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O SIM PELO SANGUE: O MARTÍRIO DE SALVO D’ACQUISTO

Paramentos Litúrgicos

Salvo D'AcquistoO preço pago pelas guerras é o sangue inocente, sangue daqueles que vivem à margem das disputas geopolíticas, intrincadas questões étnicas, econômicas e religiosas. É o sangue da gente indefesa o alto e insaciável tributo cobrado pela estupidez dos conflitos bélicos.

Em 23 de setembro de 1943 a guerra na Itália já havia entrado em uma nova fase, um agônico revés para a ocupação nazista, após a invasão aliada ocorrida através da Sicília e que começara no dia 3 daquele mesmo mês.

Salvo D’Acquisto, filho de uma família napolitana, educado pelos Salesianos, católico de profundas convicções, ocupava um posto de suboficial, um “Brigadiere dell’Arma dei Carabinieri”. Na ocasião, estava em Torrimpietra, distante 30 quilômetros de Roma, lugar para o qual fora enviado por seus superiores.

Naquela manhã, uma patrulha da SS chegou ao lugar procurando pelo comandante da guarnição carabiniere e, não o encontrando, levou com eles Salvo D’Acquisto, oficial imediato, até Palidoro, localidade vizinha.  No dia anterior, um soldado alemão morrera e dois ficaram gravemente feridos quando, acidentalmente, uma granada fora detonada durante a inspeção de munições no quartel da SS. Para o comandante alemão o ocorrido era fruto de atentado e cabia ao suboficial D’Acquisto localizar os responsáveis para que fossem punidos com a morte.

De nada adiantaram os argumentos de Salvo buscando convencer o comandante alemão de que o ocorrido fora fruto de um acidente. A ordem era clara: apontar os responsáveis para que pagassem com a morte.

Diante da insistência do representante dos Carabinieri de que não haviam responsáveis, foi dada ordem para que Torrimpietra fosse cercada e aprisionados 22 de seus cidadãos. Eles foram conduzidos em um caminhão até a antiga Torre di Palidoro.

Prestes a presenciar um crime monstruoso, o jovem oficial napolitano protestou, sem obter nenhum resultado que favorecesse aqueles civis indefesos, pois o comandante da SS ordenou que eles cavassem com as mãos nuas uma fossa comum que lhes serviria de sepultura.

No entanto, às 17 horas uma nova ordem foi dada e os reféns foram postos em liberdade. Todos eles foram embora, exceto um adolescente de 17 anos, que se tornou a única testemunha ocular do que viria a acontecer.

Tomado de coragem e num gesto de profunda compaixão para com aqueles inocentes, Salvo D’Acquisto, momentos antes, se acusara como o único responsável pelo atentado imaginário, pedindo que os demais fossem libertados. Logo após, varado pelas balas do pelotão de fuzilamento, tombava morto aquele jovem oficial de 22 anos de idade.

Naquela manhã, como de costume, tinha assistido piedosamente a Santa Missa e recebera o Santíssimo Sacramento que seria seu viático para o Paraíso.

A Causa de Beatificação de Salvo D’Acquisto, considerado Mártir da Caridade, foi aberta em 1983 e ele foi declarado Servo de Deus no ano de 2002.

Por Rodrigo Ruiz, professor de História formado pelo Centro Universitário Claretiano.

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