Artigos/Curiosidades

QUE PENSAR DO MOTU PROPRIO DE FRANCISCO SOBRE A SIMPLIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE NULIDADE MATRIMONIAL?

Paramentos Litúrgicos

É certo que GRANDE PARTE DOS QUE CONTRAEM MATRIMÔNIO, FAZEM-NO SEM CONHECER DEVIDAMENTE O QUE ESTÃO REALIZANDO.

Entretanto, pergunta-se: a que se deve essa gravíssima lacuna?

PRECISAMENTE ao fato de que, depois do Vaticano II, O CLERO DEIXOU DE ENSINAR TODA A VERDADE A RESPEITO DO SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO, COMO, ALIÁS, TAMBÉM DE VÁRIOS OUTROS PONTOS DA FÉ E DA MORAL.

‘Foram difundidas verdadeiras heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões (…) [caminha-se para um] cristianismo sociológico, sem dogmas definidos e sem moral objetiva" (João Paulo II, L' Osservatore Romano, 7-2-81).

A fé se estabelecia sobre certezas. Abalando-as, semeou-se a perplexidade.

Esta, por sua vez, nutriu-se da ambiguidade, das contemporizações, das negações e dos subterfúgios, nos casos em que não houve manifesta distorção dos princípios basilares de nossa santa Religião.

Vejamos em que termos o Papa Bento XVI retrata, de forma bem sugestiva, essa ruína do ensinamento católico, após a hecatombe pós-conciliar: “OS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA FÉ, QUE NO PASSADO TODA CRIANÇA SABIA, SÃO CADA VEZ MENOS CONHECIDOS” (Alocução da quinta-feira santa, 5 de abril de 2012). Mais recentemente, o Cardeal Burke afirmou, em sentido análogo: “NÃO COMBATEMOS ADEQUADAMENTE OS ERROS MODERNOS, PORQUE NÃO NOS FOI ENSINADA A FÉ CATÓLICA (…). UMA FALÊNCIA DA CATEQUESE, OU SEJA, DA CATEQUESE (…) REALIZADA NOS ÚLTIMOS 50 ANOS” (http://www.ilfoglio.it/soloqui/19951; grifos nossos) [cumpre observar que a referência aos últimos cinquenta anos coincide exatamente com o período pós-conciliar].

O futuro Papa Bento XVI, que, em 1984, fez referência ao desastre do ensino catequético, reafirmou, em 2003, que nada mudara nesse ponto de importância capital (sem dúvida, capítulo decisivo do processo de “autodemolição” da Igreja, apontado em 1968 por Paulo VI).

Expondo a necessidade de ensinar [adequadamente] o catecismo, o então Cardeal Ratzinger reitera: “Embora sem intenção de condenar a ninguém, TORNA-SE PATENTE QUE A AUSÊNCIA DE CONHECIMENTOS EM MATÉRIA DE RELIGIÃO É HOJE UMA REALIDADE TREMENDA. BASTA FALAR COM AS NOVAS GERAÇÕES [PARA NOS DARMOS CONTA DISSO]. EVIDENTEMENTE, APÓS O CONCÍLIO NÃO CONSEGUIRAM TRANSMITIR CONCRETAMENTE O QUE ESTÁ CONTIDO NA FÉ CRISTÔ (Cfr. “La Razón”, edición del 28 de mayo del 2003. www.conoze.com/doc.php?doc=1806; grifos nossos).

Numa visão global sobre a devastação operada no período pós-conciliar, o mesmo Papa Bento XVI, quando ainda Cardeal Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, teve estas significativas palavras:

"Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, a começar do papa João XXIII e depois de Paulo VI […] Os Papas e os Padres conciliares esperavam uma nova unidade católica e, pelo contrário, se caminhou para uma dissensão que — para usar as palavras de Paulo VI — pareceu passar da autocrítica à autodemolição. ESPERAVA-SE UM NOVO ENTUSIASMO E, EM LUGAR DELE, ACABOU-SE COM DEMASIADA FREQUÊNCIA NO TÉDIO E NO DESÂNIMO. ESPERAVA-SE UM SALTO PARA A FRENTE E, EM VEZ DISSO, ENCONTRAMO-NOS ANTE UM PROCESSO DE DECADÊNCIA PROGRESSIVA”(Cfr. Vittorio Messori, “A coloquio con il cardinale Ratzinger, Rapporto sulla fede”, Edizioni Paoline, Milano, 1985, pp. 27-28; grifos nossos).

