O Papa

SUCESSÃO APOSTÓLICA – QUINTA E ÚLTIMA PARTE – PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO

Paramentos Litúrgicos
Caros Leitores a paz!

Em tempo, aproveito esta última parte da matéria " Sucessão Apostólica" para fazer uma correção. Sim, errei feio, na ordem ordinal da sucessão " pulei" o 73º , e após estes a numeração ficou incorreta. O Papa Francisco é o 266º  Papa, e não o 267º como informei anteriormente.

Mas sem mais delongas, vamos aos três últimos sucessores do Trono de São Pedro:

Papa João Paulo II264º Papa João Paulo II

Karol Józef Wojtyła nasceu em Wadwice uma pequena localidade ao sul da Polônia.  Ainda garoto, Karol demonstrou interesse pelos esportes, geralmente jogando futebol na posição de goleiro.

Ele ainda participou de diversos grupos teatrais, atuando principalmente como dramaturgo. Foi nesta época que o seu talento para as línguas floresceu e ele aprendeu 12 línguas diferentes, nove das quais ele usaria extensivamente no futuro como papa.

Em 1939, as forças de ocupação da Alemanha Nazista fecharam a Universidade Jaguelônica após a invasão da Polônia no início da Segunda Guerra Mundial. Todos os homens capazes foram obrigados a trabalhar e assim, de 1940 até 1944, Karol trabalhou em empregos tão diversos como mensageiro para um restaurante, operário numa mina de calcário e para a indústria química Solvay, tudo isso para evitar ser deportado para a Alemanha. Após a morte de seu pai, ele começou a considerar seriamente a ideia do sacerdócio.  

Ao terminar os estudos no seminário de Cracóvia, Karol foi ordenado padre em 1 de novembro de 1946, Dia de Todos os Santos, pelo seu protetor, o arcebispo de Cracóvia Adam Sapieha.

Com a idade de 38 anos, Karol se tornara o mais jovem bispo da Polônia. Em outubro de 1962, Karol participou do Concílio Vaticano II(1962-1965), no qual ele contribuiu com dois dos mais importantes e históricos resultados do concílio, o "Decreto sobre a Liberdade Religiosa" (Dignitaris Humanae) e a "Constituição Pastoral da Igreja no Mundo Moderno" (Gaudium et Spes). Em 1967, ele foi importante na formulação da Encíclica Humane Vitae, que trata das mesmas questões que impedem o aborto e o controle de natalidade por meios não-naturais.

Em agosto de 1978, após a morte do Papa Paulo VI, o Cardeal Wojtyła votou no conclave papal que elegeu o Papa João Paulo I, que aos 58 anos foi considerado jovem pelos padrões papais. João Paulo I morreu após somente 33 dias como Papa, precipitando assim um outro conclave.

O segundo conclave de 1978 começou em 14 de outubro, dez dias após o funeral do Papa João Paulo I. O cardeal polonês, Karol Józef Wojtyła ganhou a eleição na oitava votação no segundo dia, de acordo com a imprensa italiana, com 99 votos dos 111 eleitores participantes. Em seguida, ele escolheu o nome de João Paulo II em homenagem ao seu antecessor, e a tradicional fumaça branca informou a multidão reunida na Praça de São Pedro, que um papa havia sido escolhido. Ele aceitou sua eleição com essas palavras: ‘Com obediência na fé em Cristo, meu Senhor, e com confiança na Mãe de Cristo e da Igreja, apesar das grandes dificuldades, eu aceito. Quando o novo pontífice apareceu na varanda, ele quebrou a tradição, dizendo a multidão reunida: Queridos irmãos e irmãs, todos estamos ainda tristes com a morte do querido papa João Paulo I. E agora os  Cardeais chamaram um novo Bispo de Roma. Chamaram-no de um país distante… Distante, mas sempre muito próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo ao receber esta nomeação, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso Senhor e com a confiança total na sua Mãe, a Virgem Santíssima. Não sei se posso expressar-me bem na vossa… na nossa língua italiana. Se eu cometer um erro, por favor ‘corrijam-me…

Com apenas 58 anos de idade, ele foi o mais jovem papa eleito desde Pio IX em 1846, que tinha 54 anos. Assim como seu antecessor imediato, João Paulo II dispensou a tradicional coroação papal e, em vez disso, recebeu a investidura eclesiástica que simplificou a cerimônia de posse papal, em 23 de outubro de 1978. Durante a sua posse, quando os cardeais estavam a ajoelhar-se diante dele para tomar seus votos e beijar o Anel do Pescador, ele levantou-se quando o prelado polonês, Cardela Stefan Wysznski, ajoelhou-se, interrompeu-o e simplesmente deu-lhe um abraço.

Com mais de 26 anos, é o terceiro pontificado mais longo da História da Igreja Católica. Alguns números que se destacam são o de viagens pastorais fora da Itália (mais de 100, visitando 129 países e mais de 1000 localidades), cerimônias de beatificação (147) e canonizações (51), nas quais foram proclamados 1338 beatos e 482 santos. É considerado pelo seu carisma e habilidade para lidar com os meios de comunicação social, o Papa mais popular da História.

A primeira metade do seu pontificado ficou marcada pela luta contra o comunismo na Polônia e restantes países da Europa de Leste e do mundo. Muitos poloneses consideram que o marco inicial da derrocada comunista foi o discurso de João Paulo II em 2 de Junho de 1979, quando falou a meio milhão de compatriotas em Varsóvia e destacou o trabalho do Solidariedade. "Sem o discurso de Wojtyla, o cenário teria sido diferente. O Solidariedade e o povo não teriam se sentido fortes e unidos para levar a luta adiante", acredita o escritor e jornalista Mieczylaw Czuma. "Foi o papa que nos disse para não ter medo." Dez anos depois, as eleições de 4 de Junho de 1989 foram uma "revolução sem sangue" e encorajaram outros países do bloco comunista a se liberar de Moscou. A data tornou-se simbólica da fim do socialismo. O movimento sindical Solidariedade, liderado por Lech Walesa, obteve a vitória nas primeiras eleições parcialmente livres de todo o bloco comunista.

João Paulo II criticou fortemente a aproximação da Igreja com o marxismo nos países em desenvolvimento, e em especial a Teologia da Libertação.

Em 2003, por intermédio do cardeal Angelo Sodano, enviou uma carta ao presidente Fidel Castro criticando "as duras penas impostas a numerosos cidadãos cubanos e, também as condenações à pena capital". Condenou também o terrorismo e o ataque ao World Trade Center ocorrido em 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos da América.

Em relação ao Concílio Vaticano II, no qual João Paulo II participou, ele tentou ativamente continuar as reformas e as ideias saídas deste Concílio, nomeadamente sobre o ecumenismo e sobre a abertura da Igreja ao mundo moderno.

O papa João Paulo II viajou extensivamente e se encontrou com fiéis das mais diferentes crenças. Ele constantemente tentou encontrar afinidades, doutrinárias e dogmáticas.

O Papa João Paulo II tinha boas relações com a Igreja da Inglaterra. Porém, ele se desapontou com decisão da Igreja da Inglaterra, de oferecer o sacramento da Ordem Sagrada às mulheres, e viu nisto um passo contra a reunião entre a comunhão Anglicana e a Igreja Católica.

Em 1980, João Paulo II emitiu uma Provisão Pastoral, permitindo que padres anglicanos convertidos casados, se tornassem sacerdotes católicos e que as antigas paróquias episcopais fossem aceitas na Igreja Católica. Ele permitiu a criação do uso anglicano no rito latino, que incorpora o Livro de Oração Comum anglicano.

Em 11 de dezembro de 1983, ele participou de um serviço ecumênico na Igreja Evangélica Luterana em Roma.

Em 31 de outubro de 1999 (o 482º aniversário do Dia da Reforma, o dia em que Lutero pregou as 95 teses), representantes do Vaticano e da Lutheran World Federation (LWF) assinaram a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação como um gesto de unidade. A assinatura foi fruto do diálogo teológico que vinha ocorrendo entre a LWF e o Vaticano desde 1965.

