Com risco de atentados, Papa Francisco inicia viagem ao Sri Lanka
O papa Francisco começou nesta segunda-feira (12) sua primeira viagem internacional de 2015, com destino ao Sri Lanka e às Filipinas, onde é aguardado por milhares de fiéis. A visita à Ásia — a segunda de seu pontificado, depois da ida à Coreia do Sul no ano passado — ocorre em meio a um estado de temor provocado pelos recentes atentados terroristas em Paris que deixaram 17 mortos e acirraram os ânimos entre cristãos e muçulmanos. Horas antes da partida de Francisco em um avião Airbus A330 da companhia Alitalia, a polícia italiana informou que o Vaticano estaria em alerta contra ameaças à segurança do Papa. De acordo com fontes do serviço de inteligência da Itália ouvidas pela ANSA, o Vaticano é um "possível" alvo de jihadistas islâmicos. A Divisão de Investigação Geral e de Operações Especiais (Digos, na sigla em italiano), afirmou, no entanto, que "não há, até o momento, nenhum risco concreto". E o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, negou que a Santa Sé tenha "recebido relatórios de outros países" sobre um possível ataque terrorista.
De acordo com o cronograma oficial, os compromissos de Francisco no Sri Lanka começarão amanhã, na cidade de Colombo. Cerca de 25 mil policiais estarão envolvidos na segurança do Papa durante os três dias que ele ficará no país. O esquema maior de vigilância será colocado em prática na quarta-feira, quando Jorge Mario Bergoglio celebrará uma missa para até um milhão de pessoas. Na ocasião, será canonizado o beato José Vaz.
Além dos ataques terroristas, as autoridades temem atos de violência com motivações políticas, já que o ex-presidente Mahinda Rajapaksa protagonizou uma derrota nas urnas há menos de uma semana. Nos últimos anos, a maioria budista tem sido mais agressiva com a minoritária população muçulmana do Sri Lanka. Apenas 7% dos cidadãos do país são católicos. Em seguida, o Papa continuará sua viagem pelas Filipinas, onde ficará por quatro dias. Com 80% da população sendo católica e dezenas de compromissos oficiais, os agentes de segurança resolveram proclamar estado "máximo de alerta" a Francisco. O presidente filipino, Benigno Aquino, colocou à disposição um serviço de segurança com 25 mil policiais e sete mil militares, além de um contingente de seis mil reservistas.
O alerta inclui até as atividades aéreas. Durante os dias em que Francisco decolará ou aterrissará de Manila, ou visitará a cidade de Tacloban, destruída pelo ciclone Haiyan, serão cancelados 160 voos internos e externos. O evento mais perigoso é a missa no parque Rizal, na capital das Filipinas, no próximo domingo, com seis milhões de pessoas. Mesmo com todo o aparato, Francisco renunciou ao uso do "papamóvel" (carro blindado para aparições ao público), como tem feito em todas suas viagens apostólicas ao exterior. Os precentes de viagens papais às Filipinas, no entanto, não são animadores. Em 1995, as autoridades mudaram repentinamente o cronograma do papa João Paulo II para que ele se locomovesse de helicóptero, em vez de carro. Em 1970, Paulo VI sobreviveu a um esfaqueamento no aeroporto. No sul do arquipélago, onde se concentra a comunidade muçulmana, operam diversos grupos de rebeldes islâmicos que nos últimos anos têm feito milhares de vítimas em suas lutas separatistas. Francisco deverá retornar ao Vaticano apenas no dia 19 de janeiro.