Papa Francisco diz que é preciso erradicar o tráfico de seres humanos
O Papa Francisco recebeu na Aula do Consistório do Vaticano, os participantes na Sessão Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, a quem agradeceu antes de tudo por aquilo que a Academia faz para aprofundar o conhecimento das novas formas de escravidão e para erradicar o tráfico de seres humanos, com o único propósito de servir ao homem, especialmente os marginalizados e excluídos. E Papa Francisco sublinhou:
“Como cristãos, vos sentis interpelados pelo Sermão da Montanha do Senhor Jesus e pelo "Protocolo" com o qual seremos julgados no fim da nossa vida, segundo o Evangelho de Mateus: "Bem-aventurados os pobres, bem-aventurados os que choram, bem-aventurados os mansos, bem-aventurados os puros de coração, bem-aventurados os misericordiosos, bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça: estes possuirão a terra, estes serão filhos de Deus, estes verão a Deus".
Os "abençoados pelo Pai" (explicou o Papa), os seus filhos que o verão, são aqueles que se preocupam com os últimos, e que amam os mais pequeninos dentre os seus irmãos: "Tudo o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes", diz o Senhor. E hoje, disse o Papa, entre esses irmãos mais necessitados estão aqueles que sofrem a tragédia das modernas formas de escravidão, como o trabalho forçado, a prostituição, o tráfico de órgãos e as drogas.
Tantos santos e santas na Igreja, como S. Pedro Claver e S. João de Matha combateram a escravidão num momento histórico em que esta era muito difusa e socialmente aceite (infelizmente também no mundo cristão) porque era um grande negócio, disse Papa Francisco, reiterando que a abolição histórica da escravatura como estrutura social é consequência directa da mensagem de liberdade trazida ao mundo por Cristo.
Mas infelizmente, num sistema económico dominado pelo lucro nasceram as novas formas de escravidão, piores que as primeiras, disse o Papa:
“Infelizmente, num sistema económico global dominado pelo lucro, desenvolveram-se novas formas de escravidão em alguns aspectos piores e mais desumanas que aquelas do passado. Ainda mais hoje, portanto, seguindo a mensagem de redenção do Senhor, somos chamados a denunciá-las e combatê-la”.
E o Papa recorda em seguida quanto tem afirmado várias vezes dizendo que estas novas formas de escravidão – tais como o tráfico de seres humanos, o trabalho forçado, a prostituição, o comércio de órgãos – "são crimes gravíssimos, uma chaga no corpo da humanidade contemporânea", sublinhando a este propósito:
“Toda a sociedade é chamada a crescer nesta consciência, especialmente no que diz respeito à legislação nacional e internacional, de modo que os traficantes sejam levados à justiça e os seus injustos ganhos reorientados para a reabilitação das vítimas. Devem-se procurar as modalidades mais adequadas para penalizar aqueles que são cúmplices deste mercado desumano”.
E o Papa concluiu a sua mensagem encorajando aos presentes a continuarem neste trabalho com o qual, guiados pela luz do Evangelho, contribuem para tornar o mundo mais consciente destes desafios, dizendo-lhes que é preciso construir a cidade terrena à luz das bem-aventuranças e assim caminharmos para o Céu na companhia dos pequeninos e dos últimos. E o Papa a todos deu a sua bênção.