OS FRUTOS DE UMA VIDA SEM FÉ. A CRUZADA DO ATEÍSMO MILITANTE CONTRA A FÉ CRISTÃ E SUAS CONSEQUÊNCIAS
O mundo relativista também tem seus dogmas. Torna-se cada vez mais comum nos dias de hoje a exclusão da fé cristã, como um pressuposto básico para o desencadeamento de uma ação social.
O simples ato de crer é considerado um comportamento desumano, tendo-se a impressão de que a fé levaria o indivíduo a uma espécie de alienação de seus direitos, posto que a pessoa se perde em orações e rituais sem sentido. O homem, portanto, deveria ser privado da fé ou, ao menos, esclarecido sobre os males que advêm dela, sobretudo daquelas religiões que pregam a crença num Deus único e pessoal.
A tentativa de eliminar-se a fé das pessoas foi uma constante nos últimos dois séculos. Sob o axioma marxista de que a religião seria o “ópio do povo”, inúmeros governos, mormente aqueles de índole gnóstica e ateia, subjugaram povos inteiros, acusando-os até mesmo de crime contra a pátria, simplesmente por aplicarem a máxima cristã do “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Cf. Mt. 12,15-21). Foi assim que o governo maçom de Plutarco Elías Calles dizimou centenas de cristãos, no México, durante a chamada Guerra de Cristiada, na década de 20, com o pretexto de impedir o avanço de “crenças fundamentalistas”. De igual modo, nazistas e comunistas no leste europeu deram cabo de mais de 100 milhões de vidas, em apenas um século, montados nos auspícios do que Pio XI acertadamente chamou de “ideologia neopagã detestável”. De fato, a loucura revolucionária, segundo os cálculos do professor R.J. Rummel, da Universidade do Havaí, levou à morte mais civis no século XX do que todas as guerras e catástrofes naturais do começo da civilização até hoje somadas. Eis o tamanho do crime: 262 milhões de mortos e contando.
O montante de corpos contabilizados pelas sendas da revolução dá-nos a prova do quão equivocado está aquele professor universitário que, a fim de conquistar a turma e demonstrar ares de superioridade intelectual, precisa fazer troça da Igreja Católica e daqueles que ousam romper o dogma de que é necessário desertar de seu batismo para conquistar um diploma acadêmico. Ateísmo não é sinônimo de inteligência. Pelo contrário, trata-se de uma simples negação da realidade e, em última análise, das suas exigências. Com efeito, diz-nos Bento XVI: “somente quem reconhece Deus, conhece a realidade e pode corresponder-lhe de modo adequado e realmente humano”. E essa afirmação se torna tanto mais verdadeira quando confrontada com os frutos do “século do nada” – para usar uma expressão de Gustavo Corção. Seja na ficção científica de Richard Dawkins – a nova coqueluche do neoateísmo –, seja nos diálogos de Nietszche – sobretudo no seu “Assim falou Zaratustra” –, o que se percebe no ateísmo militante é muito mais uma atitude de afetação e preconceito religioso do que de autêntica sabedoria.
Certamente, os ateus que procuram acoimar os cristãos de ignorantes desconhecem a literatura de Chesterton, a profundidade filosófica de Edith Stein, os progressos científicos de Jerome Lejeune – o responsável pela descoberta da trissomia 21, comumente conhecida por Síndrome de Down –, a pesquisa histórica de Paul Johnson e Daniel-Rops ou, quem sabe ainda, a famosíssima mitologia de J.R.R. Tolkien. Não por acaso, C.S. Lewis, outro autor cristão de renome internacional, acabou deixando a bobagem agnóstica para trás justamente pelo exemplo do amigo criador d’O Senhor dos Anéis:
[…] Lewis achava difícil aceitar o fato de que seu novo amigo era um dos homens mais interessantes, intelectuais e inteligentes que ele jamais havia conhecido e ainda um cristão devoto – e católico, para começar.
A cruzada ateísta contra a fé cristã não só abre caminho para a falsificação do conceito de realidade, como também para o ressurgimento do paganismo. Quando não se crê em Deus, acaba-se crendo em tudo. “A superstição” – recorda-nos G.K. Chesterton – “ocorre em todas as épocas, e especialmente em épocas racionalistas”. E o resultado não podia ser outro, senão o que já foi visto em todos os períodos em que a humanidade foi deixada à mercê dos falsos deuses. O cristianismo, por sua vez, baseia-se em outra medida: Nosso Senhor Jesus Cristo. É Ele que vem a nós, é Ele o nosso fundamento. A partir disso, constitui-se grande verdade a afirmação do Papa Francisco, na última Mensagem para o dia mundial da paz:
[…] Uma verdadeira fraternidade entre os homens supõe e exige uma paternidade transcendente. A partir do reconhecimento desta paternidade, consolida-se a fraternidade entre os homens, ou seja, aquele fazer-se «próximo» para cuidar do outro.
Quando se coloca Deus entre parêntesis, pretendendo-se assim dar prioridade aos bens materiais, econômicos e políticos, começa-se por incutir no coração do homem uma lógica gladiadora, na qual todos são nivelados à condição de objeto. É humano aquele que tiver mais poder. Disso nasce a famosa frase do ateu Jean-Paul Sartre: “o inferno são os outros”. O homem deixa de ser irmão para se converter em obstáculo. E uma tal lógica só poderia “terminar por caminhos equivocados e com receitas destruidoras.”
Diz-nos o evangelho que uma árvore é reconhecida pelos seus frutos. Certamente, 262 milhões de mortos não são o que poderíamos chamar de “bons frutos”. (Equipe Christo Nihil Praeponere)