Papa Francisco pede respeito à dignidade humana em visita à prisão
No último compromisso oficial na Bolívia, o papa Francisco visitou o mega presídio de Palmasola nesta sexta-feira (10) e pediu que a dignidade humana seja respeitada.
Lembrando a passagem bíblica da prisão de Pedro e de Paulo, Jorge Mario Bergoglio destacou que naquela ocasião "eles rezavam e outros rezavam por eles. Duas ações que juntas formaram uma rede que sustenta a vida e a esperança, que os preserva do desespero – o de vocês e o de seus familiares".
Ele convidou a todos que estavam no local a não renunciar "ao trabalho para a dignidade também no cárcere" e destacou a importância do "serviço público" na prisão, para "levantar e não derrubar, dar dignidade e não humilhar, de encorajar e não fazer sofrer".
O Pontífice ainda destacou que os presos não podem ser excluídos da vida em sociedade, ao dizer que "a reclusão não é a mesma coisa que a exclusão" porque ela "é parte do processo de reinserção social". De acordo com Bergoglio, todos estão sujeitos a cometer erros, mas devem ser amparados a se levantar.
O presídio de Palmasola abriga cerca de 5,5 mil pessoas e fica a 15 quilômetros de Santa Cruz, onde o líder dos católicos está hospedado. A instituição é conhecida por ser uma das mais violentas da Bolívia e é palco de constantes rebeliões.
O encontro com o Papa ocorreu na área externa do pavilhão masculino "PS4" que abriga 2,8 mil presidiários.
O sucessor de Bento XVI ouviu ainda o depoimento de três detentos que vivem no local. O primeiro foi um homem de 33 anos, filho de "uma família muito pobre, composta por 14 filhos". Na sequência, uma mulher também se manifestou e pediu que houvesse mais atenção aos problemas das detentas grávidas. A comoção da mulher foi tanta que ela não conseguiu terminar o discurso que escreveu para o Papa argentino.
Por último, um ex-estudante de engenharia se manifestou e disse que prossegue seus estudos no presídio "graças à Universidade Católica, que é a única que vem até aqui nas celas". Ele ainda pediu a intercessão do Pontífice "para ter uma verdadeira justiça", pois eles são comumente "negligenciados". "Eu mesmo não sei quanto tempo terei que ficar aqui", disse o homem.