Migrantes católicos: portadores de esperança no mundo
ROMA, segunda-feira, 21 de março de 2011.Os migrantes católicos podem ser verdadeiros "portadores de esperança" no mundo de hoje e é por isso que as associações eclesiais devem colocar-se inteiramente ao seu serviço para ajudá-los a lidar com os inevitáveis desafios que lhes são apresentados.
Esta foi a mensagem do presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes, o arcebispo Antonio Maria Vegliò, durante um encontro com as organizações católicas em Amã (Jordânia), na última sexta-feira
As associações católicas "podem ser uma ferramenta valiosa para dar aos migrantes não só o apoio material e espiritual para satisfazer as suas necessidades, mas também podem representar uma oportunidade para a partilha e para a doação", reconheceu Dom Vegliò
"Um elemento da missão das associações católicas entre migrantes católicos é caminhar com eles para que possam se sentir parte da Igreja e se tornar membros maduros. A Palavra de Deus e os sacramentos ajudarão a obter forças para viver plenamente sua vocação cristã."
Recurso precioso
"Se forem devidamente preparados e acompanhados, os migrantes católicos poderão ser verdadeiros e eficazes agentes de evangelização, mais com uma autêntica vida cristã que com palavras.
"A presença pastoral significa respeito, acolhimento, proteção, promoção e genuíno amor a todos, em suas diversas expressões religiosas e culturais – continuou. É um dom e um desafio. A dedicação a esta vocação e o compromisso com aqueles que são forçados a se mudar podem contribuir para um mundo melhor e mais humano."
Jordânia
O prelado se referiu depois à situação específica da Jordânia, observando que os trabalhadores imigrantes muitas vezes "não conhecem os seus direitos básicos, nem aqueles relativos à legislação nacional e às normas internacionais".
No país, continuou ele, existem cerca de 500 mil refugiados do Iraque, "considerados visitantes temporários, sem um status jurídico claro", e que muitas vezes enfrentam dificuldades para renovar seus vistos.
Isto os leva a viver frequentemente "em situações de precariedade econômica, que aumentam os riscos de trabalho infantil e de prostituição" e a "perspectiva de ser forçados pelas circunstâncias a voltar a realizar um retorno ‘voluntário' ao Iraque".
"É relativamente fácil analisar a situação de fora", admitiu o bispo Vegliò, mas "é completamente diferente quando os migrantes compartilham com vocês como os seus filhos ainda estão sofrendo com a violência e vivem com medo de acordar todas as noites; como se sentem ao viver por anos sem esperança de uma vida digna; como é a sensação de ser desumanizados e quanto dano causa não ser considerados como seres humanos", disse aos membros das organizações católicas.
Ação eclesial
Nesta situação, a Igreja e suas organizações devem "colaborar e desenvolver estratégias e ações conjuntas".
Muitas vezes, reconheceu o prelado, as organizações caritativas católicas "tornam-se dependentes de recursos não-católicos para o seu próprio financiamento".
Neste caso, observou que há um risco de que uma organização seja "dirigida pelo doador" em vez de ser "dirigida pela missão, (…) colocando em dúvida sua própria identidade".
A principal questão, concluiu Dom Vegliò, "é como se expressa a hospitalidade, a solidariedade e o compromisso pastoral da Igreja" em relação aos trabalhadores migrantes.
"É necessário, portanto, tomar medidas para assegurar que a Igreja local possa enfrentar este desafio de amor."
Por Roberta Sciamplicotti