Existem pessoas que de maneira imprudente postergam a sua conversão ou a sua seriedade para com Deus
O Evangelista Lucas, nos traz uma parábola daquelas que nós classificamos com o titulo de parábola de advertência. Parábola escatológica. Se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, estaria de prontidão e não permitiria que a sua casa fosse arrombada.
E assim Jesus, durante a sua vida e narrando parábolas do reino, não deixou de incutir também nesse acervo algumas palavras de vigilância. Vigilancia e o verbo vigiar “gregoreo” em grego tornaram-se termos técnicos do cristianismo da primeira origem, ou da primeira geração.
Os nossos primeiríssimos irmãos da fé eram pessoas que vigiavam. E vigiavam porque não sabiam o dia e a hora… Na verdade, esperavam a volta de Jesus para muito em breve.
Erraram. Erraram sob este aspecto. Mas o erro deles, embora nunca tenham feito cálculos matemáticos como apocalípticos exacerbados que eram, é bem menor do que o daqueles que não esperam nada. Não esperam nem uma surpresa no futuro.
Nem para a macro historia, nem para a grande história e nem para a pequena historia. Porque estão tão bem neste mundo e estão tão assimilados a este mundo, tão materializados que não lhes passa sequer pela cabeça ou pela antecâmara do cérebro que um dia se despedirão desta vida para sempre, que estão aqui apenas de passagem, que são peregrinos e viajantes, e que esse dia da despedida definitiva pode estar mais perto do que eles próprios imaginam.
Pessoas que de maneira imprudente postergam constantemente a sua conversão ou a sua seriedade para com Deus. Pessoas que não levam Deus a sério, ou então que se propõe a levá-lo a sério na próxima semana, no próximo mês, quem sabe no próximo ano.
Pessoas que não imaginam o que lhes possa acontecer num futuro muito imediato.
Porque comprometer dessa maneira a eternidade? De resto, comparecer diante de Deus com tão pouco depois do muito que recebemos…
Para muitas pessoas podemos dizer o seguinte: existem graus de gloria também na eternidade. É claro que não é a mesma coisa para Deus alguém que sempre O prezou, alguém que sempre Lhe obedeceu, alguém que sempre Lhe foi dócil, alguém que sempre carregou a cruz com Cristo e com Cristo se assimilou e um outro que na hora da morte, a exemplo do bom ladrão, tenta roubar também o céu.
Tomara consiga! Oxalá consiga! Mas mesmo que o consiga, por graça e misericórdia infinita de Deus, perdeu grande parte da chance única que Deus lhe havia oferecido para trabalhar para sua eternidade.
Esta pessoa foi concebida e nasceu neste mundo para se dirigir para Deus, mas só no final, na última hora, resolveu se converter. A maior parte da sua vida que não lhe será mais oferecida para novos crescimentos foi definitivamente cancelada. Que isto não aconteça com nenhum de nós.