Canto Gregoriano

NOTAÇÃO DA MELODIA E DO RITMO DO CANTO GREGORIANO

Paramentos Litúrgicos

Os sons musicais exprimem-se por meio de sinais que se chamam notas: DO [UT] (*) – REMIFASOLLASI, e que se repetem, sucessivamente, pela mesma ordem. Estes nomes, usados por Guido de Arezzo (monge benedictino da Idade Média), correspondem às primeiras sílabas da 1.ª estrofe do Hino do Ofício de S. João Baptista:

«Ut queant laxisResonare fibrisMira gestorumFamuli tuorumSolve pollutiLabii reatumSancte Ioannes».

(*) No ano 1673, Bononcini mudou o nome de «UT» para «DO».

Os manuscritos mais antigos que se conhecem não vão além do séc. IX e contêem diversos tipos de notação:

1. Notação neumática, ou de neumas-acentos (notação «quironómica»), proveniente, principalmente, dos sinais tirados da Gramática Latina – acento agudo [´] e acento grave [`] – combinados de diferentes modos e colocados por cima do texto literário: uma notação melódica muito imperfeita, notação «in campo aperto», porque a falta de pauta não permitia precisar os intervalos das notas, mas rica em indicações sobre a interpretação expressiva das peças (na figura ut supra, se reproduz um fragmento do Grad. «Iustus ut palma», em notação de St. Gall e aquitana);

2. Notação alfabética (de origem Grega, muito anterior a Guido de Arezzo), na qual as notas: LASIDOREMIFASOL eram designadas, respectivamente, pelas letras ABCDEFG: era uma notação mais precisa, quanto aos intervalos, mas má, quanto à unidade dos neumas;

3. Notação bilingue, ou dupla: neumática e alfabética;

4. Notação diastemática, indicando os intervalos, utilizando as linhas levadas, progressivamente, ao número de quatro, que constituem, ainda hoje, o tetragrama Gregoriano: os neumas são empregados sobre o tetragrama, perdem em perfeição gráfica, até atingirem a forma geométrica e rígida da tipografia moderna. Os acentos primitivos transformaram-se em «pontos», colocados com precisão (neumas-pontos).

“Com a notação diastemática foi assegurada a precisão dos intervalos, mas este aperfeiçoamento foi, de certo modo, um empobrecimento: os detalhes rítmicos desapareceram e, essa deformação alterava o Canto Gregoriano, atingindo a própria origem da vida que o anima.

Em princípio, a tradição rítmica foi, na verdade, oral, tal como a tradição melódica. Desde que os artistas notaram a melodia «in campo aperto», juntaram-lhe as indicações rítmicas. Para alcançar esse objectivo, fundaram-se escolas regionais, cuja projecção foi extraordinária. Estas escolas conseguiram determinar o prolongamento (ou não prolongamento) e o carácter expressivo de certos grupos neumáticos e/ou de certas notas. Os estudos comparativos, feitos sobre os manuscritos, provam que, com meios por vezes diferentes, mas idênticos, em todo o caso, para a mesma escola, os mestres da ciência Gregoriana conseguiram estabilizar a interpretação rítmica tradicional” (Le Guennant).

São esses detalhes rítmicos – desaparecidos – que a Escola de Solesmes restituiu, com os seus sinais rítmicos.

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