As relações entre o catolicismo e o judaísmo melhoraram durante o pontificado de João Paulo II. Ele falou com frequência sobre a relação da Igreja com os judeus.

Em 1979, João Paulo II se tornou o primeiro papa a visitar o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, onde muitos de seus compatriotas (majoritariamente judeus poloneses) haviam perecido durante a ocupação alemã da Polônia na Segunda Guerra Mundial. Em 1998, o papa publicou "Nós Lembramos: Uma Reflexão sobre a Shoah", que delineou seu pensamento sobre o Holocausto. Ele se tornou o primeiro papa a fazer uma visita papal oficial a uma sinagoga, quando ele visitou a Grande Sinagoga de Roma em 13 de abril de 1986.

Em março de 2000, João Paulo II visitou o memorial de Yad Vashem, um monumento nacional israelense em honra às vítimas e heróis do Holocausto, e depois entrou para a história ao tocar um dos mais sagrados objetos de devoção do Judaísmo, o Muro das Lamentações , seguindo o costume de colocar uma carta entre as frestas de seus tijolos(na qual ele pediu perdão pelas perseguições contra os judeus) . Em parte do seu discurso, ele disse: "Eu asseguro o povo judeu que a Igreja Católica… está profundamente entristecida pelo ódio, atos de perseguição e mostras de anti-semitismo dirigidas contra os judeus pelos cristãos, à qualquer tempo, em qualquer lugar" e acrescentou que "não há palavras fortes o suficiente para deplorar a terrível tragédia do Holocausto".

Imediatamente após a morte de João Paulo II, a ADL emitiu um comunicado afirmando que o papa João Paulo II havia revolucionado as relações entre católicos e judeus e que "mais mudanças para melhor haviam ocorrido em seus vinte e sete anos de papado do que nos quase 2000 anos anteriores" . Em outro comunicado, emitido pelo diretor do conselho para assuntos australianos, israelenses e judaicos de Israel, o dr. Colin Rubenstein, afirmou que "O papa será lembrado por sua inspiradora lembrança espiritual em prol da causa da liberdade e da humanidade. Ele conseguiu muito mais em termos de transformar as relações tanto com o povo judeu quanto com o Estado de Israel do que qualquer outra figura na história da Igreja Católica".

Em maio de 1999, João Paulo II visitou a Romênia, a convite do patriarca Teoctist Arapsu, da Igreja Ortodoxa Romena. Foi a primeira vez que um papa visitou um país predominantemente ortodoxo desde o Grande Cisma em 1054 d.C. Quando ele chegou, o patriarca e o presidente da Romênia, Emil Constantinescu, receberam o papa. O patriarca depois afirmou: "O segundo milênio da história cristã começou com uma dolorosa chaga na unidade da Igreja; o fim deste milênio assiste agora a um real compromisso de restaurar a unidade cristã.". João Paulo II visitou outro país fortemente ortodoxo na região, a Ucrânia, entre 23 e 27 de junho de 2001,. João Paulo II afirmou que terminar com o Grande Cisma era um dos seus mais queridos desejos . Por muitos anos, João Paulo II tentou facilitar o diálogo e a unidade, afirmando já em 1988, na encíclica Euntes in Mundum , que a "Europa tem dois pulmões e jamais irá respirar direito enquanto não usar ambos".

Durante as suas viagens de 2001, João Paulo II se tornou o primeiro papa a visitar a Grécia em 1291 anos. Em Atenas, o papa se encontrou com Cristódulo de Atenas, o arcebispo líder da Igreja Ortodoxa Grega.  Cristódulo leu uma lista de "13 ofensas" da Igreja Católica contra a Igreja Ortodoxa desde o Grande Cisma, incluindo o saque de Constantinopla pelos cruzados (1204), e reclamou pela falta de um pedido de desculpas da Igreja Católica Romana, afirmando "Até agora, não se conhecia um único pedido de perdão" pelos "cruzados maníacos do século XIII".

O papa respondeu dizendo "Pelas vezes, passadas e presentes, quando filhos e filhas da Igreja Católica pecaram, por ação ou omissão, contra nossos irmãos e irmãs ortodoxos, que o Senhor nos conceda o perdão"', ao que Cristódulo imediatamente aplaudiu. João Paulo II disse que o saque de Constantinopla era a causa de um "profundo pesar" para os católicos.

Posteriormente, João Paulo e Cristódulo se encontraram no lugar onde São Paulo um dia pregara para os cristãos atenienses. Ali, eles emitiram um "comunicado conjunto", dizendo "Faremos tudo o que estiver em nosso poder para que as raízes cristãs da Europa e a sua alma cristã seja preservada…. Nós condenamos todos os recursos à violência, ao proselitismo e fanatismo em nome da religião". Os dois líderes então rezaram o Pai Nosso juntos, quebrando um antigo tabu ortodoxo contra rezar juntamente com católicos.

O papa sempre afirmou, por todo o seu pontificado, que um dos seus grandes sonhos era visitar a Rússia, mas isso jamais ocorreu. Ele tentou resolver os problemas que surgiram durante a história entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa, como quando ele determinou a devolução à Igreja Ortodoxa Russa do ícone de Nossa Senhora de Kazan, a “Teotokos” e sempre Virgem Maria, no dia 28 de agosto de 2004.

O décimo-quarto Dalai Lama, Tenzin Gyatso, visitou o papa João Paulo II oito vezes, mais do que qualquer outro dignitário. Ambos compartilhavam visões similares e compreendiam o sofrimento do outro, ambos vindos de países afetados pelo comunismo e sendo grandes líderes de grandes religiões.

O papa João Paulo II fez consideráveis esforços para melhorar as relações entre o catolicismo e o islamismo.

Em 6 de maio de 2001, o papa João Paulo II se tornou o primeiro papa católico da história a entrar e rezar numa mesquita.

Respeitosamente removendo os seus sapatos, ele entrou na Mesquita dos Omíadas, um antiga igreja cristã bizntina dedicada a São João Batista (que, acredita-se, está enterrado lá), em Damasco, na Síria, e ali deu um discurso que incluía a seguinte afirmação: "Por todas as vezes que os cristãos e os muçulmanos se ofenderam entre si, precisamos buscar o perdão do Todo Poderoso e oferecer uns aos outros o perdão" . Ele beijou o Corão nesta mesma viagem, um ato que o tornou popular entre os muçulmanos, mas que perturbou muitos católicos.

João Paulo II supervisionou a publicação do Catecismo da Igreja Católica onde faz uma provisão especial para os muçulmanos; onde está escrito, "O plano de salvação também inclui aqueles que reconhecem o Criador, o que inclui os muçulmanos; estes professam ter a fé de Abraão, e junto conosco, eles adoram a um Deus misericordioso, juiz dos homens no último dia."

João Paulo II tinha uma relação especial com a juventude católica e é conhecido por alguns como O Papa para a juventude. Antes de seu pontificado, ele participou de acampamentos e caminhadas nas montanhas com os jovens. Ele ainda fez caminhadas na montanha, quando ele foi papa. Ele estava preocupado com a educação dos futuros sacerdotes e desde cedo fez muitas visitas a seminários romanos, incluindo a Venerável Faculdade Inglesa em 1979. Ele criou a Jornada Mundial da Juventude em 1984 com a intenção de aproximar os jovens católicos de todas as partes do mundo a se reunirem para celebrar a fé. Estes encontros de uma semana da juventude ocorrem a cada dois ou três anos, atraindo centenas de milhares de jovens, que vão para cantar, festejar, passar bons momentos e aprofundar a sua fé.

João Paulo II foi creditado como sendo fundamental para derrubar o comunismo no Centro e Leste europeus, por ser a inspiração espiritual por trás de sua queda, e um catalisador para "uma revolução pacífica" na Polônia.  A correspondência do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan com o Papa, revelou um contínuo esforço para assegurar o apoio do Vaticano às políticas norte-americanas. Talvez o mais surpreendente, os documentos mostraram que, por volta de 1984, o Papa não acreditava que o governo comunista polonês poderia ser mudado.

