“João Paulo 2º tinha a força de um gigante”, diz papa Bento XVI em cerimônia de beatificação
O papa Bento 16 elogiou neste domingo o novo beato João Paulo 2º por ter tido "a força de um gigante" para inverter a tendência da sociedade, da cultura e dos sistemas político e econômicos de abandonar o cristianismo.
"Abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e econômicos, invertendo com a força de um gigante, força que vinha de Deus, uma tendência que podia parecer irreversível", afirmou o atual papa, durante a homilia pronunciada por ocasião da beatificação de João Paulo 2º –que agora está a um milagre de se tornar santo.
"Ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de serem chamados de cristãos, de pertencer à Igreja, de falar do Evangelho", disse Bento 16, que assumiu após a morte de Karol Wojtyla.
Bento 16, primeiro pontífice em vários séculos a proclamar beato seu antecessor, lembrou ainda que o papa polonês vivenciou o confronto entre marxismo e cristianismo.
"Aquela carga de esperança que de certa maneira se deu ao marxismo e à ideologia do progresso, ele a reivindicou legitimamente para o cristianismo, restituindo a fisionomia autêntica da esperança", disse.
APLAUSOS
As estimativas indicam que um milhão de pessoas acompanharam de perto a cerimônia de beatificação do popular João Paulo 2º, na praça São Pedro, na Cidade do Vaticano.
O novo beato foi proclamado às 10h38 (hora local, 5h38 de Brasília), ao som de música sacra e enquanto os presentes à praça de São Pedro e às ruas e praças adjacentes romperam em aplausos que duraram vários minutos.
Na fachada principal da Basílica de São Pedro foi descoberto um retrato de tamanho gigante do novo beato, no qual se vê Wojtyla sorrindo com a estola vermelha, uma cópia de uma foto de 1995.
A proclamação aconteceu depois que o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, acompanhado do postulador da causa, o polonês monsenhor Slawomir Oder, solicitou ao papa a beatificação (inscrevê-lo no livro dos beatos).
Depois leu uma biografia do primeiro pontífice polonês da história, nascido em Wadowice em 18 de maio de 1920 e morto em Roma a 2 de abril de 2005.
"Acolhendo o desejo do cardeal Agostino Vallini, nosso vigário geral para a diocese de Roma, de outros irmãos no episcopado e de muitos fiéis e após ter obtido o parecer da Congregação para a Causa dos Santos, com Nossa Autoridade Apostólica concedemos que o venerável servo de Deus João Paulo 2º, papa, de agora em diante seja chamado beato", foi a fórmula de beatificação pronunciada por Bento 16.
O papa estipulou que a festa litúrgica do novo beato seja realizada em 22 de outubro, aniversário do começo de seu pontificado (em 1978).
Após a proclamação, as câmaras de televisão focaram o caixão do papa João Paulo 2º, colocado perante o Altar Maior da Basílica de São Pedro.
Sobre o ataúde foi colocado o Evangeliário de Lorsch, de época medieval, um dos mais prezados evangeliários custodiados na Biblioteca Apostólica Vaticana. Contém os evangelhos de Lucas e João.
Após a proclamação, sóror Tobiana, a freira polonesa que cuidou de João Paulo 2º até sua morte, e sóror Marie Simon Pierre –cuja cura de maneira inexplicável para a ciência do mal de Parkinson que sofria levou à beatificação do papa– levaram até o altar maior um artístico relicário fabricado para a ocasião com uma pequena ampola com seu.
Em seus seis anos de Pontificado, Bento 16 já proclamou 34 santos e quase 600 beatos.