Canto Gregoriano

PAOLA MARIA BOTTO FARHAN: O GRANDE RITMO NO CANTO GREGORIANO

Paramentos Litúrgicos

Esse algo a que corresponde a vida, pela sua mesma essência, esse grande movimento que se apodera de todos os componentes, para enformá-los e fundi-los, progressivamente, por uma série de unidades, mais e mais compreensíveis, na unidade total da peça. Ele é, pròpriamente dito, o que constitui verdadeiramente o ritmo. Todas as demais unidades (células rítmicas fundamentais, tempos compostos, ritmos compostos, incisos, etc.) são simples fragmentos deste grande ritmo, para o qual existem por inteiro: não são ritmos senão por aproximação. Tendem a formar este grande ritmo, de um modo irresistível, o único que lhes dá a sua razão de ser e, inclusive, a sua respectiva coesão.

Mas, como se realiza, pròpriamente, esta «síntese»? Ou, por outras palavras, como se unem, entre si, os ritmos compostos, para formarem os incisos, e estes para formarem membros, etc., já que cada uma dessas unidades tem vida própria, claramente definida e, de certo modo, completa?

É sempre pelo mesmo método: cada uma das unidades mais complexas (incisos, membros, frases…) está formada pelas relações estabelecidas, por sua vez, entre ritmos compostos, entre incisos, entre membros, etc., relações de «elevação/repouso», de arsis/tesis, ou (servindo-nos da terminologia dos oradores da Antiguidade) de «prótasis», ou «apódosis». No interior de cada uma se estabelece esta hierarquização, esta subordinação, a qual, ao dispor todos os elementos em relação com esse centro vital, ordena-os e funde-os numa unidade. O que predomina aqui é, na realidade, a «lei da subordinação».

Deste modo, uma vez assegurada a unidade, no interior do inciso, por meio desta “hierarquização” de ritmos compostos em redor de um ponto central, unamos os incisos, ordenando-os todos em direcção a um acento principal, que, por sua vez, os agrupa e junta noutra unidade maior, o membro; os membros, por sua vez, também se unirão entre si, para formarem a frase, servindo-se de um acento central, ao qual todos os demais estão subordinados; e, tratando do mesmo modo as frases, chegaremos à unidade de toda a peça – a síntese definitiva – que constitui, precisamente, o ritmo. Se se pergunta como se pode, na prática, perceber no canto esta “subordinação”, em todos os graus da síntese, a resposta é bem simples: – é pela «corrente intensiva», baseada na linha melódica.

(Enviado pela professora de língua italiana e francesa, Paola Maria Botto Farhan)

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