Moneyval, órgão do Conselho da Europa, aprova medidas da Santa Sé contra lavagem de dinheiro
O Moneyval, órgão do Conselho da Europa que cuida da transparência financeira dos países, divulgou nesta quinta-feira (12) um relatório no qual parabeniza o Vaticano pelos progressos feitos desde 2012 para evitar crimes de lavagem de dinheiro. Há pouco mais de um ano, o mesmo organismo havia publicado um estudo onde apontava uma série de lacunas na gestão das instituições econômicas da Santa Sé.
No entanto, a entidade ressaltou que agora é o momento de colocar em prática todas as medidas anunciadas nos últimos 12 meses, principalmente estabelecer controles sobre o Instituto para as Obras da Religião (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, e a Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA), instituição que administra o capital imobiliário da Igreja Católica. "Uma vasta gama de medidas foi aprovada em um curto período de tempo, mas algumas delas ainda precisam ser implantadas", diz o documento.
O dado que mais chama a atenção no relatório é o aumento vertical de investigações sobre transações suspeitas. Em 2012 foram abertos apenas seis inquéritos, contra 105 nos 10 primeiros meses de 2013 – número que pode chegar a 150 até o final do ano.
"Os processos em curso neste momento, levando a congelamentos de fundos, são a prova de que a criminalização da lavagem de dinheiro passou a ser tratada de forma séria. E mesmo que os tribunais não tenham ainda julgado esses casos, os inquéritos apontam na direção de uma efetiva implementação das leis em vigor", afirmou o secretário-executivo do Moneyval, John Ringguth.
O diretor da Autoridade de Informações Financeiras (AIF) da Santa Sé, René Brulhart, disse estar satisfeito com o documento. "Nos últimos meses trabalhamos de maneira mais sustentada", acrescentou ele, sublinhando que o órgão chegou à conclusão de que o "Vaticano fez a sua tarefa de casa". Entre as poucas críticas do informe está uma menção sobre a falta de controles financeiros.
"É um pouco surpreendente que não exista ainda controles formais contra a reciclagem sobre o IOR e a Apsa", afirma o texto.
Novas inspeções do Moneyval estão previstas para janeiro de 2014, e o organismo europeu deve produzir um novo relatório em dezembro de 2015.