O chaceler alemão, Gerhard Schoder, declarou que o Papa tinha "influenciado a integração pacífica da Europa em muitos aspectos. Por seus esforços e sua personalidade impressionante, mudou o nosso mundo". Ele também enfatizou seu compromisso com os direitos humanos: "Seu compromisso como Pontífice não era apenas difundir o Evangelho, mas transformar o papado romano no porta-voz dos direitos humanos" —de acordo com um artigo da CNN, citando Marco Politi, autor do livro His Holiness.

Durante o seu pontificado, o papa João Paulo II viajou para 129 países , contabilizando mais de 1,1 milhões de quilômetros viajados. Ele consistentemente atraía grandes multidões em suas viagens, algumas contando entre as maiores já reunidas na história, como a do Jornada Mundial da Juventude de 1995, em Manila, nas Filipinas, que reuniu cerca de 5 milhões de pessoas, considerada uma das maiores reuniões de católicos já ocorrida.

As primeiras visitas oficiais de João Paulo II foram para a República Dominicana e para o Máxico (janeiro de 1979), e para a Polônia (junho de 1979), onde multidões o rodearam. Esta primeira visita à Polônia serviu para elevar o espírito da nação e catalisou a formação do Movimento Solidariedade em 1980, que trouxe de volta a liberdade e os direitos humanos para a sua terra natal.

João Paulo II se tornou o primeiro papa a visitar a Casa Branca em sua viagem de outubro de 1979 aos Estados Unidos, onde foi recebido pelo presidente Jimmy Carter.

Ele viajou para lugares que nenhum outro papa havia visitado antes, sendo o primeiro papa a visitar o México, em janeiro de 1979 e Irlanda, no mesmo ano. Foi ainda o primeiro papa a visitar o Reino Unido em 1982, onde se encontrou com a Rinha Elisabeth II, Governadora Suprema da Igreja da Inglaterra. A Igreja da Inglaterra se separou da Igreja Católica no reinado de Henrique VIII em 1534.

João Paulo II também visitou o Haiti em 1983, onde discursou em crioulo para milhares de empobrecidos fiéis que o esperavam no aeroporto. Sua mensagem, "A situação precisa mudar no Haiti", sobre a disparidade entre os ricos e pobres, foi recebida com um estrondoso aplauso.

Em 2000, ele foi o primeiro papa moderno a visitar o Egito onde se encontrou com o Papa Copta, Shenouda III(da Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria, , que se separou da Igreja Ortodoxa após o Concílio de Clacedônia, em 451) e o patriarca grego ortodoxo de Alexandria ( da Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria, , separada da Igreja Católica no Grande Cisma do Oriente, em 1054).

O papa João Paulo II esteve no Brasil quatro vezes, sendo três delas oficiais e uma delas, porém, permaneceu apenas no aeroporto, quando ia para a Argentina em 1982, onde fez um rápido discurso durante a escala de seu voo no Rio de Janeiro. Na primeira, chegou ao meio-dia de 30 de junho de 1980, foi recebido pelo general João Batista Figueredo , percorreu treze cidades em apenas doze dias, percorrendo um total de 30 000 quilômetros.   Essa visita foi marcada pela expectativa dos brasileiros em receber pela primeira vez um Papa Destacou-se, na primeira visita, a música "A bênção, João de Deus", composta para a ocasião por Péricles de Barros.

A outra visita foi entre 12 e 21 de outubro de 1991, sendo recebido em Brasília pelo então presidente Fernando Collor de Mello, visitou a Irmã Dulce, em  Salvador, percorreu dez capitais e fez 31 pronunciamentos, beatificou Madre Paulina e na ocasião para um público de 60 mil pessoas, o papa afirmou durante a homilia: "Soube ela converter todas as suas palavras e ações num contínuo ato de louvor a Deus. Sua conformidade com a vontade de Deus levou-a a uma constante renúncia de si mesma, não recusando qualquer sacrifício para cumprir os desígnios divinos". O Papa abordou a questão indígena, a reprovação do uso de anticoncepcionais, o problema da divisão de terras, a família e a condenação do divórcio. A visita também foi marcada pelo fato de um menino de rua de 12 anos, descalço e vestido humildemente, ter ultrapassado barreira de segurança, em Goiânia, e ter se jogado nos braços do Papa, que retribuiu o carinho com um longo abraço.

Esteve também no Brasil entre 2 e 6 de outubro de 1997, foi recebido pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.  Nessa visita o Papa participou do II Encontro Mundial com as Famílias, realizado na cidade do Rio de Janeiro, ficando por quatro dias na cidade. Em seus discursos, João Paulo II condenou o divórcio, o aborto e os métodos contraceptivos. Ele abençoou o Rio de Janeiro aos pés do Cristo Redentor.

João Paulo II visitou Portugal 3 vezes: em 1982, 1991 e 2000 foram visitas apostólicas e em 1983 fez escala em Lisboa onde discursou.

A primeira visita, de 12 a 15 de maio de 1982, ocorreu um ano após o atentado de que foi vítima em 13 de Maio de 1981. No primeiro dia de visita, João Paulo II acabou sendo ferido na segunda tentativa de assassinato quando Juan Maria Fernandez y Krohn o tentou esfaquear com uma baioneta, onde o papa acabou sendo ferido. Juan Maria  foi ordenado padre pelo Arcebispo Marcel Lefebve da Socieade São Pio X e se opôs às mudanças causadas pelo Concílio Vaticano II, chamando o Papa de agente comunista de Moscou e de marxista do Bloco do Leste. Fernández y Krohn posteriormente deixou o sacerdócio Católico Romano e cumpriu três anos de uma pena de seis anos. O 'ex-padre' teve tratamento de doente mental e, em seguida foi expulso de Portugal, depois disso trabalhou como advogado na Bélgica. Ele foi preso novamente em julho de 2000 após escalar sobre a barricada de segurança no Palácio Real de Bruxelas, acusando o rei Juan Carlos de ter assassinado seu irmão mais novo, Alfonso, em 1956.

Nessa visita o Papa João Paulo II depositou a bala do atentado sofrido no ano anterior em plena Praça de São Pedro no altar de Nossa Senhora de Fátima. Ainda hoje a mesma bala se encontra na coroa de Nossa Senhora de Fátima no Santuário de Fátima.Também teve a revelação do "Terceiro Segredo de Fátima que estava relacionado com o atentado de João Paulo II.

Quando ele entrou na Praça de São Pedro para discursar para uma audiência em 13 de maio de 1981, João Paulo II foi baleado e gravemente ferido por Mehmet Ali Agca um perito atirador turco que era membro do grupo militante facista Lobos Cinzentos. O assassino atingindo-o no abdômen e perfurando seu cólon e intestino várias vezes. João Paulo II foi levado às pressas para a Policlínica Gemelli. No caminho para o hospital, ele perdeu a consciência. Ele passou por cinco horas de cirurgia para tratar sua perda maciça de sangue e feridas abdominais.  Quando ele ganhou rapidamente a consciência antes de ser operado, ele instruiu os médicos para não remover o seu Escapulário de Nossa Senhora do Carmo durante a operação. O Papa afirmou que Nossa Senhora de Fátima ajudou a mantê-lo vivo durante todo o seu calvário.

Agca passou 19 anos em prisões italianas, sendo depois extraditado para a Turquia, onde foi condenado a prisão perpétua pelo assalto a um banco nos anos 1970 e pelo assassinato de um jornalista em 1979, pena depois comutada para dez anos de prisão. Dois dias depois do Natal em 1983, João Paulo II visitou a prisão onde seu pretenso assassino estava sendo mantido. Os dois conversaram privadamente por 20 minutos.

