O ESPAÇO LITÚRGICO – POR MÔNICA ROMANO
Não quero aqui afirmar que eu estou corretíssima, mas apenas colocar minha opinião sobre o assunto depois de fazer que o que chamamos de “observação participante” em várias comunidades aqui da capital que eu resido, Belo Horizonte.
Nossos templos católicos sejam eles humildes ou pomposos, têm que ter o que chamamos presbitério, e neste espaço tem que haver algumas peças imprescindíveis à celebração Eucarística. São eles:
O altar, o crucifixo, a sédia e o ambão.
São um conjunto, portanto o designer,o material de que são feitos devem estar em perfeita harmonia. Que seja de pedra, ferro, madeira, concreto, mas que sejam sólidos.
Em um dos cursos que fiz pela Arquidiocese aqui da Capital, um dos palestrantes dizia, e eu sempre tenho isso comigo “ O lustre que tem em seu templo ( edificação ) não pode ser o mesmo que você encontraria facilmente em um açougue, padaria…” fiquei pensando nestas palavras, e sabe, ele tem razão, quando você vai à igreja rezar, prestar seu culto, participar da Eucaristia, tem que ser como se você se retirasse do mundo, do barulho, dos problemas, tudo lá tem que ser diferente, tem que ser agradável a todos os sentidos, tem que ser belo aos olhos, os ouvidos, ao tato… Você tem que se sentir completamente entregue àquele momento, portanto a luminária que tem lá tem que ser diferente, tem que ser especial, a decoração tem que se bela e bem cuidada, a música tem que ser agradável aos ouvidos, as pessoas tem que ser cordiais, amigas.
O crucifixo: Em muitos cursos, e até mesmo em matérias vinculadas na internet, você não verá nada a respeito, porque hoje em dia a idéia de “banquete” ao invés de “sacrifício” está tão enraizada em nossa cultura cristã católica, que já existem muitos lugares que o crucifixo foi deslocado do presbitério para um canto qualquer da igreja, geralmente em um dos lados da porta de entrada principal, e uma pintura, muitas vezes até bonita da ressurreição está estampada no local de destaque. Nada contra a pintura, mas é preciso lembrar que antes da ressurreição houve o Sacrifício, a palavra “morte” vem antes daressurreição. Não é por acaso que o crucifixo está lá em local de destaque, ele deve nos lembrar do que Jesus fez por nós uma única vez para remissão de nossos pecados.
Na comunidade que freqüento, existe uma bela pintura da Santíssima Trindade de André Rublev, com toda sua mística, seus símbolos, antes de iniciar a celebração, o fiel pode sentar-se em um banco e admirar a obra, descobrir detalhes ocultos, falar com a imagem, descobrir seus significados, é uma verdadeira catequese, aquela que você faz consigo mesmo, já aí você consegue entrar no clima da oração. Porém um grande crucifixo de ferro está pendido sob o altar, não tem como você imediatamente olhar para pintura sem antes fitar o sacrifício de Jesus na cruz.
O altar: Lugar que já nos remete para a palavra sacrifício de imediato, pelo menos é assim que eu vejo. Mas existem muitos “teólogos de plantão” que descobriram outra utilidade , “mesa”, de mesa que lembra “banquete”. Não posso afirmar que estão errados, como eu disse, a leitura que eu faço é baseada no que o magistério indica em seus documentos, em ensinamentos do próprio Papa Emérito Bento XVI, visto que o Papa Francisco não modificou absolutamente nada em matéria de fé.
Junto com a sédia e o ambão devem estar em perfeita harmonia, se o altar é feito de pedra, que de pedra também sejam a sédia, e o ambão, se de ferro, que assim sejam os outros, e assim por diante, pode-se até mesclar o uso de dois materiais, desde que estejam em harmonia.
Na minha opinião, que sobre o altar, esteja o mínimo de objetos possível, que seja forrado com uma toalha branca, pois assim nos remeteria a pedra onde fora depositado o Corpo de Jesus, envolto em um lençol, e a cor da ressurreição é branca.
Já vi em muitos casos as velas, que no caso do período Pascal podem ser substituídas pelo Círio, serem colocadas diretamente sobre o altar, porém já vi em outras comunidades, inclusive a que freqüento, elas serem amparadas por pedestais muito bonitos e bem feitos, apoiados no piso até o limite do altar, uma de cada lado, fica muito bonito.
E se o “problema” é ficar de “costas” para o Sacrário, onde existem os altares tridentinos, o que é o caso da comunidade que eu freqüento, colocar um pequeno crucifixo no centro do altar é a mais óbvia solução, o sacerdote ( presidente da celebração) sempre estará de olhos no Salvador.
Sédia: A sédia, é o lugar destinado ao sacerdote que preside a celebração. Deve estar em harmonia com os demais móveis do presbitério.
