Fátima 2017: Conselheiro de Estado de Portugal fala da visita “histórica” do Papa Francisco
O conselheiro de Estado Adriano Moreira realçou na Fundação Calouste Gulbenkian a importância da vinda do Papa Francisco a Fátima, considerando que o Santuário receberá nos dias 12 e 13 de maio a grande “voz encantatória” da atualidade.
Em declarações à Agência ECCLESIA, esta terça-feira, no final da sessão de apresentação do livro ‘Francisco: Desafios à Igreja e ao mundo’, do padre Anselmo Borges, o antigo ministro português destacou o encontro do Papa argentino com um “dos centros espirituais mais importantes” deste tempo.
O atual presidente do Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa, e distinguido pela Igreja católica em Portugal, através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, com o prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes, mostrou-se ainda convicto de que da presença de Francisco no Centenário das Aparições sairá outra mensagem forte para a sociedade.
“Espero que a visita dele seja histórica, não só para nós mas para a revolução inadiável que ele iniciou”, referiu.
Para Adriano Moreira, este Papa tem-se destacado como a figura mais próxima dos dramas da humanidade, de fenómenos como a guerra, a violência, a pobreza, a escravatura.
“Os não ainda não foram todos apagados” e “quem percebeu isto melhor até hoje foi o Papa”, apontou o conselheiro de Estado, que traçou depois o contexto que Francisco herdou no seu pontificado e com o qual tem procurado lidar.
Uma sociedade onde “o credo dos valores está a ser substituído pelo credo dos interesses”, onde “estruturas de governo vivem inteiramente da imagem”.
“São as imagens divulgadas que criam a entidade em que se vai votar, que nada tem a ver com a realidade, daí a grande crise que a Europa está a atravessar”, referiu Adriano Moreira.
Depois também um Papa que vive numa “geração” que “com o desenvolvimento da ciência e da técnica, adquiriu o poder de destruir o mundo”, o que tem uma repercussão “terrível”.
No campo religioso, Adriano Moreira disse que este Papa já mostrou saber que é necessário “restituir a autenticidade à Igreja” e “corrigir os vícios de que é acusada”.
“É preciso um ato de coragem enorme, que levou até ao esgotamento do seu antecessor”, afirmou aquele responsável, lembrando a resignação de Bento XVI em 2013.
De acordo com Adriano Moreira, Francisco também tem sabido “ter bem nítida a diferença entre o Cristo da História e o Cristo da Teologia”, pois ao longo da sua missão tem respondido às interpelações “com atitudes que Cristo tomou em casos concretos”.
“Esperamos que a sua voz seja suficiente para reabilitar a esperança, a tranquilidade de um mundo mais feliz, pacífico, com gente menos abandonada e que possa sempre olhar para o futuro com esperança e alegria”, concluiu o político português.