O Papa João Paulo II foi um dos alvos da Al – Qaeda, que financiou a operação Bojinka, durante uma visita as Filipinas em 1995. O primeiro plano era matar o Papa João Paulo II quando visitou as Filipinas, durante as celebrações do Dia Mundial da Juventude de 1995. Em 15 de janeiro de 1995, um homem-bomba iria vestir-se como um sacerdote, enquanto João Paulo II passaria na carreata em seu caminho para o Seminário San Carlo em Makati. O assassino planejava chegar perto do Papa, e detonar a bomba.

O assassinato planejado do Papa tinha a intenção de desviar a atenção da próxima fase da operação. Entretanto, um incêndio acidental chamou a atenção da polícia, e eles foram presos quase uma semana antes da visita do Papa.

Ao todo são 14, as Encíclicas escritas por João Paulo II ao longo do seu pontificado e diversos os pronunciamentos sobre todos os campos da atividade humana onde houvesse necessidade de se dar um critério ético ou moral de ação.

Segundo o livro Why a Saint? publicado em Janeiro de 2010 por Slawomir Oder, monsenhor que cuida do processo de beatificação de João Paulo II, o Papa realizava a prática conhecida no cristianismo como mortificação, ou seja, auto-flagelação, para atingir um grau mais próximo de Deus. Oder diz que no armário do pontífice existia uma cinta utilizada para executar o ato e que também Karol Wojtyla dormia algumas vezes no chão para praticar ascetismo.

João Paulo II foi considerado um conservador em doutrina e questões relacionadas com a reprodução e a ordenação de mulheres.

Enquanto o Papa estava visitando os Estados Unidos da América, disse, "Toda a vida humana, desde os momentos de concepção e por todas as fases subsequentes, é sagrada."

O Papa condenou o aborto, eutanásia e praticamente todos os usos da pena de morte, chamando isso de "cultura da morte" que é difundida no mundo moderno.

Em 1984 e 1986, através do Cardeal Ratzinger, líder da Congregação para Doutrina da Fé, João Paulo II oficialmente condenou vários aspectos da Teologia da Libertação, especialmente proeminente na América do Sul.

Um estudo de 1997 determinou que 3% das declarações do papa foram sobre a questão da moralidade sexual.

O Papa reafirmou que os ensinamentos existentes da Igreja em relação aos transexuais,  deixando claro que os transexuais não poderiam servir em posições da Igreja. Enquanto que tomou uma posição tradicional sobre a sexualidade, defendendo a oposição moral da Igreja em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, o Papa afirmou que as pessoas com inclinações homossexuais possuem a mesma dignidade e direitos como todos os outros. "É legítimo e necessário perguntar-se se isso não é, talvez, parte de uma nova ideologia do mal, talvez mais insidiosa e oculta, que é contra os direitos humanos contra a família e contra o homem."

João Paulo II recuperou-se totalmente da primeira tentativa de assassinato, e ostentou uma ótima condição física ao longo da década de 1980. Em novembro de 1993, ele escorregou em um pedaço de carpete recém-instalado e caiu vários degraus, quebrando o ombro direito. Quatro meses mais tarde, ele caiu em sua banheira, quebrando seu fêmur. Ele raramente andou em público após isso, e começou a ter a fala arrastada e dificuldade em ouvir. Suspeitava-se que o pontífice estivesse com a doença de Parkinson, embora tenha sido revelado apenas em 2001.Em fevereiro de 2005, o pontífice foi novamente levado para a Policlínica Gemelli com inflamação e espasmos da laringe, resultado da gripe. Ele teve de voltar por causa da dificuldade em respirar. Foi realizada uma traqueotomia, que melhorou a respiração do Papa, mas limitou sua capacidade de falar, para sua frustração. O Vaticano confirmou que ele estava perto da morte em março 2005, poucos dias antes de morrer.

Já com a doença de Parkinson muito avançada, no dia 30 de março de 2005, surgiu à janela do seu escritório para tranqüilizar os católicos, e já era muito evidente o seu estado extremamente debilitado. No último Domingo de Páscoa, o Papa ainda abençoou os fiéis, mas pela primeira vez no seu pontificado não conseguiu pronunciar a tradicional 'Urbi et Orbi'.

Em 31 de março de 2005, após uma infecção do trato urinário,  o Papa João Paulo II entrou em choque séptico, uma forma generalizada de infecção com febre muito alta e baixa pressão arterial, mas não foi levado para o hospital. Em vez disso, lhe foi oferecido um acompanhamento por uma equipe de médicos na sua residência privada. Acreditou-se que isso era uma indicação para que as pessoas próximas do Papa acreditassem que ele estava se aproximando da morte; de acordo com seus desejos, queria morrer no Vaticano. Mais tarde naquele dia, fontes do Vaticano anunciaram que João Paulo II havia recebido a Unção dos

Enfermos por seu amigo e secretário Stanislaw Dziwisz. Durante os dias finais da vida do Papa, as luzes foram mantidas acessas durante a noite em que ele estava no apartamento Papal, no piso superior do Palácio Apostólico. Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se e mantiveram-se em vigília na Praça de São Pedro e nas ruas vizinhas por dois dias. Ao saber disso, afirma-se que o Papa disse: "Tenho procurado por você, e agora você veio para mim, e te agradeço."

No sábado, 2 de abril de 2005, em torno das 15h30min, João Paulo II falou suas palavras finais, "pozwólcie mi odejść do domu Ojca", ("Deixe-me partir para a casa do Pai"), para seus assessores, e entrou em coma, cerca de quatro horas depois. Ele morreu em seu apartamento privado, às 21:37 de um choque séptico e de um colapso cardiovascular circulatório irreversível, 46 dias antes de completar 85 anos. João Paulo não tinha família por perto na época que quando ele morreu, e seus sentimentos são refletidos como ele escreveu em 2000, no final de sua última vontade e testamento:

Enquanto o fim de minha vida se aproxima, volto com minha memória ao começo, aos meus pais, ao meu irmão, à minha irmã (eu nunca a conheci porque ela morreu antes de meu nascimento), à paróquia de Wadowice, onde fui batizado, à cidade que amo, aos meus colegas, amigos da escola primária, escola secundária e da universidade, até a época da ocupação, quando era um operário, e então na paróquia de Niegowic, depois em São Floriano em Cracóvia, do ministério pastoral acadêmico, ao círculo de… a todos os círculos… de Cracóvia e a Roma… às pessoas que foram confiadas a mim de uma forma especial pelo Senhor.

O Testamento do Papa João Paulo II publicado em 7 de abril revelou que o pontífice ficaria contente de ser enterrado na Polônia, mas deixou a decisão final para o Colégio dos Cardeais, que preferiram enterrá-lo debaixo da Basílica de São Pedro, honrando o pedido do pontífice a ser colocado "em terra nua". Uma Missa de réquiem em 8 de abril teve um número recorde de chefes de Estado presentes em um funeral. Foi o maior encontro único de chefes de Estado na história, superando os funerais de Winton Churchill (1965) e Josip Broz Tito (1980). Quatro reis, cinco rainhas, pelo menos 70 presidentes e primeiros-ministros, e mais de 14 líderes de outras religiões participaram juntamente com os fiéis. É provável que tenha sido a maior peregrinação do Cristianismo, com números estimados em mais de quatro milhões enlutados em Roma. Entre 250 000 e 300 000 pessoas assistiram ao evento de dentro dos muros do Vaticano.

O equilíbrio de sua vida do ponto de vista religioso e pessoal, delineou o então Cardeal Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, no funeral de João Paulo II: "'Siga-me', disse o Senhor ressuscitado para Pedro, como sua última palavra a este discípulo escolhido para apascentar o seu rebanho. 'Siga-me', esta palavra de Cristo pode ser considerada a chave para compreender a mensagem que vem da vida do nosso saudoso e amado papa João Paulo II".

Inspirado por chamadas de "Santo Subito!" ("Santo Imediatamente!") das multidões se reuniram durante o funeral, o Papa Bento XVI iniciou o processo de beatificação de seu antecessor, ignorando a restrição normal que cinco anos devem se passar após a morte de uma pessoa antes do processo de beatificação poder começar.