*** *** ***

O papel do católico militante

Perante esse quadro de formidável e insanável crise, o que fazer?

Diante disso, não pode o fiel calar-se, segundo ensina Dom Guéranger: "Quando o pastor se transforma em lobo, é ao rebanho que, em primeiro lugar, cabe defender-se. Normalmente, sem dúvida, a doutrina desce dos Bispos para o povo fiel, e os súditos, no domínio da Fé, não devem julgar seus chefes. Mas HÁ, NO TESOURO DA REVELAÇÃO, PONTOS ESSENCIAIS, QUE TODO CRISTÃO, EM VISTA DE SEU PRÓPRIO TÍTULO DE CRISTÃO, NECESSARIAMENTE CONHECE E OBRIGATORIAMENTE HÁ DE DEFENDER. O PRINCÍPIO NÃO MUDA, QUER SE TRATE DE CRENÇA OU PROCEDIMENTO, DE MORAL OU DE DOGMA. […]. OS VERDADEIROS FIÉIS SÃO OS HOMENS QUE EXTRAEM DE SEU BATISMO, EM TAIS CIRCUNSTÂNCIAS, A INSPIRAÇÃO DE UMA LINHA DE CONDUTA; NÃO OS PUSILÂNIMES" (12). (D. Prosper Guéranger, “L'année liturgique, Le temps de la Septuagésime, fête de Saint Cyrille d’Alexandrie”, p. 321; grifos nossos).

Ouçamos, neste particular, ainda uma vez, as esclarecedoras palavras do Papa Emérito, Bento XVI, quando ainda Cardeal: "A IGREJA PÓS-CONCILIAR TORNOU-SE UM GRANDE ESTALEIRO. MAS É UM ESTALEIRO DO QUAL SE PERDEU O PROJETO E TODOS CONTINUAM A CONSTRUIR SEGUNDO O SEU GOSTO”.(Card. Joseph RATZINGER, Rapportosulla Fede, Entrevistado por Vittorio Messori, EdizioniPaoline, Milão, 1985, pp. 27-28; destaques e negrito nossos).

A indagação é evidente: PODE HAVER CONFISSÃO DE MAIS ROTUNDO FRACASSO?

*** *** ***

O ‘estaleiro’ da Igreja pós-conciliar

Será essa a mais recente novidade do ‘estaleiro’ da Igreja pós-conciliar — ou seja, ‘facilitar’ a declaração de ‘nulidade matrimonial’?

Não há como, em sã consciência, escapar ao trágico paralelo: há cinco séculos, Lutero investiu contra erros e abusos existentes em profusão no Episcopado e na Cúria Romana. Alegava, então, o heresiarca que havia abusos na Igreja, sendo, pois, imprescindível suprimi-los. De fato, porém, o que fez Lutero?

Desferiu golpe contra a Igreja, atribuindo todo o mal à instituição do papado, contra a qual se rebelou. Os abusos não passaram de pretexto para a sua sedição monstruosa.

Nos dias atuais, como Francisco pretende sanar erros e abusos que desfiguram o matrimônio católico?

Removendo, em tese, óbices, delongas e etapas que dificultam o rápido reconhecimento de que, em muitos casos, não houve casamento. Em suma, supostos ou reais erros e abusos. Contudo, qual o clima reinante na Igreja atual?

DISSEMINA-SE O ERRO DE QUE A FÉ SE BASEIA EM UM SENTIMENTO INTERIOR. Era, por exemplo, o que já propugnava Maurice Blondel, filósofo "católico" que aderiu ao modernismo, heresia condenada por São Pio X, na Pascendi, no início do século 20.

