Em apelo ambiental, Papa Francisco planta árvore no Quênia
O papa Francisco visitou nesta quinta-feira (26) o escritório das Nações Unidas em Nairóbi, no Quênia, e aproveitou o momento para plantar uma árvore e dar ainda mais simbolismo a sua visita ao país.
Segundo o Pontífice, esse "gesto simbólico e simples, cheio de significado em muitas culturas […] é um convite a continuar a luta contra os fenômenos como o desmatamento e a desertificação".
Para ele, plantar uma árvore também é "um mecanismo legítimo de pressão para que cada governo cumpra com seu poder" e que o ato "nos desafia a continuar confiando, esperando e, sobretudo, a nos empenhar concretamente para transformar a degradação e a injustiça".
O local abriga duas agências da ONU, o Programa para o Meio Ambiente (Unep) e o Programa para Assentamentos (UN-Habitat).
Ao chegar no local, ele foi acolhido pelos dois diretores-gerais, Achim Steiner e Joan Clos, respectivamente.
Em seu discurso, Jorge Mario Bergoglio lembrou da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças no Clima (COP21), que começa na próxima segunda-feira (30) em Paris, e pediu por um acordo global para o clima no planeta.
"Espero que a COP21 nos leve a concluir um acordo global e transformador, baseado nos princípios da solidariedade, da justiça, da igualdade e participação, e oriente a realização de três objetivos interdependentes: a redução do impacto das mudanças climáticas, a luta contra a pobreza e o respeito à dignidade humana", destacou.
Durante sua fala, o Papa alertou que as nações devem pensar nos interesses comuns de toda a humanidade porque seria "triste e catastrófico" que os "interesses privados prevalecessem sobre o bem comum e chegassem a manipular as informações para proteger os seus próprios projetos".
Segundo o líder, não é "utopia nem fantasia" que a humanidade deste início do século 21 possa ser lembrada por ter assumido "as graves responsabilidades" sobre o ambiente ao passo que a geração pós-industrial é conhecida "como uma das mais irresponsáveis da história". Para que isso aconteça, é preciso "colocar a economia e a política à serviço dos povos".
Essa "mudança de rota" sobre os temas importantes à natureza e a todo o meio ambiente, será obtida apenas com a admissão de "uma cultura para a cura: cura de si mesmo, dos outros, do ambiente e que substitua a cultura do descarte e da degradação".
"São muitas vidas, muitas histórias, muitos sonhos que naufragam no nosso presente. Não podemos ficar indiferentes a isso. Nós não temos esse direito", disse o Papa lembrando que a crise imigratória que atinge, especialmente, a Europa, e que é fruto dessa cultura que não valoriza as pessoas.
Para Francisco, é preciso que os acordos assinados por governos do mundo todo se preocupem em oferecer "um mínimo de cura e de acesso aos serviços essenciais para todos".
"A interdependência e a integração da economia não devem causar nenhum dano aos sistemas de saúde e de proteção social. Ao contrário, devem favorecer a sua criação e o seu funcionamento.
Alguns temas médicos, como a eliminação da malária e da tuberculose, a cura das doenças 'órfãs' e os setores da medicina tropical pedem uma atenção prioritária, acima de qualquer interesse comercial ou político", destacou.
Falando diretamente ao continente africano, de onde partem grande parte das pessoas que buscam condições de vida melhores na Europa ao fugir do terrorismo, da fome e da miséria, Bergoglio destacou que a África "oferece ao mundo beleza e riquezas naturais, mas também corrupção, terrorismo, comércio ilegal de matérias primas".
Repetindo o discurso que fez na sede da ONU, onde defendeu que os governos atuem pensando no bem comum, o Papa pediu que os governos "deixem de lado os interesses setoriais e de ideologia" e busquem "sinceramente" o melhor para toda a sociedade. – Encontro com o clero: Antes de ir à ONU, o sucessor de Bento XVI teve um encontro com membros do clero, religiosos e seminaristas. Deixando de lado o discurso que tinha preparado, Jorge Mario Bergoglio falou sem se preocupar com o papel e fez uma reflexão sobre as vocações, o estilo da vida religiosa e sobre o sofrimento das crianças.
Entre outros pontos, o Pontífice renovou sua reflexão sobre o fato de que as vocações devem ser fortes e bem fundadas, que não haja arrependimento por estar na estrada certa, e de "encontrar um trabalho, casar e formar uma boa família". Neste encontro, o líder preferiu falar em espanhol e usar a tradução simultânea para inglês.