Papa se “choca” com descoberta de vala comum em escola no Canadá
O papa Francisco afirmou ter ficado “chocado” com a descoberta de 215 restos mortais de crianças na Kamloops Indian Residential School, na província de Columbia Britânica, no Canadá. Segundo as informações da mídia local, tratam-se de crianças indígenas que eram obrigadas a ir para os internatos para uma “adaptação forçada” à vida canadense.
“Sigo com dor as notícias que chegam do Canadá sobre a comovente descoberta. Me uno aos bispos canadenses e a toda a Igreja Católica no Canadá. A triste descoberta acrescenta a consciência das dores e sofrimentos do passado. As autoridades políticas e religiosas devem continuar a colaborar com determinação para fazer luz sobre o triste caso e a se comprometer humildemente para trazer reconciliação e cura”, disse. Francisco ainda alertou que esses “momentos difíceis” mostram uma “forte chamada para todos nós, para nos afastarmos do modelo colonizador, e também das colonizações ideológicas de hoje, e caminhar lado a lado no diálogo, no respeito recíproco e no reconhecimento dos direitos e dos valores culturais de todos os filhos e filhas do Canadá”.
“Confiamos ao Senhor as almas de todas as crianças mortas nas escolas residenciais do Canadá e rezamos pelas famílias e pelas comunidades autóctones canadenses, que enfrentaram tanta dor”, finalizou.
A descoberta dos restos mortais, ocorrida na última semana, chocou o Canadá. A investigação preliminar, feita com equipamentos de alta tecnologia, revelou as ossadas de, ao menos, 215 crianças. Mas, acredita-se que a quantidade de mortes nessas instituições possa chegar às milhares.
O Canadá tinha mais de 130 internatos do tipo e que funcionaram entre os anos de 1874 e 1996. O objetivo era claro: forçar as crianças de tribos nativas a se incorporarem na sociedade canadense, fazendo com que elas abandonassem todas as suas tradições e línguas e passassem a se “comportar como canadenses”, falando inglês ou francês.
Apesar de ser uma política de Estado, cerca de 70% dessas instituições eram geridas em parceria com instituições católicas.
Um relatório de 2015 chamou essas instituições de praticantes de “genocídio cultural” e destacou que todos os que tiveram algum tipo de autoridade no período, seja governo nacional, local ou religioso, sabiam dos danos irreversíveis que essa política trazia.