Papa Francisco recebe a presidente da Argentina. Vaticano não revela tema da conversa
O papa Francisco almoçou nesta segunda-feira com a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, em reunião na Casa de Santa Marta, no Vaticano. Esta foi a primeira visita de um chefe de Estado ao pontífice, que foi nomeado papa na última quarta (13).
Segundo o Vaticano, os dois tiveram uma conversa de 15 minutos antes da refeição, cujo conteúdo não será divulgado pela Santa Sé. Na entrada no Vaticano, Francisco deu um beijo na mandatária, com quem teve uma relação turbulenta no período em que foi arcebispo de Buenos Aires.
Em retribuição à visita, Cristina lhe deu de presente um kit para tomar mate, com cuia, garrafa térmica e açucareiro, explicando cada detalhe do presente. A presidente recebeu de Francisco uma majólica com a imagem da Basílica de São Pedro.
Mais cedo, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que o encontro é um "gesto de cortesia e afeto" para a chefe de Estado e o povo argentino."Trata-se de um gesto de cortesia, de atenção para a Argentina e sua presidente", disse.
O padre considerou como "natural" o fato de o papa receber a presidente da Argentina, o país do pontífice, de maneira "diferente" do restante das delegações que assistirão à missa de inauguração de seu pontificado. Para Lombardi, não se trata apenas de uma visita de Estado.
A mandatária também irá à primeira missa do pontificado, nesta terça (19), que reunirá delegações de mais de 150 países. O papa Francisco deve receber os representantes de cada país no final da missa, no Altar da Confissão, no interior da Basílica de São Pedro.
Além de Cristina, viajaram a Roma o chanceler Hector Timerman e os presidente da Suprema Corte, Ricardo Lorenzetti, e da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez. A comitiva ainda é integrada pelo opositor Ricardo Alfonsín, além de representantes de outros partidos e da Conferência Episcopal Argentina.
A relação entre a presidente e o cardeal Bergoglio sempre foi turbulenta, desde os tempos em que o marido de Cristina, Néstor Kirchner, era presidente. Os principais pontos de discórdia foram as aprovações de leis sobre temas polêmicos, como o aborto e o casamento gay.
Além disso, Néstor, morto em outubro de 2010, rompeu a tradição que vinha desde 1810 e preferiu não ir à missa do Te Deum de 25 de maio, que comemora a Revolução de Maio, primeiro passo para a independência da Argentina.
A celebração é feita desde os primeiros anos de independência do país, que formou a primeira junta de governo em 1810 e conseguiu oficialmente a emancipação em 1816. A última reunião particular entre Cristina e Bergoglio aconteceu em 2010.