Papa Francisco pode ter encontro com Fidel Castro em Havana
O papa Francisco poderá ter um encontro oficial com o ex-presidente cubano Fidel Castro, em Havana, informou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
Apesar do encontro ainda não estar marcado, Lombardi comentou que a hipótese é "verossímil", mas que é preciso checar as duas agendas e pensar "como fazê-lo". "O desejo que o Papa se encontre com Fidel foi expresso até pelo presidente Raúl Castro durante a audiência com o Pontífice no Vaticano, em maio", confessou Lombardi. No entanto, a blogueira e opositora ao regime cubano Yoani Sanchez disse que Fidel "representa exatamente o oposto" do que Francisco "promove em suas homilias e ações". De acordo com ela, o contexto político cubano exigirá "toda a habilidade diplomática de Jorge Mario Bergoglio", mas sua visita "não mudará Cuba". A blogueira recomendou que o Pontífice "não carregue sozinho, em suas costas, os pedidos de 11 milhões de habitantes da ilha".
O argentino será o terceiro Papa a visitar Cuba, mas o primeiro desde o restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos, após cinco décadas. João Paulo II esteve em Cuba em 1998, enquanto Bento XVI visitou a ilha em 2012. A ida de Francisco ao país foi ajustada após o Vaticano ter mediado, com sucesso, os diálogos entre Havana e Washington no ano passado. Ele chegará no dia 19 de setembro e ficará até 22. Depois de Cuba, o líder da Igreja Católica visitará os Estados Unidos, com passagens por Nova York, Filadélfia e Washington.Na capital norte-americana, o líder da Igreja Católica terá um encontro oficial com o presidente Barack Obama. O Vaticano desmentiu que esteja previsto uma reunião de Francisco com o presidetne russo, Vladimir Putin, em Nova York.
Segundo Lombardi, o mandatário russo não estará na cidade no dia que o Papa discursará na sede das Nações Unidas. Moscou atualmente exerce a presidência temporária do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O porta-voz também negou que haja ameaças contra a visita de Francisco. "Não há preocupações específicas", comentou Lombardi.
"O Papa tende a se movimentar como faz normalmente. Ele usará o papamóvel aberto, passando entre as multidões", explicou. A imprensa norte-americana divulgou na semana passada que grupos neonazistas postaram mensagens em redes sociais com ameaças ao Papa. "Ele merece ser justiçado por seus crimes contra a raça branca", dizia um texto em um fórum de extrema-direita que já hospedou contas de pessoas como o norueguês Anders Breivik, autor do massacre de Utoya, em 2011. De acordo com o jornal "The New York", as autoridades já começaram os preparativos para a visita do Papa, reforçando a segurança. Nos últimos dias, exercícios policiais e militares foram acompanhados pelo prefeito Bill de Blasio. Já a rede "ABC" divulgou que um jovem de 15 anos foi detido no mês passado, na Filadélfia, sob suspeita de planejar um ataque contra o Papa inspirado no grupo extremista Estado Islâmico (EI, ex-Isis). Uma das principais preocupações das autoridades é a influência que o EI tem em jovens nas redes sociais, treinando-os para se tornarem "lobos solitários" – indivíduo sem ligação com organizações terroristas que comete atentados de maneira independente