Papa indica possíveis mudanças no Banco do Vaticano
O papa Francisco indicou pela primeira vez que pode fazer alterações no Banco do Vaticano como parte de uma ampla revisão da administração conturbada da Santa Sé.
Antes de Francisco ser eleito no mês passado, muitos dos cardeais que o escolheram expressaram preocupação sobre os danos causados à imagem da Igreja por três décadas de escândalos no banco, que os magistrados italianos estão agora investigando por lavagem de dinheiro.
Um relatório do ano passado pelo Moneyval, um organismo europeu de combate à lavagem de dinheiro, descobriu que o banco, oficialmente o Instituto para as Obras de Religião (IOR), não cumpriu algumas das suas normas no combate a crimes financeiros e pediu maior fiscalização.
Em um sermão improvisado em uma missa para funcionários do Vaticano, incluindo equipes do banco, o Papa disse que eles deveriam se concentrar na verdadeira missão da Igreja e que os departamentos do Vaticano são necessários "só até certo ponto".
"A Igreja não é uma ONG (organização não-governamental). É uma história de amor", afirmou ele, de acordo com uma transcrição publicada pela Rádio Vaticano. "Eu sei que as pessoas do IOR estão aqui, então me desculpe. Escritórios são necessários, mas são necessários somente até certo ponto."
Foi a primeira vez que Francisco, o ex-cardeal Jorge Bergoglio da Argentina, mencionou o Banco do Vaticano em público desde sua eleição. O relato do sermão no jornal do Vaticano,L'Osservatore Romano, omitiu a menção, no entanto. A imprensa italiana disse que isso era um sinal de conflito dentro do Vaticano sobre como lidar com o banco.
Fontes do Vaticano afirmaram que o Papa pode reestruturar o IOR e tem o poder de fechá-lo, se ele quiser. A imprensa italiana tem divulgado que o banco, que atualmente responde a uma comissão de cardeais e goza de grande autonomia, pode ser colocado sob o controle de outro departamento do Vaticano para permitir um controle mais rígido.
O Famiglia Cristiana, o principal semanário católico da Itália, pediu que os fundos no IOR, que administra o dinheiro principalmente para dioceses e instituições religiosas, sejam administrados por um "banco ético" independente, externo ao Vaticano.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que não estava ciente de qualquer mudança iminente que afetaria o banco.