Esta decisão foi anunciada em 13 de Maio de 2005, a Festa de Nossa Senhora de Fátima e o 24 º aniversário do atentado a João Paulo II na Praça de São Pedro.

Em 28 de maio de 2006, Bento XVI rezou uma missa na Polônia, para um público estimado em 900 000 pessoas. Durante a homilia, encorajou orações para a canonização precoce de João Paulo II e declarou que esperava que a canonização fosse acontecer "em um futuro próximo." Em fevereiro de 2007, relíquias do Papa João Paulo II — pedaços da batina que ele costumava vestir — estavam sendo distribuídas gratuitamente com cartões de oração para a causa da beatificação.

O seu processo de beatificação foi aberto em 28 de Junho do mesmo ano. No dia 19 de dezembro de 2009 o Papa Bento XVI proclamou-o "Venerável", ao promulgar o decreto que reconhece as virtudes heróicas do Servo de Deus João Paulo II, um importante passo dentro do processo de beatificação que fica aguardando a existência de um milagre realizado pela intercessão do papa polaco.

O Papa Bento XVI recebeu uma relíquia contendo o sangue de João Paulo, que lhe foi entregue por Marie Simon Pierre Normand. O milagre com que foi tocada a religiosa foi um dos fatores decisivos para a beatificação de João Paulo II. Bento XVI também declarou que o processo de beatificação foi acelerado devido à grande veneração popular por Woijtila.

Em abril de 2013, uma comissão de médicos consultada pela Congregaçãopara causa dos Santos aprovou o segundo milagre atribuído ao beato João Paulo II, necessário no processo de canonização: a cura de uma mulher na noite de sua beatificação, em maio de 2011. Não são conhecidos mais detalhes desta cura e o processo, segundo o jornal italiano La Stampa, está a ser realizado em segredo. Dois meses depois, este segundo milagre atribuído à intercessão de João Paulo II foi aprovado pela comissão teológica da Congregação, em mais um passo para a sua canonização.

Em 2 de julho de 2013, a comissão de cardeais e bispos da Congregação aprovou a atribuição do segundo milagre ao beato João Paulo II. Três dias depois, o Papa Francisco aprovou o decreto reconhecendo este segundo milagre, autorizando assim sua canonização.

Papa Bento XVI265º Papa Bento XVI

Nascido Joseph Aloisius Ratzinger em  Marktl am Inn, Alemnha em 16 de Abril de 1927, é Papa Emérito da Igreja Católica.

Foi papa da Igreja Católica e Bispo de Roma de 19 de Abril de 2005 a 28 de Fevereiro de 2013, quando oficializou sua abdicação.  Desde sua renúncia é Bispo emérito da Diocese de Roma, foi eleito, no Conclave de 2005, o 266º Papa, com a idade de 78 anos e três dias, sendo o sucessor de João Paulo II e sendo sucedido por Francisco.

Domina pelo menos seis idiomas, entre os quais alemão, italiano, francês, latim, inglês , casteliano e possui conhecimentos de português,  ademais lê o grego antigo e hebraíco.  É membro de várias academias científicas da Europa como a francesa Académie des sciences morales et politiques e recebeu oito doutorados honoríficos de diferentes universidades, entre elas da Universidade de Navarra.

É pianista e tem preferências por Mozart e Bach.  É o sexto e talvez o sétimo papa alemão desde Vitor II (segundo a procedência de Estevão VIII,  de quem não se sabe se nasceu em Roma ou na Alemanha) . Em abril de 2005 foi incluído pela revista Time como sendo uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

Em 11 de Fevereiro de 2013,  o Papa Bento XVI anunciou que renunciaria ao Pontificado em 28 de Fevereiro.  Bento XVI comunicou sua renúncia em discurso pronunciado, em latim, durante um consistório convocado para anunciar três canonizações.  "No mundo de hoje", disse, "sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida e para a fé, para governar a barca de Pedro e anunciar o Evangelho,  é necessário vigor, tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu de tal modo em mim que devo reconhecer a minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado

(…)Deverá ser convocado, por quem de direito, o Conclave para eleição do novo Sumo Pontífice”.

Em 2012, o arcebispo italiano aposentado Luigi Betazzi, que conhece o Papa há 50 anos, já havia especulado abertamente sobre a possibilidade de sua renúncia: "Aqueles entre nós que têm mais de 75 anos não são autorizados a comandar nem mesmo uma diocese pequena, e os cardeais com mais de 80 anos não podem eleger o papa. Eu entenderia se um dia o Papa dissesse ‘mesmo eu não posso mais realizar meu trabalho'. (…) Acho que se chegar o momento em que ele vir que as coisas estão mudando, terá coragem para renunciar." 

O último papa a renunciar foi Gregório XII,  que abdicou em 1415, no contexto do Grnde Cisma do Oriente, e, antes dele, houveram apenas dois casos: Ponciano em 235 e Celetino V em 1294.

O Papa deixou o Vaticano  e foi para a Residência de Verão de Castel Gandolfo.  Depois de eleito o seu sucessor, o Papa retirou-se para um mosteiro de clausura dentro dos muros do Vaticano.

Seu pai, era de religiosidade profunda e um decidido adversário do regime nacional-socialista, as suas ideias políticas firmes chegaram a trazer sérios perigos para a própria família.

A mãe de Joseph Ratzinger, sra. Maria Ratzinger, era de procedência tirolesa e, portanto, austráica. Conhecida por ser boa cozinheira, trabalhou em pequenos hoteis; faleceu em 1963. A família não era pobre no sentido literal do termo, mas os pais tiveram de fazer muitas renúncias para que os filhos pudessem estudar.

Em Aschau começam os primeiros vislumbres da vocação sacerdotal, o jovem Ratzinger se deixa tocar pelos atos litúrgicos do povoado os quais frequenta com piedade, entrementes o avanço do novo sistema político e, com ele, a oposição da Igreja.

Nos anos de ginásio em Traunstein aprendera o latim que ainda era ensinado com rigor, o que muito lhe valeu como teólogo, pode ler as fontes em latim e grego e, em Roma, durante o Concílio Vaticano II, comenta, foi-lhe possível adaptar-se com rapidez ao latim dos teólogos que lá se falava, embora nunca tivesse ouvido palestras nessa língua. A formação cultural com base na antiguidade greco-latina propiciada naquele ambiente "criava uma atitude espiritual que se opunha às seduções da ideologia totalitária".

Em 1943, com dezesseis anos, foi incorporado, pelo alistamento obrigatório, no Exército Alemão.  Mais tarde,  é dispensado e poucos dias depois é enviado a um campo de trabalho em  na fronteira da Áustria com a Hungria e a Checoslováquia para realizar trabalhos forçados, daí é destinado ao quartel de infantaria em Traustein, de onde desertará pouco tempo depois.

Com a rendição alemã Ratzinger é recolhido preso no campo aliado de concentração de prisioneiros, com mais de quarenta mil prisioneiros. É libertado apenas dois meses depois de ter completado os dezoito anos.

Com o irmão, Georg Ratzinger, Joseph entrou num seminário católico, foram ambos ordenados sacerdotes pelo Crdeal Fulhaber, Arcebispo de Munique.

No Concílio Vaticano II,  Ratzinger assistiu como peritus (especialista em teologia) do Cardeal Joseph Frings de Colônia.  Foi também quem apresentou a proposta da realização da missa em língua local em vez do latim.

Em 1981, foi apontado como prefeito da Congregação para Doutrina da Fé pelo Papa João Paulo II, cargo que manteve até ao falecimento do seu predecessor. Participou do Conclave que elegeu o Papa João Paulo I e do Conclave deste mesmo ano que resultou na eleição de João Paulo II.

