Arcebispo de Damasco, na Síria, fala do “crepúsculo” da sua Igreja
Na missiva, o prelado faz notar que este fenómeno “tem aumentado” desde 2003, aquando da Guerra do Iraque, “e especialmente desde 2011”, por causa da chamada “Primavera Árabe”.
D. Samir – que esteve em Portugal em Dezembro de 2013 a convite da Fundação AIS, tendo então consagrado o povo sírio a Nossa Senhora de Fátima -, refere nesta carta que muitos acreditam estar próximo o fim da presença cristã em muitos locais da região.
“Alguns relatos dão apenas dez anos para que se feche a página do cristianismo no Médio Oriente”, escreve o arcebispo, acrescentando, no entanto, considerar esta como uma “visão pessimista”.
Apesar disso, acrescenta, “a experiência mostra uma crescente e alarmante emigração”. Na referida carta, D. Samir explica que “o tema das discussões diárias” entre a comunidade cristã “é como sair” do país. Não importa como. Todos parecem dispostos a “ir para qualquer lugar, de qualquer maneira, mesmo que isso signifique assumir enormes riscos”.
Esta onda forçada de emigração atinge principalmente os jovens. “Dado o impasse” desta “guerra absurda que já dura há tempo de mais”, diz o prelado, “os jovens representam o maior grupo dos que pretendem sair do país”, fugindo da incorporação militar.
Assim, resta a dúvida: “Qual o futuro de uma igreja sem jovens?”.
Será este “o fim fatal do cristianismo apostólico numa terra bíblica”, tornando-se “refém da violência e da intolerância em nome de uma fé radical que nem apoia o pluralismo nem aceita diferenças”? – pergunta o prelado.
No documento, D. Samir Nassar antecipa alguns dos caminhos que poderão vir a ser seguidos pela Igreja na Síria: acompanhar os fiéis nos países da diáspora e ajudá-los a manter a sua fé tradicional, ou, então, procurar estabelecer alianças com outras comunidades minoritárias para defender os seus direitos face a um “intolerante” islão.
Na carta enviada à Fundação AIS, D. Samir adianta ainda outros cenários para a comunidade cristã, que passam por procurar, eventualmente, garantias de proteção das autoridades governamentais, ou, então, “aceitar viver sob a sombra do Islão e continuar uma vida cheia de dificuldades e de desafios”.
Qualquer destas soluções implica, nas suas palavras, um futuro sombrio. Diz o arcebispo que “os Cristãos do Oriente enfrentam uma escolha quase suicida”. É, prenuncia, o “crepúsculo” da Igreja na região.