Papa Francisco está “muito desapontado” com novo escândalo no Vaticano
O papa Francisco está "muito desapontado" com o novo escândalo de vazamento de documentos do Vaticano, revelaram pessoas próximas ao Pontífice. Quem visitou o líder católico afirmou que ele está "desanimado e decepcionado" com a prisão de dois membros da Igreja pelo crime.
O Vaticano revelou em nota que prendeu o monsenhor espanhol Lucio Angel Vallejo Balda, 54 anos, membro da Opus Dei e que já foi secretário da Prefeitura dos Assuntos Econômicos da Santa Sé, e a laica Francesca Immacolata Chaouqui, 33 anos, por terem subtraído e vazado documentos sigilosos. Ambos já foram membros da Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas (Cosea), criada pelo próprio Jorge Mario Bergoglio em 2013 para monitorar as contas da Igreja Católica.
Ainda no comunicado, os líderes da instituição acusaram os dois de "traição da confiança acordada com o Papa". O padre está preso no mesmo local em que o mordomo Paolo Gabriele ficou detido em 2013 quando foi acusado – e posteriormente condenado – de vazar documentos da Santa Sé durante o Pontificado de Bento XVI, no escândalo conhecido como "Vatileaks". Já Chaouqui foi colocada em liberdade após prestar esclarecimentos e se colocar à disposição das autoridades locais para falar sobre o caso.
Ela acusou Balda de vazar os papéis e entregou diversos outros documentos para comprovar sua tese. Hoje, ela foi intimada novamente pela Germandería para dar mais esclarecimentos. Antes disso, a ítalo-marroquina havia se manifestado por Twitter, escrevendo que "o meu coração, a minha fé, o meu empenho, o meu profissionalismo estão à serviço da Igreja e do Santo Padre. Sempre". No Vaticano, no entanto, as provas da acusação são consideradas "muito fortes e concretas" contra os dois indiciados.
Não se sabe ainda se contra o monsenhor será aberto também um processo canônico, que pode causar a perda do título e até a expulsão dele da Igreja. A divulgação de notícias e de informações reservadas são consideradas um crime previsto na lei nº IX do Vaticano, de julho de 2013, que introduziu o art. 116 do Código Penal, com punição prevista de até oito anos de detenção.
A investigação sobre o caso iniciou em maio deste ano e foi começada após o jornalista Emiliano Fittipaldi publicar documentos referentes à Cosea no jornal "L'Espresso".
Posteriormente, esses documentos receberam respaldo e resultarão em dois livros sobre a Santa Sé que serão publicados no próximo dia 5 de novembro: "Avarizia", do próprio Fittipaldi, e "Via Crucis", de Gianluigi Nuzzi. Este último também foi o responsável pelo livro "Sua Santidade" – com as cartas fornecidas pelo mordomo Gabrielli no "primeiro caso" do "Vatileaks".
Ainda sobre as publicações, o Vaticano as considera como algo que "não corrobora para estabelecer a clareza e a verdade, mas para gerar confusão e interpretações parciais e tendenciosas". A entidade ainda afirmou que elas não ajudam a "missão do Papa".
Segundo fontes vaticanas, a divulgação desses documentos é considerada um duro golpe contra a série de reformas propostas por Bergoglio para a Igreja Católica.