Bento XVI lembra crianças afetadas pela Aids
Bento XVI associou-se à celebração do dia internacional de luta contra a AIDS, que a ONU promove anualmente a 1 de dezembro, pedindo um maior empenho para travar a transmissão da doença nas crianças.
“Em particular, o meu pensamento vai para o grande número de crianças que todos os anos contraem o vírus das próprias mães, apesar de haver tratamentos para o impedir”, disse, num apelo deixado na audiência pública semanal que decorreu no Vaticano.
O Papa acentuou que os habitantes das regiões mais pobres do mundo passam por complicações acrescidas pela “grande dificuldade” em acederem a “fármacos eficazes”.
Bento XVI deixou votos de que esta jornada internacional sirva para “chamar a atenção sobre uma doença que causou milhões de mortes e trágicos sofrimentos humanos”.
“Encorajo as numerosas iniciativas que são promovidas no âmbito da missão eclesial, para debelar este flagelo”, concluiu.
Um exemplo é o programa DREAM (Drug Resource Enhancement against Sida and Malnutrition), que a comunidade católica de Santo Egídio desenvolve em África de forma totalmente gratuita: 97% das crianças com mães seropositivas nasceram imunes ao HIV.
Os responsáveis pela comunidade sublinham que ainda há 6,8 milhões de pessoas que “deveriam beneficiar da terapia, mas não têm acesso ao tratamento”.
Segundo as Nações Unidas, em 2011 viviam com o SIDA cerca de 34 milhões de pessoas no mundo, mas entre 2005 e 2011 o número de mortos devido ao vírus desceu em mais de meio milhão.
O relatório 2012 da ONUSIDA refere que "uma nova era de esperança está a abrir-se nos países e nas comunidades” que no passado foram "devastadas" pela doença.
Em 2004, a Santa Sé apresentou a Fundação ‘O Bom Samaritano’, uma espécie de fundo global da Igreja Católica que tem como objetivo ajudar economicamente os doentes mais necessitados, de modo particular os contagiados pelo HIV.
Dados do ONUSIDA mostram que mais de 25 por cento de todas as instituições ligadas ao tratamento dos doentes de Aids estão ligados à Igreja Católica, sobretudo nos países mais pobres.
Na exortação apostólica pós-sinodal ‘Africae Munus’, publicada em novembro de 2011, Bento XVI defende que o problema da SIDA em África é “sobretudo ético”.
“Concretamente, o problema da AIDS exige, sem dúvida, uma resposta médica e farmacêutica; mas esta é insuficiente, porque o problema é mais profundo”, escreve o Papa.
Sem fazer qualquer referência ao uso do preservativo, o documento apela a uma “mudança de comportamento”, nomeadamente através da “abstinência sexual, a rejeição da promiscuidade sexual, a fidelidade conjugal”.
Bento XVI estimula ainda ao desenvolvimento dos “programas de pesquisa terapêutica e farmacêutica em curso para erradicar as pandemias”, que possam “tornar os tratamentos e os medicamentos acessíveis a todos”.