Existem milhares de pessoas simples e humildes que possuem uma fé extraordinária e fora do comum
“Minha filha acaba de morrer,” diz alguém a Jesus. A meio caminho da casa onde se encontrava esta defunta, uma mulher diz consigo mesma: “se eu tocar ao menos a ponta do Seu manto, serei curada.” Dois relatos de milagres realizados por Jesus. Mas o que interessava ao Evangelista ao narrar a ressurreição da filha de Lázaro, melhor, o seu ressuscitamento, porque voltou a uma vida mortal e naturalmente teve que morrer de novo? E o que lhe passava também pela mente ao relatar o gesto, um tanto curioso para não dizer supersticioso, desta mulher: “Se eu tocar apenas a barra do Seu manto, ficarei curada”?
O Evangelista indica à sua comunidade e a nós que, ao lado de uma fé normal, existe uma fé carismática. Esta não é de todos; esta é dom de Deus. Paulo fala que a uns é dada a fé como dom. É evidente que Paulo não se refere à virtude teologal da fé, porque esta Deus infunde nos corações de todos aqueles que creem. Mas ao lado dessa, existe outra que eu denominei fé carismática, ou seja, uma fé extraordinária. No final deste Evangelho, Jesus dirá que se esta fé existir no coração de alguém, esta pessoa poderá dizer a uma planta, como hipérbole é claro, “arranca-te daqui e lança-te em outro lugar”, e ela obedecerá. Esta fé pode ser pedida, embora seja dom extraordinário de Deus.
Existem milhares de pessoas simples, pessoas humildes e desconhecedoras de teologia que, no entanto, ao lado da fé teologal, ou tornando a fé teologal mais forte e mais potente, possuem esta fé extraordinária e fora do comum. Essas pessoas são nossos verdadeiros intercessores diante de Deus. Não são apenas os Santos que podem interceder por nós; pessoas de grande fé e grande comunhão com Deus sabem o que pedir, sabem o que agrada a Deus, pois possuem uma espécie de conatureza com a vontade de Deus. Essas pessoas pedem, segundo Deus, para si e para nós – repito – e recebem, para elas e para nós, aquilo que pediram. Supliquemos a Deus uma grande fé; se não a fé carismática, se não a fé extraordinária, sempre dom e carisma que Deus derrama sobre quem quer, ao menos a fé profunda, que é patrimônio de todos nós.