Era um velho amigo de João Paulo II, compartilhava das posições ortodoxas do Papa e foi um dos mais influentes integrantes da Cúria Romana.  A sua posição como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo que exerceu durante vinte e três anos, o colocava como um dos mais importantes defensores da ortodoxia católica. O ex-frade Leonardo Boff, brasileiro, um dos expoentes da Teologia da Libertação, teve voto de silêncio imposto por Ratzinger em 1985 devido às suas posições políticas marxistas.

Aos 78 anos, o Cardeal Joseph Ratzinger foi eleito papa pelo Colégio de Cardeais em 19 de Abril de 2005.O Conclave foi um dos mais rápidos da história

Sua primeira declaração ao público, depois de eleito Papa:

"Queridos irmãos e irmãs:

Depois do grande Papa João Paulo II, os senhores cardeais elegeram a mim, um simples humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me o fato de que o Senhor sabe trabalhar e atuar com instrumentos insuficientes e, sobretudo, confio nas vossas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiados em sua ajuda permanente, sigamos adiante. O Senhor nos ajudará. Maria, sua santíssima Mãe, está do nosso lado. Obrigado."
 
A escolha do nome Bento (do latim Benedictus: bendito) é uma provável homenagem ao último papa que adotou o nome Bento, que foi o italiano Giacomo della Chiesa, entre 1914-1922. Conhecido como o "Papa da paz", Bento XV tentou, sem sucesso, negociar a paz durante a Primeira Guerra Mundial. O seu pontificado foi marcado por uma reforma administrativa da igreja, possuindo um caráter de abertura e de diálogo. Além disso, Bento XVI sempre foi muito ligado espiritualmente ao Mosteiro Beneditno de Schotten, na Baviera.

Alguns analistas,  relacionaram a adoção do nome Bentocom a atuação de São Bento de Núrsia, fundador da Ordem Beneditina e padroeiro da Europa, o que o próprio Papa confirmou após a publicação das explicações sobre seu brasão. A escolha do nome deste Santo representaria, portanto, que uma das prioridades do papado de Bento XVI será a "recristianização da Europa".

O grande mote de Joseph Cardeal Ratzinger, nos dias que antecederam o Conclave, foi a questão do secularismo e do relativismo.

Acreditava-se que o papa Bento XVI seria um grande defensor dos valores absolutos, da doutrina e do dogma da Igreja. "A pequena barca com o pensamento dos cristãos sofreu, não pouco, pela agitação das ondas, arrastada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo até a libertinagem, do coletivismo ao individualismo mais radical, do ateísmo a um vago misticismo, do agnosticismo ao sincretismo", afirmou durante a missa de abertura do conclave que viria elegê-lo. Acreditava-se também, devido ao nome escolhido , que Bento XVI voltar-se-ia para a Europa ,esse continente que, segundo ele, vem caindo no secularismo (abandono dos valores religiosos e redução de tudo ao aspecto politico).

Considerando toda a sua obra literária, as suas atitudes como sacerdote e bispo ao longo da sua vida religiosa, e ainda do que se verifica dos anos passados à frente da Sgrada Congregação para Doutrina da Fé, Ratzinger possui um pensamento católico ortodoxo que, para muitos de seus críticos, é tido como sendo conservador. Bento XVI tem adotado, no seu Pontificado, propostas semelhantes às do seu predecessor relativos à moral e ao dogma católico e reafirmado no seu magistério a doutrina do Catecismo da Igreja Católica.

O Cardeal Ratzinger participou da elaboração de documento sobre a concepção  humana como sendo o momento da animação. A partir da união do óvulo com o espermatozóide temos uma vida humana perante Deus. Assim, é impossível que a Santa Sé mude sua posição diante das pesquisas com células tronco embrionárias ou diante do aborto. Na verdade esperava-se que o Papa reafirmasse o Magistério constante da Igreja sobre estes e outros temas da atualidade relacionados com a Moral, a Ética e a Doutrina Social da Igreja, o que de fato ocorreu.

Bento XVI, como seus predecessores, é contrário à ordenação de mulheres e defende a necessidade de moralidade sexual. Para ele, "a única forma clinicamente segura de prevenir a AIDS é se comportar de acordo com a lei de Deus", condenando o uso de preservtivos, no que é criticado por muitas correntes sociais. No entanto, é apoiado nestas opiniões por todos os movimentos da igreja.

Em setembro de 2006, Bento XVI provocou protestos no mundo mulçumano, devido a uma citação que fez na Universidade de Ratisbona (onde lecionou antes de ser nomeado cardeal) durante visita à Alemanha,  em que fez referência à posição do imperador bizantino Manuel II Paleólogo sobre Maomé.

Em agosto-setembro de 
2007, em documento da Congregação para Doutrina da Fé, reafirmou que a Igreja Católica é a "única verdadeira" e a "única que salva", o que provocou muitas críticas de igrejas protestantes.

Por decreto de 21 de Janeiro de 2009,  o Papa Bento XVI, removeu a censura de excomunhão latae sententiae  contra quatro bispos ordenados em 1988 pelo falecido e tradicionalista Arcebispo Marcel Lefebvre, com o rito da “ Bula de Pio X”, em desacordo com as regras estabelecidas pelo Concílio Vaticano II, ordenação considerada ilegítima pela Igreja Católica.

A Secretaria de Estado do Vaticano esclareceu que "os quatro bispos, apesar de terem sido liberados da pena de excomunhão, continuam sem um função canônica na Igreja e não exercem licitamente nela qualquer ministério." e que este "foi um ato com que o Santo Padre respondia benignamente às reiteradas petições do Superior Geral da Fraternidade São Pio X,  na esperança de que os beneficiados manifestassem sua total adesão e obediência ao magistério e disciplina da Igreja”.

Desde o começo do pontificado, a ação e as palavras do Papa Bento XVI foram apresentadas de um modo distorcido que tem produzido incompreensões na opinião pública. A origem desses preconceitos foi tema do livro Attacco a Ratzinger, escrito por dois vaticanistas italianos, Andrea Tornielli do Il Giornale e Paolo Rodari de Il Foglio. O livro, publicado por Piemme, na Itália, provocou um debate sobre o tratamento midiático que o Papa recebeu.

O Papa manteve um ritmo de viagens apostólicas surpreendente para a sua idade e, com isto, superou as expectativas do início de seu pontificado. Justamente por causa da sua idade e pelo seu estilo pessoal mais reservado e comedido quando comparado com seu antecessor o Papa João Paulo II os mass media consideravam que este seria um papa que ficaria mais restrito ao âmbito do Vaticano e da Cúria Romana o que acabou não se verificando.

A visita de Bento XVI ao Brasil teve inicio em 9 de Maio de 2007 e se encerrou no dia 13. Seu objetivo principal foi dar início à Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho que ocorreu de 13 a 31 de Maio de 2007, no Sntuário de Aparecida no Vale do Paraíba, estado de São Paulo. Além disso, foi também nessa ocasião que se deu a canonização de Santo António de Sant´Anna Galvão, o Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, em cerimônia realizada no dia 11 de maio de 2007, em São Paulo.

Desde a sua posse, Bento XVI fez inúmeros pronunciamentos. Entre os principais documentos escritos que tem publicado no exercício das funções de Sumo Pontífice estão as encíclicas Deus Caritas Est, Spe Slvi e Caritas in Veritate. Já depois de sua renúncia, em 05 de Julho de 2013 foi lançada a encíclica “Lumem Fídei”, assinada pelo seu sucessor, o Papa Francisco, mas que foi praticamente feita só por Bento XVI, cabendo a Francisco adicionar algumas coisas de seu interesse e publicar o documento com sua assinatura.

Depois de João XXIII,  Bento XVI foi o primeiro papa a voltar a usar o camauro. O Papa Bento XVI foi o primeiro pontífice a visitar um museu judaico.

Papa Francisco266º Papa Francisco

Nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, 17 de Dezembro de 1936 é o atual Chefe de Estado do Vaticano sucedendo o Papa Bento XVI, que abdicou ao papado em 28 de Fevereio de 2013.

