo fumou durante esta concelebração.

* Eis aqui ao que se chega! a que degradação, a que sacrilégio pode chegar um Bispo diante de todos os seus paroquianos! Isso é inaudito, inconcebível! Teria que fazer reparação de coisas semelhantes durante anos, isto é um escândalo inimaginável. Mas isso nos mostra a que nível se pode chegar quando já não se está na Verdade.

* Então devemos estar aferrados ao Sacrifício da Missa como à pupila de nossos olhos, ao que há de mais querido em nós, de mais respeitável, de mais santo, de mais sagrado, de mais divino. É o que é este seminário.

* Tudo o que quiser será dito do seminário, será criticado por todas as partes: o seminário é isto, o seminário é aquilo, foi decidido isto no seminário, foi decidido aquilo no seminário. Não se decidiu nada em absoluto.

Nada mudou em absoluto. O seminário continua sendo o que é. Continua sendo o que era e aquilo para o qual foi fundado. O seminário continua sendo um seminário católico. E se Deus me concede vida, o seminário não mudará. Morrerei antes de se mudar qualquer coisa na doutrina católica que deve ser ensinada no seminário.

* Queremos guardar a Fé, queremos fazer sacerdotes católicos, acabo de vos explicar, pelas três coisas principais da Igreja Católica: o Papa, a Santíssima Virgem Maria e o Santo Sacrifício da Missa. Estes são os fundamentos de nossa devoção aqui em Ecône.

* E aconteça o que acontecer não mudare-mos, com a graça de Deus. Então que se diga o que se quiser; o seminário mudou, o seminário tomou nova orientação, o seminário tem isso, o seminário tem aquilo; é o diabo quem o diz, porque quer destruir o seminário. Evidentemente, não pode suportar alguns sacerdotes católicos, não pode suportar alguns sacerdotes que têm a Fé.

* E aqui é mis-ter dizê-lo claramente: ao nosso redor, um pouco em todos os países, mas particularmente na França, há tais divisões entre os que querem guardar a Fé católica, que estouram então as calúnias, as murmurações, as palavras exageradas, algumas reflexões insensatas, injustificadas.

Não nos ocupemos disso. Deixemos falar, ajamos bem, façamos a vontade de Deus, segundo a vontade da Igreja Católica, continuando o que nossos predecessores e nossos antepassados fizeram, o que o Concílio de Trento pediu que os Bispos fizessem, continuando a formação que sempre foi dada aos sacerdotes e teremos a certeza de estar na Verdade.

* Isso é tudo. Permaneçamos na serenidade, permaneçamos na Fé. E se, porventura, nós não ensinássemos a Fé aqui, então, deixai-me, se não vos ensino aqui a Verdade católica, partis, queridos seminaristas, não ficais! É um dever vosso. Mas se eu ensino a Fé católica, se ela é ensinada aqui ­ tendes toda a biblioteca à vossa disposição para verificar se nós damos a Fé católica ou se não a damos ­ então tenhais confiança em nós.

* Mas nós faremos tudo para que a Fé católica continue sendo ensinada aqui, em sua integridade, para que pos sais, também vós, levar esta verdade que é tão fecunda de graça e de vida, porque a Verdade é também fonte de vida, fonte de graça.

Temos necessidade desta vida, os fiéis a reclamam.

* Por que temos pedidos de todas as partes para ter sacerdotes? Porque os fiéis têm sede da Verdade, sede da graça de Nosso Senhor, sede da vida sobrenatural, sede desta vida divina, sede desta eternidade à qual se dirigem.

* Então tenhamos confiança no que a Igreja sempre-fez, não confiança em Dom Lefebvre. Sou um pobre homem como os demais, não tenho a pretensão de ser melhor que os demais, muito pelo contrário. Não sei por que o Bom Deus me permitiu ter trinta anos de episcopado. Penso que humanamente julgando, preferiria ter ficado como missionário nos matagais do Gabão, ilhado, e não teria tido todos os problemas que tive durante meus trinta anos de episcopado.

* Mas o Bom Deus o quis e o Bom Deus nos continua provando, fazendo-nos levar a cruz. E bem, se é sua vontade, que seja feita. Continuemos levando a cruz. Não é porque o Bom Deus nos impõe cruzes que devemos abandoná-lo. Não temos que abandonar á Nosso Senhor, ao contrário! Devemos segui-lo.

* Então, meus queridos amigos, sejais fiéis, fiéis á Nosso Senhor, fiéis à Santíssima Virgem Maria, fiéis ao Papa, sucessor de Pedro, quando o Papa se mostra verdadeiramente sucessor de Pedro, porque isso é ele, dele temos necessidade. Não somos gente que quer romper com a autoridade da Igreja, com o sucessor de Pedro. Mas tampouco somos gente que queira romper com vinte séculos de tradição da Igreja, com vinte séculos de sucessores de Pedro. Escolhemos.

* Escolhemos ser obedientes na realidade a tudo o que os Papas ensinaram durante vinte séculos, e não podemos crer que ele que está na sé de Pedro não quer ensinar essas coisas, não o podemos imaginar. Se por azar o fizesse, pois bem, Deus o julgará. Mas nós não podemos ir ao encontro do erro por haver uma espécie de ruptura na cadeia dos sucessores de Pedro.

* Nós queremos permanecer fiéis aos sucessores de Pedro que nos transmitem o depósito da Fé.

E é nisto no que somos fiéis à Igreja Católica, que permanecemos na Igreja Católica e que não faremos nunca um cisma. Isso é impossível, porque na medida em que estamos aferrados precisamente a esses vinte séculos da Tradição da Igreja, a esses vinte séculos de Fé da Igreja, não podemos fazer um cisma. Isso é o que nos garante que temos o presente e o futuro como vos disse:

"Jesus Christus heri, hodie ET in saecula". Impossível separar o passado do presente do futuro. Apoiando-nos no passado estamos seguros do presente e do futuro.

* Assim, pois, tenhamos confiança, peçamos à-Nossa Senhora que nos ajude em todas estas circunstâncias. Ela é forte como um exército em ordem de batalha, Ela que sofreu o martírio, Rainha dos mártires, na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois bem, por acaso não seguiremos nossa Santa Mãe, por acaso não estaremos com nossa Santa Mãe, prontos para também sofrer o martírio para que a obra da Redenção continue?

* Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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