Papa Francisco convida Peres e Abbas a “rezarem” no Vaticano
Em seu segundo dia de viagem pela Terra Santa, o papa Francisco visitou neste domingo (25) a cidade de Belém. No local, o Pontífice fez apelos de paz e colocou o Vaticano à disposição para um encontro entre os presidentes da Palestina e de Israel.
Chegando de helicóptero de Amã, na Jordânia, o primeiro compromisso do Pontífice em Belém foi uma reunião com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
O líder palestino pediu que a cidade de Jerusalém seja "sempre a capital das três religiões monoteístas, para que lá convivam cristãos, muçulmanos e judeus." "A única via de saída nesta terra é a convivência", disse Abbas, em um discurso após a reunião com o Papa.
Francisco, por sua vez, condenou os conflitos entre israelenses e palestinos, dizendo que a situação se torna "cada vez mais inaceitável". Para o Papa, "chegou o momento" de ter "coragem pela paz, que se apoia no reconhecimento, da parte de todos, do direito de dois Estados existirem e gozarem de paz e segurança dentro de seus territórios reconhecidos internacionalmente".
Francisco também disse desejar que os israelenses e palestinos "evitem qualquer iniciativa e atos que contradizem a declarada vontade de se alcançar um verdadeiro acordo" de paz. "Que as espadas se transformem em tratores e essa terra possa se tornar fruto de prosperidade e concordância", disse o Papa.
Em seguida, Francisco celebrou uma missa na Praça da Manjedoura. Ele era aguardado por uma multidão quando chegou ao local, a bordo do papamóvel. Era possível ver bandeiras da Palestina e do Vaticano entre os fieis, das mais diversas origens, como indianos, filipinos, poloneses, italianos, palestinos e israelenses.
Na missa, Francisco pediu proteção às crianças e criticou a escravidão infantil, assim como o tráfico de menores. "Tantas crianças ainda são maltratadas, escravas, objetos de violência e de tráfico ilícito. Tantas crianças hoje são refugiadas e, várias vezes, morrem afogadas no mar, especialmente nas águas do Mediterrâneo", disse, classificando os casos de "vergonhosos".
No fim da celebração, Francisco convidou Abbas e o presidente de Israel, Shimon Peres, a rezarem juntos pela paz. "Ofereço a minha casa do Vaticano para este encontro de oração", disse.
Momentos após esse convite do Papa, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que Abbas e Peres "estarão em breve no Vaticano". De acordo com ele, esse encontro deve ocorrer antes do fim do mandato de Peres, em julho. Por isso, a reunião poderia acontecer no mês que vem.
O porta-voz de Peres também anunciou que o presidente israelense aceitava o convite do Papa.
Também hoje, antes de celebrar sua missa na Praça da Manjedoura, Francisco mudou seu percurso e visitou o Muro de Belém, que divide a cidade palestina de Israel. Francisco tocou a parede de concreto e fez uma oração silenciosa.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deu boas-vindas ao papa Francisco e afirmou que sua visita "oferecerá uma ocasião para mostrar ao mundo a verdadeira Israel, progressistas, moderna e tolerante".
Mais cedo, a polícia israelense anunciou que prendeu em Jerusalém 26 extremistas judeus diante da Tumba de David, que fica no mesmo edifício que abriga o Cenáculo.
A visita do Papa à Jordânia, Palestina e Israel, que termina amanhã, é a segunda viagem internacional de Francisco, cujo pontificado começou em março de 2013. O primeiro destino no exterior foi o Brasil, onde o Papa participou das celebrações da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em julho do ano passado.