Igreja Católica beatifica juiz italiano morto pela máfia
O juiz italiano Rosario Livatino, assassinado pela máfia em 21 de setembro de 1990, aos 37 anos de idade, foi beatificado como mártir pela Igreja Católica, com uma missa na Catedral de Agrigento, na Sicília.
Devido às restrições sanitárias por conta da pandemia, a celebração presidida pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, reuniu pouco mais de 200 pessoas. A festa do novo beato será realizada anualmente em 29 de outubro, e a camisa que ele usava no dia de sua morte foi colocada em um relicário na catedral.
Em sua bênção dominical no Vaticano, o papa Francisco afirmou que Livatino foi um “mártir da Justiça e da fé” e um juiz que “nunca se deixou corromper”.
Ele se esforçou para julgar não para condenar, mas para redimir. Seu trabalho o colocava sempre sob a tutela de Deus, por isso se tornou testemunha do Evangelho, até sua morte heroica. Que o seu exemplo seja para todos, especialmente para os magistrados, um estímulo a sermos leais defensores da legalidade e da liberdade”, disse o pontífice.
Livatino atuava em processos contra o crime organizado e foi assassinado por mafiosos da Stidda – grupo que tem forte presença em áreas rurais da Sicília e é rival da Cosa Nostra – em um atentado na província de Agrigento.
O juiz dirigia seu automóvel sem escolta quando foi abalroado por um carro com quatro criminosos. Livatino ainda saiu do veículo e tentou fugir pelos campos adjacentes à rodovia, mas foi morto a tiros.
Segundo o Vaticano, o magistrado foi assassinado por causa do “ódio à fé” por parte dos mafiosos. Um dos mandantes do homicídio testemunhou no processo de beatificação e disse que quem ordenou o crime sabia que Livatino era “honesto, justo e religioso”, portanto não podia ser um interlocutor da máfia.
Um dos autores materiais do atentado, Gaetano Puzzangaro, que dirigia o carro usado na ação, já deu entrevistas se dizendo “absolutamente arrependido” do crime. “Naquela manhã, eu esperava com todo o meu coração que o doutor Livatino fizesse outro caminho”, afirmou certa vez.