SENDO ASSIM, AO INVÉS DA CATEQUESE TRADICIONAL, O QUE IMPORTA É ATENDER ÀS ASPIRAÇÕES PSICOLÓGICAS DO HOMEM MODERNO. De fato, quantos são hoje os que falam na vida sobrenatural ou na necessidade de mortificar as paixões? Pelo contrário, a ênfase é na felicidade já, aqui, e a todo preço. Os grandes doutores da Igreja — Santo Tomás, Santo Agostinho, São João da Cruz, Santa Teresa de Ávila, Santo Afonso de Ligório —, na mente de muitos católicos neomodernistas, foram substituídos por JUNG, FREUD, SCHELLER, HUSSERL (AUTORES NÃO CATÓLICOS E, EM GRANDE MEDIDA, MILITANTEMENTE ANTICATÓLICOS), ALÉM DE NOÇÕES CORRIQUEIRAS TIRADAS DO CAMPO DO MARKETING, OU DA PSICOLOGIA APLICADA, ETC… A ISSO MUITOS DENOMINAM ‘PISCOLOGISMO’.

Alguém, em sã consciência, pode ser levado a crer que muitos não entendam o Motu Proprio como um sinal verde para que o critério supracitado passe a servir, quase oficialmente, como baliza NO SENTIDO DE AFIRMAR QUE ESTES OU AQUELES, ‘NÃO GOZANDO DE CERTAS CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS’, TERIAM CONTRAÍDO NÚPCIAS ILEGITIMAMENTE?

‘A história é mestra da vida’

Aqui vai o paralelo: HÁ MUITO QUE RECEAR que, após algum tempo de aplicação do Motu Proprio do Papa Francisco sobre ‘nulidade matrimonial’, nos deparemos, em presença do matrimônio, com situação semelhante à do processo desencadeado por Lutero contra a Igreja, em consequência de sua insurreição.

Noutros termos, assim como Lutero ensejou a proliferação de seitas que se entrechocavam, também não é nada improvável que o que resta do matrimônio católico acabe em frangalhos, cada qual com sua ‘concepção’ particular de matrimônio.

Objetivamente falando, o resultado prático bem pode não ser muito diverso. Noutros termos, há certas iniciativas que, vendo o mal só pela rama, agravam-lhe a profundidade e extensão.

Lutero afirmava: há abusos sem fim na Cúria Romana — papas que causam indizíveis escândalos; péssimo comportamento de eclesiásticos muito bem colocados no Vaticano, e assim por diante.

O que fazer, diante disso?

Um Papa destemido

Ao ver que o edifício eclesiástico apresentava graves rachaduras, pura e simplesmente, Lutero resolveu lançar mão da picareta, em seu intento sacrílego de derrubar a construção divina…

Pouco tempo depois da revolta luterana, houve um Papa — Adriano VI – que, entretanto, declarou: (…) “não é de espantar que a enfermidade se tenha propagado da cabeça aos membros, DESDE O PAPA ATÉ AOS PRELADOS. NÓS TODOS, PRELADOS E ECLESIÁSTICOS, NOS AFASTAMOS DO CAMINHO RETO, E JÁ HÁ MUITO NÃO HÁ UM QUE PRATIQUE O BEM… (…) E ACONTECERÁ QUE, ASSIM COMO A ENFERMIDADE POR AQUI COMEÇOU, TAMBÉM POR AQUI COMECE A SAÚDE (…) NÃO TERÁ ESSA LIÇÃO SERVENTIA PARA OS NOSSOS TEMPOS?

Um documento memorável, nesse sentido, foi a instrução do Papa Adriano VI (1522-1523), lida pelo Núncio pontifício Francisco Chieregati aos Príncipes alemães reunidos em dieta, em Nuremberg, em 3 de janeiro de 1523.

Transcreve largos trechos desse documento o historiador austríaco Ludwig von Pastor, em sua obra célebre "Geschichte der papste" – História dos Papas (LUDOVICO PASTOR, Historia de los Papas, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, 1952, tomo IV, vol. IX, pp. 107 a 109 / Imprimase: El Vicario General José Palmarolla, por mandato de Su Señoria, L.c. Salvador Carreras, Pbro., Strio, Canc.)

Leiamos alguns trechos a seguir, para que se conheça melhor o contexto de tal terrível declaração: "Deves (dirige-se o Pontífice ao Núncio Chieregati) dizer também que RECONHECEMOS LIVREMENTE HAVER DEUS PERMITIDO ESTA PERSEGUIÇÃO À SUA IGREJA, POR CAUSA DOS PECADOS DOS HOMENS, E ESPECIALMENTE DOS SACERDOTES E PRELADOS, pois de certo não se encurtou a mão do Senhor para nos salvar; mas são nossos pecados que nos afastam dEle, de modo que não nos ouve as súplicas.

