Santo Atanásio – Bispo e Doutor da Igreja – 02 de maio
Atanásio nasceu em Alexandria, no Egito, em 296. No ano de 325, deu-se o I Concílio Ecumênico, em Niceia, para definir a doutrina autêntica contra a heresia tão capciosa dos arianos, a qual fazia de Jesus uma criatura inferior a Deus Pai. Atanásio participou do Concílio na qualidade de assessor do seu bispo, embora fosse somente diácono na época.
O Arianismo foi condenado e deu-se a definição solene do Credo, o qual nós rezamos até hoje. A atuação de Atanásio foi primorosa tanto pela lucidez de sua doutrina quanto pela argumentação bíblica apresentada. Os erros dos arianos foram por ele refutados com tanto brilho, clareza e evidência, que causou admiração a todos.
Atanásio foi o sucessor do bispo de Alexandria, embora tivesse apenas 31 anos, e dirigiu a Igreja de Alexandria por 46 anos, período de muito sofrimento e perseguição. Os arianos não lhe deram descanso e, com o apoio do imperador, espalharam muitas calúnias contra Atanásio, que por cinco vezes teve de fugir de sua sede episcopal.
Refugiava-se no deserto onde conheceu e conviveu com o grande Santo Antão. Durante cinco anos ficou lá escondido, saindo somente à noite para dirigir sua igreja e consolar seus fiéis. Atanásio foi firme e inquebrantável com seus numerosos escritos. Manteve viva a fé no Verbo Encarnado.
Faleceu reconhecido por toda a Igreja, com 77 anos. E como reconhecimento de seu trabalho, fidelidade e fundamentais obras escritas para a Santa Igreja foi declarado Doutor da Igreja.
História Detalhada:
A vida toda de Santo Atanásio consumiu-se na luta contra os hereges. Hereges houve sempre, ainda existem e sempre os haverá. Quem observa bem o movimento das heresias, na história da Igreja, facilmente chega a descobrir os seguintes característicos, que estigmatizam os hereges e suas obras.
Alexandria é a terra que deu à igreja este grande doutor e defensor da doutrina católica. Atanásio nasceu em 296. Dotado de inteligência raríssima, fez Atanásio rápidos progressos nas ciências divinas e profanas. À medida que os conhecimentos se alargavam, mais se lhe solidificavam as virtudes e a piedade. O desejo de vida perfeita levou-o à solidão de Santo Antão, na companhia do qual passou dois anos, até que o seu antigo mestre Santo Alexandre, que havia sido elevado à dignidade de Patriarca, chamou-o para perto de si, a fim de se lhe aproveitar do talento, na luta contra os hereges.
Quando se realizou o concílio de Nicéia, Atanásio, sendo apenas Diácono, acompanhou o Prelado para aquela eminente demonstração de fé Católica. Os erros arianos foram por ele refutados com tanto brilho e clareza, que causou admiração de todos os assistentes. Seu discurso foi um triunfo para a causa católica, conquistou-se-lhe também o ódio dos arianos, que lhe declararam implacável guerra, a começar daquele momento, até o dia de sua morte.
Prevendo o próximo desenlace fatal do Patriarca Alexandre, Atanásio esquivou-se da mais que provável eleição e fugiu para Alexandria. Santo Alexandre, conhecendo o plano do amigo, declarou-lhe que de nada adiantava prosseguir na sua humilde trama, pois que não se livraria do cargo de futuro patriarca.
Efetivamente foi eleito Atanásio sucessor de Alexandre e só seis meses depois da eleição, lograram os fiéis descobrir o esconderijo do novo Pastor. De nada lhe valeram as desculpas inspiradas pela humildade, pois que o povo conduziu-o como que em triunfo à capital, e Atanásio, se bem que em lágrimas, tomou posse do cargo.
O governo sapientíssimo, enérgico e resoluto que teve a diocese, é prova patente de sua administração, elevando-o à sede patriarcal de Alexandria.
Os arianos não viram de bons olhos este estado de coisas e, como se lhes não fosse possível reverter a eleição de Atanásio, recorreram à vil calúnia, para desta maneira lhe destruir o prestígio junto do Imperador. Este convocou um concílio na cidade de Tiro para que Atanásio respondesse às acusações levantadas. A Assembléia compunha-se na maioria de bispos arianos, portanto de inimigos de Atanásio que, ainda assim, compareceu à audiência.
A primeira acusação foi feita por uma mulher paga pelos inimigos do patriarca, a qual , em plena assembléia, dirigiu-se erroneamente em acusações para o Secretário Timóteo , pensando ser este Atanásio, já que não o conhecia pessoalmente. Timóteo, após receber as acusações em rosto disse: “Como eu teria entrado em tua casa? Teria te feito propostas indignas?” Ela, mediante juramento, corroborou suas palavras. Diante desta cena, e bem que contrafeita, a assembléia toda declarou a inocência de Atanásio.
Recorreram os inimigos a uma outra astúcia que, segundo lhes parecia, não havia de falhar. Espalharam o boato de ter Atanásio assassinado um bispo de nome Arsênio, cuja mão direita levava consigo para fazer obras de feitiçaria, chegando mesmo a apresentar uma caixa com a tal suposta mão, que diziam ser do bispo assassinado. Atanásio, tendo absoluta certeza de que o tal bispo Arsênio estava vivo, localizou-o e pô-lo a par do que se tratava, convidando-o a vir até Tiro.
