Papa Francisco elogia exemplo de Bento XVI como alguém que seguiu “consciência”
O Papa Francisco elogiou o seu predecessor, Bento XVI, que considerou como “exemplo maravilhoso” de alguém que soube ouvir a sua “consciência” para descobrir e aceitar a vontade de Deus.
“O Papa Bento XVI deu-nos este grande exemplo, quando o Senhor lhe fez perceber, na oração, qual era o passo que tinha de cumprir. Seguiu, com grande sentido de discernimento e de coragem, a sua consciência, isto é, a vontade de Deus que falava ao seu coração”, disse, a respeito do seu antecessor, que em fevereiro decidiu renunciar ao pontificado, decisão considerada como inédita na história da Igreja Católica.
“Este exemplo, do nosso pai, faz-nos muito bem a todos nós, como um exemplo a seguir”, acrescentou Francisco, sob os aplausos das dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.
A catequese dominical partiu de uma passagem do evangelho que relata a “firme decisão” de Jesus em subir até Jerusalém, onde viria a ser julgado e condenado à morte.
O Papa argentino sublinhou que Cristo não era “telecomandado” na sua vida terrena, mas tomava as decisões “na sua consciência”, em “plena união” com “o Pai”.
“Jesus quer-nos livres, como Ele, com a liberdade que vem desse diálogo com o Pai, com Deus. Jesus não quer cristãos egoístas, que seguem o próprio eu, que não falam com Deus, nem cristãos fracos, que não têm vontade, telecomandados, incapazes de criatividade, que procuram sempre ligar-se à vontade de outros e não são livres”, acrescentou, de improviso.
Para Francisco, “se um cristão não sabe falar com Deus, não o sabe escutar na sua própria consciência, não é livre”.
“Temos de aprender a escutar mais a nossa consciência, mas cuidado: isto não significa fazer seguir o próprio eu, dar espaço ao que me interessa, o que me convém, o que me agrada, não é isso. A consciência é o espaço interior da escuta da verdade, do bem, da escuta de Deus”, precisou.
Deus, declarou o Papa, ajuda cada um a “compreender o caminho” que deve percorrer e, uma vez tomada a decisão, a “ir em frente e permanecer fiel”.
A intervenção voltou à decisão de Jesus para sublinhar que todos aqueles que o seguem devem saber quais são as “condições” para isso: “Não ter uma morada estável; saber distanciar-se dos afetos familiares; não ceder à nostalgia do passado”.
O anúncio da mensagem cristã, disse ainda, não deve ser uma imposição e tem de respeitar aqueles que a rejeitam.
“Jesus nunca impõe, Jesus é humilde”, observou Francisco.
Após a recitação da oração do Angelus, o Papa agradeceu os donativos e orações que lhe são oferecidas, “especialmente dos mais pobres” para apoiar iniciativas “pastorais e caritativas” em várias partes do mundo.
Francisco despediu-se com pedidos de oração por si e votos de “bom domingo e bom almoço” para os presentes.