A ORAÇÃO
A oração é a elevação da alma a Deus
A oração vocal pode ser expressa em fórmulas usuais ou de própria inspiração. Pode, inclusive, manifestar-se em forma de canto. Sempre, porém, deve exprimir o que nos vai na alma. "É preciso adorar a Deus em espírito" (Jo 4, 24). É preciso louvar a Deus com os lábios e o coração (Mt 15, 8)
Dentre as fórmulas usuais, as mais importantes são:
Sinal da Cruz – ato de fé dos três principais mistérios da religião, verdadeiro sacramental que nos cobre com a bênção divina.
Ofício Divino – É também um sacramental. É a oração pública da Igreja, sua oração oficial, composta quase que exclusivamente por salmos. É feito de modo a abranger todas as horas do dia, havendo orações próprias para a manhã, a tarde e a noite.
Pai-nosso – oração ensinada por Jesus Cristo, aos apóstolos (Mt 6,9-13; Lc 11,1-4): "Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje; perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tiver ofendido. Não nos deixeis cair em tentação mas livrai-nos do mal. Amém."
O Pai-nosso é a oração mais perfeita que existe.
Pai-nosso que estais nos céus – Somos filhos de Deus, somos todos irmãos – por isso, dizemos Pai-nosso. E Pai-nosso, que estais nos céus – Porque nosso Deus, presente em toda a parte, só nos será visível no Céu – no céu que é a Sua morada e deverá, também, ser a nossa.
Santificado seja o Vosso nome – melhor do que qualquer outro comentário, é este, atualíssimo, de Spirago, com grifos seus: "a glória de Deus é o fim da criação e, conseguinte, o fim supremo de toda criatura. Pode-se dar a este primeiro pedido o seguinte sentido: Fazei com que se difunda a verdadeira religião; dai-nos homens capazes que contribuam para isso, especialmente papas, bispos e sacerdotes que se destaquem por suas virtudes, dos missionários e pregadores do Evangelho; dai-nos também bons escritores e dignos governantes. Ajudai-nos com a vossa graça e assistência".
Venha a nós o Vosso reino – liga-se ao primeiro pedido. O Reino de Deus pode ser o céu – onde, eternamente, nos unimos ao Pai; pode ser a Igreja o Corpo Místico de Cristo; como pode ser a própria vida divina em nós, pela graça santificante . Por esta última somos membros vivos daquele Corpo, cuja morada definitiva é o Céu.
Em "venha a nós o Vosso reino" estão implícitas essas três idéias – todas ligadas à vida cristã, vida que deve ser jornada de filho de Rei em direção à casa do Pai. "Com o reino de Deus" em nós, pertencemos ao "Reino de Deus" – Igreja, que nos conduz ao "Reino de Deus" – Céu.
Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu – para vivermos no reino de Deus é preciso que a nossa vontade se identifique com a do Pai. Que Ele seja obedecido na terra como o é no Céu. É por essa submissão à vontade divina que nos libertamos e somos felizes, porque Deus só quer o bem.
O pão nosso de cada dia nos daí hoje – esse pedido liga-se à virtude da temperança, que, por sua vez, uni-se à humildade – base de toda a vida cristã. É um alerta contra os desejos supérfluos, particularmente se rezamos o Pai-nosso e sabemos que muitos irmãos sofrem por necessidades essenciais. Lembra-se, também o alimento espiritual, "porque nem só de pão vive o homem" – lembra o pão da vida, a Eucaristia .
Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tiver ofendido – aqui Jesus nos preparou uma boa armadilha. Mas sabia perfeitamente o que estava fazendo. "Perdoando é que somos perdoados"- Ele mesmo explicou. Ele só quer o nosso bem. Naquela armadilha está a libertação.
Não nos deixeis cair em tentação – Ele não nos ensinou a pedir a ausência de combate, mas a força para a luta – porque não nos quer autômatos, mas homens livres.
Mas livrai-nos do mal – Livrai-nos, principalmente, do pecado – o pior dos males. E livrai-nos, também de qualquer outro mal – é justo pedir.
Amém – isto é, que assim seja.
A Ave-Maria é a principal oração dirigida à Nossa Senhora. É rezada sucessivamente no que chamamos "Rosário" e Terço ( Terça parte do Rosário). Em geral, quem reza com fervor repete sempre as mesmas palavras. Assim fez Jesus Cristo no jardim das Oliveiras. Davi, no salmo 135, repete 27 vezes "Vossa misericórdia subsiste por toda a eternidade"; São Francisco de Assis repetia durante noites a fio: "Meu Deus e meu tudo !
Oral ou mentalmente, sempre devemos rezar. A Deus sempre devemos adoração, louvor e agradecimento. Dele precisamos perdão e auxílio. Seus santos, a começar por Nossa Senhora, são nossos aliados, nossos advogados e amigos. São nossos irmãos, fazem parte do mesmo Corpo Místico e, junto de Deus, gozam de mais poder e estão firmados na Caridade. Por isso, não devem ser esquecidos em nossas orações.
Mas também não esqueçamos a Igreja Padecente, as almas do Purgatório. Estas precisam de nós e esperam o nosso auxílio. Em vez de estéreis minutos de silêncio em sua homenagem, ofereçamo-lhes fecundos minutos de oração. Enfim, oral ou mentalmente, rezemos sempre, por nós e pelos outros – vivos e defuntos. Muitas graças que recebemos são devidas a orações de quem, talvez, nem conheçamos. Não sejamos parasitas. Unamos nossa voz ao grande coro de amor e "por Cristo e em Cristo, demos ao Pai onipotente toda honra e toda a glória".
Meditação – consiste no aprofundamento, em silêncio, de qualquer assunto religioso: uma frase do Evangelho, um trecho de oração, etc, ou, ainda, procurar abstrair-se de tudo para ouvir a voz de Deus. Isto, também, é rezar: falar com Deus e ouvir a Sua voz.
Aliás, tudo pode ser rezar. Numa vida cristã, todos os atos têm valor sobrenatural, todos são impregnados de Caridade, tudo nos liga a Deus – por isso, tudo é oração. Não tem sentido uma pessoa em estado de graça dizer-se sem tempo para rezar. É preciso que se tenha consciência disso – assim a vida se transfigura. Não há mais vida feia ou inútil. Tédio não é palavra cristã. Nem vazio. O trabalho, cansaço, doença, estudo, conversa, "o comer, o beber …" (com diz São Paulo), o esporte, tudo, tudo pode e deve ser oração.
Ter consciência disso, viver isso, é ser feliz. Isso é Religião – plenamente vivida. Pela manhã, oferecer todo o dia a Deus – e, depois, de vez em quando, renovar este oferecimento: numa hora de dor ou de alegria, de trabalho ou descanso etc.
Fiel e amoroso, sensível a todas as manifestações da Vontade e Sabedoria divinas, "com todo o coração, alma e entendimento" unido ao Criador e chamando-O pelo Seu nome – o doce nome de Pai – o cristão deve passar pela terra a caminho da eternidade – porque, para ele, Religião é Vida.
Toda a vida pode e deve ser vivida com Deus – com Deus e em Deus que é vida, com Deus e em Deus que é Amor. Simplesmente.