Cemitério “não católico” de Roma completa 300 anos
Completa três séculos de existência um dos lugares mais românticos, fascinantes e menos conhecidos de Roma, o Cemitério dos não Católicos, localizado aos pés da Pirâmide Cestia.
Trata-se do único cemitério que se mantém "vivo" dentro do perímetro urbano da capital italiana e que segue construindo novas sepulturas. O local, mantido por 15 embaixadas estrangeiras, tem entre seus "hóspedes" ilustres personalidades como os poetas ingleses Percy Bysshe Shelley, morto afogado no mar Tirreno, na costa oeste da Itália, e John Keats e o escritor argentino J. Rodolfo Wilcock, que viveu a segunda metade de sua vida em Roma.
Fundado pelo papa Clemente XI para enterrar os últimos membros da dinastia britânica da "Casa de Stuart", Jacobo Eduardo e seu filho Carlos Eduardo, exilados em Roma depois de uma tentativa inútil de recuperar o trono, o cemitério "acatólico" recebeu o título de monumento nacional no fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918.
Inicialmente, o local era apenas repleto de covas, como os castelos medievais. Não se podia plantar árvores, e os enterros tinham que acontecer à noite para evitar tumultos de pessoas que não aceitam outra crença que não seja o catolicismo. Hoje, tornou-se um oásis de paz, com lápides bem cuidadas e esculturas diferentes das encontradas em outros cemitérios monumentais, como o de Gênova e o Père-Lachaise, de Paris.
As principais exigências para ser enterrado no local são: não ser católico – são aceitos apenas protestantes, judeus, muçulmanos, ateus e agnósticos -, ter morado na Itália ou ser cidadão de um dos 15 países que administram e cuidam do cemitério, além de uma série de permissões especiais.
Entre as personalidades enterradas nele estão o pesquisador norte-americano Thomas Jefferson Page, responsável pelo primeiro estudo hidrológico do Rio da Prata e de seus afluentes Paraná, Uruguai e Paraguai; a eterna estilista de origem russa Irene Galitzine; e o poeta norte-americano Gregory Corso. Com nacionalidade italiana, estão o filósofo comunista Antonio Gramsci e os escritores Carlo Emilio Gadda e Dario Belleza. (Ansa)