O Ambão: A Sacrossantum Concilium , constituição que rege a liturgia, desde o Concílio Vaticano II, diz que a Palavra tem o mesmo valor que o Corpo de Cristo. Por isso a Palavra tem tanta importância na celebração eucarística.
O ambão, deve ter lugar de destaque, seja no presbitério, ou fora dele. Quando um leitor Proclama a Palavra , é a Cristo que escutamos, Quando o sacerdote proclama a Palavra é a Cristo que escutamos, Jesus é o Verbo que se fez carne, e nos alimentamos também de toda Palavra que procede da boca do Pai.
Como um lugar de destaque, o ambão deve ser bem ornado, com flores, coberto com uma toalha que lembre o tempo litúrgico, diferente do altar, no ambão é o local indicado para uma toalha com a cor litúrgica do dia.
O ambão, por tradição deveria ficar em um local alto, onde o leitor, ou sacerdote pudesse fazer uma pequena procissão com o Livro da Palavra, e subir, como nos “parlatórios”.
Sacrário: Aqui um ponto de discordância entre muitos fiéis, sacerdotes, bispos. Desde a conclusão do Concílio Vaticano II, o que se viu foi uma verdadeira afronta, muitos dos belíssimos altares Tridentinos, foram destruídos, quebrados, o sacrário colocado de lado, ou escondido dos fiéis.
Não posso concordar com isso. Neste ponto Bento XVI, me parece coberto de razão ao criticar os que assim procedem. “ preferível colocar o sacrário no presbitério, em lugar suficientemente elevado, no centro do fecho absidal ou então noutro ponto onde fique de igual modo bem visível." Sacramentum Caritatis, 69.
Entrar em uma igreja, capela, onde não vejo o Sacrário no centro, com sua luz sempre acesa, é como se colocar no lugar de Mari Madalena ao chegar em frente ao sepulcro e exclamar : “ levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram” Jo 20,13.
E é assim mesmo. Sempre que chego a igreja, vou primeiro à capela do Santíssimo, conversar com Jesus, tem sempre tão pouca gente lá, e a coisa não melhora com o passar dos minutos, muito pouca gente vai lá.
Credencia: Ela não precisa ficar necessariamente no presbitério, mas é preciso ter. É onde são colocados o Cálice, patenas, o vinho, a água para consagração, toalha, etc…
Cruz Processional: É a usada na procissão de entrada. Vejo-a sendo utilizada em alguns lugares em outros não. Eu acho muito válido seu uso.
Imagens: Resido na capital do estado que é religiosidade por excelência! Mestre Ataíde e Alejadinho, igrejas barrocas e seus anjos. Mas um templo sóbrio é melhor, as imagens do padroeiro, de Jesus, de Maria e São José na entrada do presbitério, são o suficiente.
Se o templo é grande e espaçoso, imagens laterais também são admitidas, desde que não atrapalhem o sentido litúrgico da celebração.
Via Sacra: Nas paredes laterais. Elas são um sacramental, uma catequese em imagens.
Confessionário: Outro objeto que foi colocado de lado pós concílio, creio que tem sido este o motivo de tantas pessoas nem frequentarem mais este sacramento, mas já os estou vendo novamente nos interiores das igrejas. Salve Maria!
Pia Batismal: Sua localização correta, até mesmo catequética é na entrada da igreja. É pelo Batismo que somos admitidos na comunidade cristã.
Coro: Há que se destinar um espaço para o coro, músicos. De preferência que seja na parte superior do edifício. Que não sejam eles a chamar a atenção. Atenção é só para Jesus.
Bancos: A disposição em que são colocados depende muito da estrutura do edifício. O fiel tem que ser privilegiado em seu contato visual com o altar.
Mas já há algo que tem me desagradado. Bancos sem o genuflexório. Existe uma onda do “ de pé” vinculadas por alguns movimentos que não condizem com os documentos magisteriais. “teólogos” pensam de um jeito próprio deles e querem por que querem obrigar os demais e aderir aos seus próprios propósitos. O Missal Romano prevê os momentos em que p fiel deve se ajoelhar. "Ajoelhem-se durante a Consagração , a não ser que a falta de espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis não o permitam." (Ed. Paulus, 6ª edição, pág. 36; n. 21).
Espero que tenham gostado. E lembrando que estas são minhas observações particulares. Respeito de forma geral quem pensa de forma diferente, mas lembrando que em caso de dúvida devemos olhar para Pedro. E Pedro está em Roma. Devemos observar o que diz o Magistério e se ater aos documentos da Igreja. Até os Bispos locais, e suas agremiações são subordinados ao Santo Padre, o Papa. Portanto antes de seguir a alguma moda, devemos antes consultar os documentos magisteriais e a doutrina. E hoje em dia é tão fácil acessar.
A paz de Jesus, e até o próximo artigo.
Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais