FILHAS DE EVA OU FILHAS DE LILITH? – ARTIGO ESCRITO PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO
E a história que passo a explorar a seguir, encontra-se na tradição judaica, trata-se da história ou mito de Lilith.
Lilith segundo a tradição judaica, teria sido a primeira mulher que desfrutou junto com Adão o paraíso. Nós cristãos não falamos de Lilith, pois existe apenas uma pequena referência a ela no livro de Isaías, cap. 34, 14 “Lá se encontrarão a hienae, o gato do mato, o cabrito selvagem chamando os companheiros. Lá descansará Lilit, ali encontrará repouso". Refere-se o profeta como se ali fosse um lugar pavoroso, o pior dos lugares, destinado aos traidores de Jerusalém, no caso do texto, o profeta refere-se a Edom por ter participado do saque a Jerusalém.
Esta explicação para o surgimento de Lilith, só é possível devido a uma certa discrepância na leitura do texto do Gênesis. Logo no primeiro capitulo no versículo 27 há o relato da criação do homem. Gn1,27 “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher ele os criou".
Devemos entender com esta frase que Deus criou os dois juntos, à sua imagem e semelhança. Tirou os dois juntos do pó, homem e mulher. Dois seres distintos, macho e fêmea. E na sequência da leitura no cap 2 existe outra descrição da criação da mulher. Gn 2,21,23 “Então o Senhor Deus fez vir sobre o homem um profundo sono, e ele adormeceu. Tirou-lhe uma das costelas e fechou o lugar com carne. Depois da costela tirada do homem, o Senhor Deus formou a mulher e apresentou-a ao homem. E o homem exclamou: Desta vez sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada humana porque do homem foi tirada. Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne".
E o que aconteceu com a mulher que foi criada com ele? Não nos parece que o Senhor Deus fez para Adão “outra” mulher? Pois que assim exclama: “ Desta vez sim”. Deste hiato, desta lacuna, foi criada a história de Lilith, que não faz parte de nossa Sagrada Escritura.
Voltemos a história, Lilith e Adão viviam no paraíso, eram iguais, e Lilit não se submetia a Adão, pois entendia ser igual a ele e não inferior, e assim não devia ser tratada. Lilit era desobediente e é muito parecida com as mulheres feministas de hoje em dia, talvez seja até sua diva inspiradora. Lilit não aceitando as ordens de Adão fugiu para uma parte fora do Edén. Deus mandou que dois anjos fossem ao seu encontro para convencê-la a voltar. Lilith se negou a voltar, e os anjos transmitiram o castigo que Deus determinara para ela, viveriam para sempre presa a Terra e todos os dias, cem de seus filhos morreriam. Ela aceitou o castigo imposto, mas prometeu vingar-se dos filhos de Adão e Eva, roubaria suas vidas e almas, ainda bebês.
Assim os judeus, explicavam as mortes súbitas de crianças recém nascidas, pois não podiam admitir que Deus causasse mal tão grande.
Lilith, se transformou em um demônio, e segundo a tradição faz morrer os recém nascidos, para isso os pais colocam nos berço os nomes dos três anjos que foram ao encontro dela Snvi, Snsvi e Smnglof, pois Lililt prometeu que nada faria se avistasse os três anjos.
Eva não se mostrou muito diferente de Lilith no quesito obediência. Mas não pesa sobre Eva a responsabilidade. Adão deveria zelar por ela, e na narração, Adão tenta se eximir de responsabilidade e coloca a culpa de seu ato desastroso em Eva, ao qual é repreendido por Deus.
Mas Eva, é o exemplo de auxiliar perfeita para o homem. Ela não questionou o castigo divino, seguiu Adão, ajudou-o no viver fora do Jardim, teve seus filhos e com ela e todas as suas descendentes sofrem a dor de trazerem vida ao mundo.
Algumas pessoas acusam a Igreja de ser patriarcal, e renegar a mulher o papel de meras escravas dos homens ou suas serviçais, mas se lermos atentamente, não é bem assim. Segundo nossa força corpórea, nossa fragilidade, somos o que os homens tem de mais caro. Somos nós as portadoras da vida, coube a uma humilde mulher Maria, a maior dádiva de todas, acolher no ventre e trazer a vida o Salvador.
Pobre da mulher que quer se comparar a um homem. Somos capazes de fazer todo o que eles fazem, até melhor, não duvidem do poder de uma mulher, mas é tão melhor ser amparada, ser cuidada por um homem. Ter uma força sempre presente, disposta a lutar por nós. A prover, a dedicar carinho, amor e atenção. Essas são filhas de Eva.
Mas hoje em dia, o que mais vemos difundidos no mundo, são mulheres que desprezam os carinhos e cuidados dos homens, estão sempre a competir. Já saem a “caça”, não admitem mais serem presas, serem conquistadas, dispensam o cavalheirismo, e lutam pelo que chamam feminismo. São donas e senhoras da própria vida, do próprio corpo. Essas são as filhas de Lilith.
Mas o que deve-se almejar mesmo é a doçura e ternura; a conquista. Deve-se render a maternidade. Cuidar do lar e da família. Com humildade conquistar não seu corpo e sua vida, mas conquistar o mundo, ter a admiração de muitos, e deixar enraivecidos os demônios que não conseguem chegar nem perto de tamanha pureza. Essas não são filhas de Eva e nem de Lilith, mas são filhas de MARIA.
Iniciamos o Ano Litúrgico, logo vem o Natal. Mulheres, vamos nos inspirar no modelo de Maria, nem feministas, nem submissas, mas doces e humildes mulheres, é cuidando que somos cuidadas, é amando que somos amadas.