Em uma das sessões que tratava da questão de Arsênio, Atanásio perguntou aos bispos arianos presentes, um por um, se conheciam Arsênio, quando alguns deles responderam afirmativamente. Era o momento escolhido por Atanásio para desmascarar e humilhar os seus inimigos. A um sinal, abriu-se a porta da sala e entrou Arsênio, dando com sua presença, testemunho da inocência de Atanásio.
Mesmo assim, enfurecidos contra o Patriarca, tanto insistiram ao Imperador Constantino, que este determinou o exílio de Atanásio para Treves. Lá foi recebido pelo Bispo (São Maximiliano) com todas as honras e, as notícias recebidas por Atanásio de Alexandria, davam conta de que os fiéis cada vez mais rejeitavam toda e qualquer comunicação com a igreja ariana. Diversos pedidos foram feitos ao Imperador para a reabilitação do Patriarca, que não foram atendidos, sob a alegação de que não poderia interferir numa decisão do concílio.
O Imperador Constantino morreu em 12 de Maio de 337. No leito de morte, depois de ter recebido o santo Batismo, reconheceu a inocência de Atanásio e decretou-lhe a volta para Alexandria. Só em 388 foi executada esta ordem.
O império foi dividido entre os três filhos de Constantino: Constantino, Constâncio e Constante. O primeiro, Constantino, a quem coube a parte da Gália, deu liberdade a Atanásio, o qual em triunfo foi recebido na sua metrópole, Alexandria.
Os arianos, não descansaram, e armaram novas perseguições a Atanásio. Alegando que as decisões de um concílio só poderiam ser alteradas por outro, com consentimento do Imperador do Oriente, recorreram à Constâncio e, convocando um novo concílio, fizeram eleição de um novo bispo de Alexandria. O eleito era o sacerdote ariano, Gregório.
Diante disso, Atanásio dirigiu-se à Roma e invocou a autoridade do Papa Júlio, o qual pessoalmente presidiu o concílio de Sárdica, bem como um sínodo convocado pelos imperadores católicos Constantino e Constante, que reconheceram e confirmaram Atanásio como legítimo Patriarca de Alexandria. Uma carta de Constante dirigida a Constâncio, em tom ameaçador, fez com que este respeitasse as deliberações dos concílios católicos e restabelecesse Atanásio no uso dos seus direitos.
Morreu Constante, e desencadeou-se nova tempestade contra Atanásio. Constâncio, cedendo às exigências dos Arianos, acabou cedendo, tendo sido convocado o concílio de Milão pelos arianos, que novamente condenou Atanásio e exigiu da Igreja de Alexandria a agremiação à seita ariana. Foram cometidas tantas atrocidades e crueldades que Atanásio fugiu, e permaneceu exilado por cinco anos numa cisterna seca, ao abrigo de um amigo, período em que escreveu as obras mais importantes contra a seita ariana. Somente por ocasião da morte de Constantino, foi-lhe permitido voltar à Diocese por um decreto de Juliano, o Apóstata, que deu liberdade a todos os bispos católicos exilados. Não tardou , porém, nova perseguição , e Atanásio, para não cair nas mãos dos inimigos que lhe queriam a morte, procurou salvação na fuga navegando o Santo para o exílio. Só durante o governo de Joviano foi concedida paz e prosperidade para a fé católica, por um período de três anos.
O Sucessor de Joviano, Valente, empregou novamente medidas extremas contra os bispos católicos, mandando-os para o exílio. Atanásio, escondeu-se no túmulo do pai, por um período de quatro meses. Foi esta a última perseguição sofrida pelo grande Bispo. As autoridades, receando uma revolução em Alexandria caso não fosse reconduzido, chamaram de volta Atanásio, que dirigiu a diocese até à morte. Em 373 foi o grande propugnador da Igreja Católica, receber a recompensa na eternidade. São Gregório Nazianzeno, diz: “Atanásio, foi uma coluna da Igreja e o modelo dos Bispos”. Ortodoxo era aquele que confessava a doutrina de Atanásio.
A vida toda de Santo Atanásio consumiu-se na luta contra os hereges. Hereges houve sempre, ainda existem e sempre os haverá. Quem observa bem o movimento das heresias, na história da Igreja, facilmente chega a descobrir os seguintes característicos, que estigmatizam os hereges e suas obras:
- Vestem-se sempre da capa da virtude e santidade para enganar os incautos. São Bernardo caracteriza os maniqueus do seu tempo com as seguintes palavras: “Tem costumes ilibados: não oprimem a ninguém; a ninguém fazem mal; o rosto denuncia-lhes mortificação e jejum; não são ociosos e ganham honestamente a subsistência”.
- São inimigos da autoridade da Igreja e tudo fazem para subminá-la. Dizem ser a Igreja retrógrada, inimiga da ciência, do Progresso, obscurantista. Segundo eles, o Papa, é ‘conservador’, ultrapassado, e não adapta a Igreja à nova realidade do mundo”.
- “A seu bel prazer interpretam as palavras da Sagrada Escritura – diz Santo Ambrósio – para, sob a capa de santas citações com mais facilidade poderem inocular o veneno dos erros”. Também o demônio sabe citar lugares bíblicos.
- Para justificar sua conduta, proferem mil acusações e queixas contra a Igreja Católica: dizendo que é ambiciosa, despótica, os bispos são amigos do luxo, ninguém há mais orgulhoso que os Cardeais; hipócritas são os sacerdotes e os religiosos. Não há heresia que não toque nesta tecla batidíssima.