Vaticano vai colaborar com ONU sobre abusos de menores
Na última quarta-feira, a Comissão para os Direitos da Criança da ONU, que vigia a aplicação da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), enviou uma lista com 19 perguntas à Santa Sé, pedindo uma resposta até 01 de novembro.
A Santa Sé será depois recebida por representantes das Nações Unidas em janeiro de 2014, em Genebra.
Esta foi a primeira vez que o Vaticano, com estatuto de observador das Nações Unidas, foi chamado a dar explicações detalhadas à comunidade internacional sobre os casos de abusos sexuais contra crianças no interior da Igreja Católica.
O Vaticano é signatário da Convenção dos Direitos da Criança e, como tal, deve responder regularmente pelas suas ações nesta matéria.
A ONU pretende saber, nomeadamente, que medidas foram adotadas pela Igreja para punir os culpados dos abusos sexuais e para apoiar as vítimas e se o Vaticano impediu o contacto entre os membros do clero acusados e as crianças abusadas.
A Secretaria de Estado do Vaticano está a preparar as respostas, disse ao portal Vatican Insider Massimo De Gregori, da missão diplomática da Santa Sé em Genebra (Suíça), onde está sediada a comissão da ONU.
Ontem, o papa Francisco assinou um decreto que endurece as sanções penais para todos os abusos cometidos contra menores na Santa Sé e na Cúria (Governo do Vaticano), incluindo os crimes de pedofilia e prostituição de menores.
O texto, que introduz também uma lei contra a tortura, inclui “todas as categorias de crimes contra os menores: a venda, a prostituição, o recrutamento e as violências sexuais, a pornografia infantil, a posse de material de pornografia infantil e o ato sexual com menores”.
Nos últimos anos, vários escândalos de pedofilia abalaram a Igreja Católica em diversos países (Bélgica, Áustria, Alemanha, Irlanda, Estados Unidos).
Em abril, o papa Francisco pediu à Igreja Católica para atuar “com determinação” contra os abusos sexuais cometidos por membros do clero, naquela que foi a primeira vez que falou direta e publicamente sobre os abusos sexuais cometidos contra dezenas de milhares de crianças, ao longo de várias décadas.