A SAGRADA ESCRITURA ANUNCIA CLARAMENTE QUE OS PECADOS DO POVO TÊM ORIGEM NOS PECADOS DOS SACERDOTES, E POR ISTO, COMO OBSERVA (SÃO JOÃO) CRISÓSTOMO, NOSSO DIVINO SALVADOR, QUANDO QUIS PURIFICAR A ENFERMA CIDADE DE JERUSALÉM, DIRIGIU-SE EM PRIMEIRO LUGAR AO TEMPLO, PARA REPREENDER ANTES DE TUDO OS PECADOS DOS SACERDOTES; E NISSO IMITOU O BOM MÉDICO, QUE CURA A DOENÇA EM SUA RAIZ. BEM SABEMOS QUE, MESMO NESTA SANTA SÉ, HA JÁ ALGUNS ANOS VEM OCORRENDO, MUITAS COISAS DIGNAS DE REPREENSÃO; ABUSOU-SE DAS COISAS ECLESIÁSTICAS, QUEBRANTAM-SE OS PRECEITOS, CHEGOU-SE A TUDO PERVERTER. ASSIM, NÃO É DE ESPANTAR QUE A ENFERMIDADE SE TENHA PROPAGADO DA CABEÇA AOS MEMBROS, DESDE O PAPA ATÉ AOS PRELADOS. NÓS TODOS, PRELADOS E ECLESIÁSTICOS, NOS AFASTAMOS DO CAMINHO RETO, E JÁ HÁ MUITO NÃO HÁ UM QUE PRATIQUE O BEM.

Por isso devemos todos glorificar a Deus e nos humilharmos em sua presença; que cada um de nós considere por que caiu, e se julgue a si mesmo, ao invés de esperar a justiça de Deus no dia de sua ira. Por isto (igualmente) deves tu prometer em nosso nome que estamos resolvidos a empregar toda a diligência a fim de que, em primeiro lugar, seja reformada a Corte romana, da qual talvez se tenham originado todos esses danos; E ACONTECERÁ QUE, ASSIM COMO A ENFERMIDADE POR AQUI COMEÇOU, TAMBÉM POR AQUI COMECE A SAÚDE. Nós nos consideramos tanto mais obrigados a levar isto a bom termo, quanto todo o mundo deseja semelhante reforma. Porém não procuramos nossa dignidade pontifícia (o Papado que Adriano VI exerce), e de mais bom grado teríamos terminado na solidão da vida privada nossos dias; de bom grado teríamos recusado a tiara, e só o temor de Deus, a legitimidade da eleição e o perigo de um cisma nos determinaram a aceitar o supremo munus pastoral. Em consequência, queremos exercê-lo não por ambição de mando, nem para enriquecer nossos parentes, mas para restituir à Santa Igreja, Esposa de Deus, sua antiga formosura, prestar auxilio aos oprimidos, elevar os varões sábios e virtuosos, e genericamente fazer tudo o que compete a um bom pastor e verdadeiro sucessor de São Pedro (…)”.

*** *** ***

O divórcio ‘católico’

Aqui está bem expresso o papel precípuo de um Pontífice: é o de CONSTRUIR, EDIFICAR, SANAR O MAL PELA RAIZ, EM CONTINUIDADE COM O QUE VEM SENDO FEITO HÁ DOIS MIL ANOS.

Ora, está em que condições a família, nos dias atuais?

Praticamente exangue. Não será, pois, com ‘simplificações’ e nebulosas casuísticas que o vínculo matrimonial sairá reforçado de toda essa refrega. As rachaduras nessa sagrada instituição são por demais visíveis para que não se tema que uma machadada afoita ponha abaixo o que ainda resta da fidelidade conjugal em âmbitos católicos.

Ou, por acaso, HAVERÁ ALGUÉM TÃO INGÊNUO E SIMPLÓRIO QUE NÃO SEJA CAPAZ DE DISCERNIR QUE, soltando-se ainda mais as amarras dos (já tão frouxos) liames matrimoniais — mediante uma PERIGOSA 'simplificação' e 'aceleração' dos processos —, TAL INCOMPREENSÍVEL AÇODAMENTO SÓ TENDERÁ A FAVORECER A PROLIFERAÇÃO AD INFINITUM DE CONTROVERSAS ‘DECLARAÇÕES DE NULIDADE’?