É o primeiro Papa nascido no continente americano, o primeiro pontífice não europeu em mais de 1200 anos e também o primeiro papa jesuíta da história.

Jorge Mario Bergoglio nasceu numa família de imigrantes italianos. Seu pai, Mario Bergoglio, nascido em Portocamaro, era um trabalhador ferroviário e sua mãe, nascida em Buenos Aires de pais genoveses, era dona de casa.Seu pai também jogava basquetebol no San Lorenzo, um dos cinco grandes de futebol argentino e cujas origens haviam sido impulsionadas por um padre. Jorge tornar-se-ia torcedor sanlorencista, já tendo afirmado que não perdeu nenhum jogo do título argentino de 1946, quando tinha então dez anos. 

Nascido e criado no bairro de Flores, atual sede do San Lorenzo, Jorge Bergoglio fez graduação e mestrado em química, na Universidade de Buenos Aires.  Na juventude, teve uma doença respiratória que numa operação de remoção lhe fez perder um pulmão.Durante a sua adolescência, teve uma namorada, Amalia.Segundo ela, Bergoglio chegou a pedi-la em casamento durante a época, tendo ele inclusive afirmado que, do contrário, se tornaria padre.

Ingressou no noviciado da Companhia de Jesus em março de 1958.

Foi ordenado cardeal no Consistório Ordinário Público de 2001 , ocorrido em 21 de Fevereiro de 2001, presidido pelo Papa João Paulo II. Quando foi nomeado, convenceu centenas de argentinos a não viajarem para Roma. Em vez de irem ao Vaticano celebrar a nomeação, pediu que dessem o dinheiro da viagem aos pobres.

O Cardeal Bergoglio foi eleito em 13 de Março de 2013,  no segundo dia do Conclave,  escolhendo o nome de Francisco.

Quando lhe foi perguntado, na Capela Sistina, se aceitava a escolha, disse: "Eu sou um grande pecador, confiando na misericórdia e paciência de Deus, no sofrimento, aceito.

Ao ser eleito, o novo pontífice escolheu o nome de Francisco. Segundo o próprio, uma referência a São Frncisco de Assis fazendo referência a "sua simplicidade e dedicação aos pobres" e motivado pela frase dita por Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, logo após sua eleição, ainda na Capela Sistina: "Não esqueça dos pobres” . Francisco de Assis (1182 — 1226), padroeiro da Itália, foi o fundador da família franciscana.

O nome do pontífice não será acrescido do ordinal "I" (primeiro) em algarismo romano. Segundo a Santa Sé isso só acontecerá se, um dia, houver um papa Francisco II
.

É ligado a setores católicos conservadores na Argentina no que se refere a teologia católica , como o movimento de leigos Comunhão e Libertação , contrário ao aborto, à eutnásia e ao csamente entre pessoas do mesmo sexo. Todavia, apresentou durante os anos de episcopado um forte impulso simplificador e modernizante no que se refere a prática e vida pastoral, em especial na administração arquidiocesana de Buenos Aires.

Evita aparições na mídia e possui hábitos simples. Utilizava o trnsporte coletivo e não frequenta restaurantes. Aprecia música clássica, literatura e é associado e torcedor do clube de futebol
 Sn Lorenzo.

Embora não esteja ligado a nenhum movimento tradicionalista dentro da Igreja Católica, nem tenha tendências nessa direção, quando Arcebispo de Buenos Aires, Dom Bergoglio foi um dos primeiros a aplicar as disposições do Motu Proprio Summorum Pontificum , no qual o Papa Bento XVI concede a todo e qualquer padre a faculdade de celebrar a Missa no Rito Tridentino. Dois dias depois da promulgação do Motu Proprio, Dom Bergoglio concedeu uma capela para a celebração da Missa Tridentina. Fontes tradicionalistas, porém, alegam que o capelão nomeado por Bergoglio para celebrar a Missa tridentina, uma vez por mês, introduzia, com o conhecimento do arcebispo, mudanças na celebração da missa tridentina, que o aproximavam da forma ordinária do Rito Romano, concluindo assim que a aplicação da Summorum Pontificum na arquidiocese de Buenos Aires, de fato, não existiu.

As mesmas fontes, ligadas ao tradicionalismo na Argentina, afirmam ainda que, enquanto arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio teve uma ação inibidora da Missa tridentina, alegadamente proibindo padres de a celebrar. Criticam ainda as suas ações ecumênicas e acusam-no de perseguir os padres que apresentassem um pendor mais tradicionalista, por exemplo, na forma de vestir.

O cardeal Bergoglio convidou os seus clérigos e os leigos para que se opusessem ao aborto e à eutanásia.  O  Papa Francisco disse que é importante manter viva a atenção ao respeito pela vida humana desde o momento da concepção.

O pontífice é coerente com a posição histórica da Igreja Católica com relação à homossexualidade: as práticas realizadas são consideradas intrinsecamente imorais, mas que os homossexuais devem sempre ser respeitados. De tal forma, opôs-se fortemente à legislação argentina que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Tendo dito que: "se o projeto de lei que prevê às pessoas do mesmo sexo a possibilidade de se unirem civilmente e adotarem também crianças vier a ser aprovado, poderia ter efeitos seriamente danosos sobre a família. O povo argentino deverá afrontar nas próximas semanas uma situação que, caso tenha êxito, pode ferir seriamente a família. Está em jogo a identidade e a sobrevivência da família: pai, mãe e filhos. Não devemos ser ingénuos: essa não é simplesmente uma luta política, mas é um atentado destrutivo contra o plano de Deus".

É conhecido por sua postura a favor da justiça social, tendo dito em 2007 que: "Vivemos na região mais desigual do mundo, a que mais cresceu e a que menos reduziu a miséria. A distribuição injusta de bens persiste, criando uma situação de pecado social que grita aos céus e limita as possibilidades de vida mais plena para muitos de nossos irmãos". Além disso, tal como São Francisco de Assis lavava os pés dos leprosos, o Cardeal Bergoglio ganhou notoriedade em 2001 ao lavar os pés de 12 doentes de Aids em visita a um hospital.

Bergoglio, então cardeal, foi denunciado em 2005 por supostas conexões com o sequestro, pela ditadura argentina, dos padres jesuítas Orlando Virgilio Yorio e Francisco Jalics, em 23 de maio de 1976, quando trabalhavam sob o comando de Bergoglio. A denúncia teve por base artigos jornalísticos e o livro Igreja e Ditadura, escrito por Emilio Mignone, fundador do Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS).  Além do trabalho de pesquisa de Mignone, também o livro El Silencio de Horacio Verbitsky, membro do grupo guerrilheiro de extrema esquerda Montoneros, faz referência a supostas ligações com a ditadura. No capítulo "As Duas Faces do Cardeal", Verbitsky explora o eventual papel de agente duplo desempenhado por Bergoglio junto à ditadura argentina.

Segundo o autor do livro, que alega ter acesso a documentos do Ministério das Relações Exteriores e do Culto da Argentina, Bergoglio "vai à Chancelaria, pede um trâmite em favor do sacerdote (Jalics), mas, por baixo do pano, diz para não o concederem porque se trata de um subversivo".

Porém, todas essas denúncias foram desmentidas por pessoas envolvidas direta ou indiretamente nos fatos. O próprio Francisco Jalicz desmentiu de forma categórica as insinuações, numa declaração sua publicada no site da ordem jesuíta alemã: "O missionário Orlando Yorio e eu mesmo não fomos denunciados pelo padre Bergoglio."

Sergio Rubin, o seu biógrafo autorizado, relatou que Bergoglio, após a prisão dos dois sacerdotes, trabalhou nos bastidores para a sua libertação e intercedeu, de forma privada e pessoal, junto do ditador Jorge Rfael Videla: a sua intercessão poderia ter contribuído para a posterior libertação destes sacerdotes. Ele também relatou que, em segredo, Bergoglio deu frequentemente abrigo a pessoas perseguidas pela ditadura em propriedades da Igreja, e houve uma vez que chegou mesmo a dar os seus próprios documentos de identidade a um homem que se parecia com ele, para que pudesse fugir da Argentina.

Também o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, refutou todas as acusações referentes ao Papa Francisco. Esquivel, perseguido pela ditadura, afirmou que alguns bispos foram cúmplices do regime, mas não foi o caso de Bergoglio. A argentina Graciela Fernández Meijide, membro da Organização não Governamental "Assembleia Permanente para os Direitos Humanos" (APDH) e ex-membro da Comissão Nacional sobre o desparecimento de Pessoas (CONADEP), também declarou que não há provas que ligam Bergoglio com a ditadura. Numa entrevista ao
 Clarín (15 de Março de 2013), ela afirmou que "não há informação e a Justiça não conseguiu provar [esta ligação]. Eu estava na APDH durante todos os anos da ditadura e recebi centenas de depoimentos. Bergoglio nunca foi mencionado. Aconteceu o mesmo na CONADEP. Ninguém falou dele nem como instigador nem como nada."

O ex-promotor argentino, Julio Strassera, que ganhou notoriedade por seu trabalho de investigação e acusação no histórico julgamento das juntas militares, afirmou também que é "uma canalhice" vincular o Papa Francisco com a última ditadura argentina (1976-1983). "Tudo isto é uma canalhice, absolutamente falso, em todo o julgamento não houve uma só menção a (Jorge) Bergoglio", declarou Strassera a "Rádio Mitre", em referência ao julgamento das juntas militares no qual atuou como promotor em 1985. Após a eleição de Bergoglio como Papa, organizações de direitos humanos denunciaram o papel da Igreja na ditadura e lembraram que o cardeal argentino depôs como testemunha em duas causas por delitos de lesa-humanidade. Para Strassera, estas acusações estão motivadas, porque nem a presidente argentina, Cristina Kirchner, nem os seus partidários "podem suportar que alguém a quem desprezaram antes esteja acima deles".

Nos seus últimos anos como arcebispo de Buenos Aires, a relação entre Bergoglio e os Kirchner se tornou ainda mais turbulenta com a aprovação das leis sobre o aborto e o casamento homossexual na Argentina. Após todas estas desavenças, o Papa recebeu em 18 de março de 2013 a presidente Cristina Kirchner para um almoço, em um gesto que o Vaticano considerou "de cortesia e afeto" para com a chefe de Estado e o povo argentino, e não uma visita formal ou de Estado.

Na homilia da missa inaugural de seu pontificado, o Papa Francisco reiterou o exemplo de São Francisco de Assis de respeitar todas as criaturas de Deus e o ambiente em que vivem. Na mesma ocasião, fez um apelo aos governantes e a todas as pessoas para que cuidem do meio ambiente. Em outras palavras: que se desenvolvam sem destruir o que é de Deus.

Bergoglio é de certa forma simpático à Teológia da Libertação, devido à sua premissa de opção pelos pobres, mas sem ser ideológico da TL.

Mas o que está claro é que ele sempre foi contra as cepas da Teologia da Libertação que tiveram um elemento ideológico marxista.

Outros insistem que o Papa Francisco não é tão favorável à TL, como o jornalista investigativo Robert Parry, do Consortium News:"O novo papa não foi confortável com a Teologia da Libertação. É possível falar em nome dos pobres, sem apoio as verdadeiras mudanças fundamentais que estão presentes com a teologia da libertação", e que a abordagem dele se encaixa com a atitude da igreja ao longo dos séculos quanto aos pobres.

Escrevendo na revista Tikkun , o autor Matthew Fox afirma sobre Bergoglio: "Este papa opôs-se à teologia da libertação e as comunidades de base na América Latina, sendo que a teologia da Igreja de base que levou a sério o ensinamento do Concílio Vaticano II que a Igreja é "o povo" não é a hierarquia. Muitos heróis desse movimento foram mortos e torturados em todo América Latina, Oscar Romero sendo o mais visível. Bergoglio em nenhum lugar foi visto junto com eles. Muito pelo contrário, ele lutou contra a teologia da libertação com unhas e dentes como chefe da conferência dos bispos e ele era um instigador eficaz, com atitudes papais nesse sentido.

De acordo com Sandro Magister, o papa Francisco está mais preocupado com militantes do secularismo do que com a teologia da libertação. Magister afirma que Francisco se preocupa com a disseminação global de conceitos, incluindo legalização do aborto e casamento gay , que Francisco vê como o trabalho do diabo e do anticristo.  Magister afirma que os objetivos da teologia da libertação são menos importantes para o Papa que lutar contra secularismo.

Para o Papa Francisco,  o celibato "é uma questão de disciplina, não de fé. No momento, eu sou a favor de manter o celibato, com todos os seus prós e contras, porque temos dez séculos de boas experiências ao invés de falhas.[…] A tradição tem peso e validade ". Ele observou que "nos bizantinos, ucranianos, russos e greco-católicos[…] os padres podem ser casados, mas os bispos têm que ser celibatários". Se, hipoteticamente, o catolicismo oriental fosse rever a questão do celibato, eu acho que iria fazê-lo por razões culturais (como no ocidente), não tanto como uma opção universal". Enfatizou ainda que, entretanto, a regra deve ser rigorosamente respeitada, e qualquer sacerdote que não possa obedecê-la "tem de deixar o ministério”.

Francisco falou sobre a importância fundamental das mulheres na Igreja Católica, salientando que elas têm um papel especial na divulgação da fé, e que foram as primeiras testemunhas da ressurreição de Cristo. Em recente entrevista por ocasião da vinda do Papa Francisco ao Brasil, ele reafirmou a posição de seus antecessores, contrário a oredenação de mulheres ao sacerdócio.

O Papa Francisco é conhecido por um estilo pessoal despojado e frugal de viver. Durante seus anos como cardeal em Buenos Aires, vivia num pequeno e austero quarto atrás da Catedral Metropolitana e usava normalmente apenas transporte público, como metrô e ônibus, para se locomover, além de cozinhar a própria comida.

Eleito Papa, seu crucifixo sobre a batina branca quando apareceu ao povo na sacada do Vaticano era de aço e não de ouro, como de costume com Papas anteriores. Francisco recusou o manto vermelho decorado com peles usado por Bento XVI. Também recusou usar os múleo, continuando a fazer uso de sapatos totalmente pretos.

Mostrando desde o início do papado um novo estilo, Francisco recusou a limusine blindada papal para comparecer a um primeiro encontro, na residência de Santa Marta, no dia seguinte de sua eleição, preferindo um veículo comum, e espantou a todos ao pagar pessoalmente a conta do hotel onde se hospedou para o Conclave, hotel este pertencente à própria Igreja Católica.  Dias depois de eleito, surpreendeu o telefonista de uma ordem jesuíta em Roma, ao ligar pessoalmente querendo falar com um padre amigo e anunciando-se ao atendente – nunca outro Papa fez ligações telefônicas diretamente, sempre feitas por assessores ou por seu secretário – ouvindo de volta: "Você é o novo Papa? Ah sim, e eu sou Napoleão! Na semana seguinte em que foi eleito, ele ligou direto do Vaticano para a banca da Praça de Maio, em Buenos Aires, onde comprava os seus jornais e revistas quando vivia na cidade, para cumprimentar o jornaleiro, seu amigo de muitos anos, e avisar que dificilmente voltariam a se ver. Nesta ocasião, ao ter sua chamada novamente confundida com um trote, foi chamado de "idiota".

Sua primeira visita fora do Vaticano foi à Ilha de Lampedusa, Itália em 08 de Julho de 2013.

Missa e homenagens aos milhares de imigrantes norte-africanos que morreram durante a travessia para a ilha.

E veio ao Rio de Janeiro para Jornada Mundial da Juventude, de 22 a 28 de Julho de 2013

Espero que tenham gostado.

Até a próxima,
Mônica Romano é catequista e colaboradora do portal "Catolicismo Romano"

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