Relatório sobre finanças do Vaticano elogiará reformas, diz fonte
Um relatório europeu sobre os esforços do Vaticano para adotar transparência em suas finanças, depois de uma série de escândalos envolvendo o seu banco, vai elogiar reformas recentes, mas também destacará o que ainda precisa ser feito para que o Estado alcance padrões internacionais em todas as áreas.
O documento será divulgado na quarta-feira por um departamento do Conselho da Europa, mas por enquanto ainda é mantido em segredo. De acordo com uma fonte que está a par do relatório, a avaliação dará ao Vaticano uma nota de aprovação total em áreas-chave, mas trará críticas a outras.
Os itens foram elaborados pelo Comitê de Peritos na Avaliação de Medidas Anti-Lavagem de Dinheiro, conhecido como Moneyval, o mecanismo de monitoramento do Conselho da Europa que é responsável por garantir que todos os Estados membros cumpram os padrões financeiros internacionais.
As recomendações e avaliações externas são um marco para o Vaticano, que vem tentando mudar sua imagem como centro financeiro suspeito desde 1982, quando o italiano Roberto Calvi, conhecido como "O Banqueiro de Deus" por causa de suas ligações com o Estado, morreu em circunstâncias misteriosas.
A divulgação do relatório ocorrerá menos de dois meses depois que o ex-presidente do banco do Vaticano, oficialmente conhecido como Instituto para as Obras de Religião, foi afastado em uma dramática disputa sobre a administração da instituição, que está sendo investigada por magistrados italianos por lavagem de dinheiro, o que o Vaticano nega.
A rigorosa avaliação, pedida pelo Vaticano há vários anos, inclui 49 recomendações, muitas interligadas, e cada uma das quais classificada de acordo com níveis de conformidade com os padrões: não-cumpridor, parcialmente cumpridor, amplamente cumpridor, ou cumpridor.
Em essência, cumpridor e amplamente cumpridor são notas indicando que "passou", enquanto parcialmente cumpridor e não cumpridor são notas de "reprovação", indicando que é necessário fazer mais esforços em áreas específicas.
Dezesseis das 49 recomendações são tidas como "fundamentais e centrais", e incluem temas como criminalização de lavagem de dinheiro, confisco de propriedade resultante de lavagem de dinheiro e relato de transação suspeita.
A previsão é de que o Vaticano passará em cerca de nove desses itens e receberá cerca de sete notas de "parcialmente cumpridor" ou "não cumpridor", algo que uma fonte qualificou como sendo "boa notícia", considerando que o Estado só realizou a reforma de sua legislação financeira há menos de três anos.