Com efeito, embora tanto João Paulo II como Bento XVI, em seus discursos à Rota Romana (1987 e 2009, respectivamente, Discurso de João Paulo II à Rota Romana em 1987 (em italiano)
http://www.vatican.va/…/hf_jp-ii_spe_19870205_roman-rota_it…

Discurso de Bento XVI à Rota Romana em 2009

http://www.vatican.va/…/hf_ben-xvi_spe_20090129_rota-romana…) ), tenham advertido contra A TENTAÇÃO DE CONSIDERAR COMO IMPEDIMENTO (PORTANTO, COMO CASOS PASSÍVEIS DE ‘DECLARAÇÃO DE NULIDADE’) QUALQUER DIFICULDADE DE CUNHO PSICOLÓGICO (O QUE LEVARIA A CONSIDERAR NULO PRATICAMENTE TODO CASAMENTO), ninguém ousaria negar a existência de uma forte tendência nesse sentido. Não raro, sobretudo nos EUA, propaga-se ser essa uma variante do que se entende por divórcio, isto é, uma espécie de divórcio ‘católico’!

Numa palavra, por via dos fatos, deslizando-se, precipício abaixo, chega-se a aprovar aquilo que, de si, é moralmente inaceitável.

*** *** ***

A ‘fumaça’ de Satanás, que asfixia…

Há mais de quatro décadas, o Papa Paulo VI advertiu que a fumaça de Satanás penetrara na Igreja (Cfr. Alocução Resistite fortes in fide, 29 de junho de 1972, in Insegnamenti di Paolo VI, Poliglotta Vaticana, vol. 10, pp. 707-709). Disse também que a Igreja estava passando por um misterioso processo de autodemolição (Cfr. Alocução aos estudantes do Pontifício Seminário Lombardo, de 7 de dezembro de 1968, in Insegnamenti di Paolo VI, vol. 6, p. 1188).

Essa fumaça de Satanás também espalhou o relativismo intelectual e moral por toda a Igreja, com reflexos em toda a sociedade. Aliás, até hoje, alguém fez um esforço de análise sério, vigoroso, decisivo, meticuloso, para nos livrar da asfixia dessa fumaça satânica e dos abalos sísmicos no sacrossanto edifício da Igreja?

Eis o fundo de quadro que deve nortear todo e qualquer esforço para o reerguimento de nossa vida religiosa e moral. A fortiori, do matrimônio monogâmico e indissolúvel, que estertora.

A única ‘reforma’ cabível: ensinar a verdade inteira

Não cabe alegar, como escusa: o povo está mal informado ou mal preparado acerca do matrimônio. Logo, as recentes medidas do papa Francisco se fazem necessárias como um mal menor.

NESTE PARTICULAR, SENDO REFERIDA IGNORÂNCIA O GRANDE MAL A SER COMBATIDO — e isso é inconteste —, debele-se a causa: QUE SEJA RESTABELECIDO POR INTEIRO O ENSINAMENTO CATÓLICO SOBRE O MATRIMÔNIO, DE TODAS AS CÁTEDRAS, DE TODOS OS PÚLPITOS, EM TODOS OS LIVROS, POR TODOS OS MEIOS CABÍVEIS.

Com efeito, a missão do Clero — ensina São Pio X — é governar, ensinar e santificar. Dado que o povo fiel não vem recebendo o pão da verdade, de quem a responsabilidade maior?

AS PALAVRAS DE BENTO XVI FALAM POR SI.

O mal campeia desde cima, a começar pelos Papas, passando por todos os graus intermediários da Hierarquia, até as últimas ramificações.

Só por aí faz sentido começar a retificação dos desastrados rumos.

*** *** ***

Daqui, todavia, provém uma palavra de alento: trata-se de algo que NUNCA NOS DEMOVERÁ DA CERTEZA DA VITÓRIA.
Por maiores que sejam as crises com que se defronte a Igreja, é preciso perseverar na Fé, crendo firmemente na PROMESSA DE NOSSO SENHOR, DE QUE AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA A IGREJA: “ET PORTAE INFERI NON PRAEVALEBUNT ADVERSUS EAM” (MT 18, 16).

POR RAPHAEL DE LA TRINITÉ

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo